Game of Thrones - Stormborn (T07 E02)

Contém profundos spoilers, não prossiga a menos que tenha visto ou não se importe. Daqui para frente, leia por sua conta e risco.


Desde 2012 assisto Game of Thrones ao lado de meu criador. Naquele fatídico ano, ele me apresentou aos livros, sendo que não só o alcancei, como terminei a Dança dos Dragões antes dele. Desde então as crônicas do gelo e fogo são uma espécie de ritual que compartilhamos todo ano, por 10 semanas outrora e agora por 7.

Meu pai, entretanto, tem a estranha e particular habilidade de dormir em tudo. Não importa se é jogo do Fluminense, filme de ação permeado por tiro, porrada e bomba ou o próprio apocalipse com as criaturas de Baphomet espirrando em seu cangote, baba continua a escorrer pela barba. Assim, meço a qualidade dos episódios da série inspirada na obra de George R.R Martin, pelas pálpebras sonâmbulas e dominicais dessa estranha forma de vida que chamo de pai.

Hoje, para felicidade geral de todos aqueles que ligam suas televisões na expectativa de mamilos, incesto, dragões, bastardos bobões, gordinhos sagazes e acima de tudo White fucking Walkers, as pupilas do meu criador ficaram pregadas na superfície quentinha da TV.

Para começar tivemos Daenerys chegando pistola, parecia estar naqueles dias. Enfezada com o clima, com a vista e tudo o mais em Pedra do Dragão. Para piorar, resolveu demandar explicações do taciturno e genial Varys, que não deixou por menos e fez a rainha de porra nenhuma abaixar a bolinha, com um incrível discurso de homem do povo. Cada vez mais se pode observar na khaleesi um comportamento profundamente instável, insegurança a todo momento. Não se pode esquecer os genes Targaryen cheios de incesto, será que ela honrará o nome de seu pai, o rei louco?

No mesmo núcleo, Melisandre bate na porta, tal qual uma santa do pau oco, e parece ter encontrado na filha da tormenta uma nova figura messiânica capaz de dar vida às profecias das chamas.  Todavia a sacerdotisa vermelha não esqueceu o bastardo das neves, e clama para que a mãe dos dragões chame por ele.  Até quando Mellisandre vai continuar na série?  Tinha certeza que o arco dela já estava terminado, deixar ela servindo de ponte aos dois personagens mais ignóbeis e insuportáveis desde o começo da série ninguém, até os mais árduos e intempestivos fãs do bom caráter, vai aguentar o casal “biotônico fofura, mato White Walkers e espalho justiça”, casal que seria incestuoso inclusive. Esperemos que Daenerys se converta em rainha louca e transforme seu sobrinho em cinzas.

Se Daenerys ainda se deixa levar pelos embalos do deus do fogo, Cersei está com sangue nos olhos, reunindo condes, duques, senhores e o que mais der. Ela se prepara para guerra total, inclusive adquirindo uma balista para abater os dragões. Será que vai dar ruim para a Khaleesi? Pelo menos por enquanto Cersei está muito mais imbuída em manter seu trono do que a de cabelos prateados está em conquistá-lo.  Nota triste desse núcleo é o cada dia mais capacho Jaime Lannister. Personagem que cresceu tanto sobretudo na terceira temporada, está mais na sombra de sua irmã/amante do que nunca. Ao que tudo indica, ele fechou os olhos para a devastação por ela provocada no Septo de Balor, utilizando até mesmo o fogo vivo, pelo qual ele cometeu regicídio para que o rei louco não espalhasse brasas verdes por tudo. Hipocrisia?  Amor? Bom coração perdoa tudo?  Fato é que Jaime está cada vez mais eclipsado.

Enquanto tudo se confunde e se funde nesses prenúncios de guerra, Sam Tarly, o gordinho mais sagaz dos 7 reinos, parece viver uma série a parte. Numa das melhores cenas do episódio ele empreende uma minuciosa operação em Jorah (o moço da friendzone) para retirar a escamagris de sua pele Mormont. Ao que parece, apesar do gritos e nojeira, o fiel defensor de Daenerys vai estar logo em serviço. No que ele pode servir? Já tem tanta gente rodeando a descendente de Valíria. Seria mais um conselheiro? Meu palpite é que a cura precede uma morte com viés épico ainda nessa temporada.

Por falar em situações particulares e alheias ao clima de apocalipse cada vez mais dono de Game of Thrones, o que foi o amorzinho gostoso e imaculado de Verme Cinzento e Missandei? Numa das cenas mais melas cuecas da temporada, ambos consumaram esse amor puro e casto, sabe-se lá como. Ah os malabarismos dos dedos e línguas. Verme Cinzento é um que se pode cravar o cessar de viver. Já dei o que tinha que dar e até mais.

Arya Stark mudou de rumos. Reencontrando o simpático Torta Quente, soube da retomada de Winterfell por sua família e as chamas de um reencontro Stark atiçaram a menina sem rosto, que posterga as ambições de ceifar a vida de Cersei e vai em busca do tempo perdido e do abraço maroto da família. Não sem antes proporcionar um fan service curioso num reencontro com sua loba gigante, Nymeria, a que fugiu ainda na primeira temporada. Enquanto eu me deliciava com as previsões de Arya chacinando geral com sua loba, esta não quis nem saber de norte ou de Arya e se mandou com a alcateia. Fica a dúvida de quem vai terminar com a vida de Cersei agora que Arya desistiu da corrida. Jaime ou Tyrion? Coloco minhas fichas no anão, mas espero que o gêmeo da rainha saia do capachismo e cometa mais um regícidio. A reunião Stark promete, como vai ser a relação Sansa-Arya, antes tão conturbada? Creio que Mindinho vai jogar fogo na palha.

O lorde Arryn por sua vez continua causando altas confusões no reino do bastardo dos gelos, que atende o chamado de Daenerys e parte rumo a Pedra do dragão em nome de sua luta sagrada contra os White Walkers, vidro de dragão, abundante na ilha de Aegon, é uma das poucas coisas que pode parar os heroicos caminhantes do inverno.  Sansa vai cuidar melhor do Norte do que o rei bobão, coxinha e de uma ingenuidade só comparável aos de seu tio-pai, Ned Stark e seu primo-irmão Robb. Terá ele o mesmo fim desses Stark? Torço veemente para que sim, é chegada a hora das mulheres mandarem em Winterfell.

Se o bastardo das neves vem, os Greyjoy e os dorneses deixam Pedra do Dragão para cumprir o plano do estrategista com nanismo, Tyrion. Num momento de intimidade no navio, onde tudo indicava uma cena de rala e rola, sem rola, mas com tesoura entre Yara e Ellaria Sand, eis que o clímax do episódio chega. Euron Greyjoy, o pirata hipster Rockstar, chega com sua frota de navios tirados do vácuo e com um machado bolado sai fazendo sangrar por todo lado. Espalhando carnificina, arruma os presentes de Cersei: Yara e Ellaria. Será que a rainha que só traja negro vai curtir o mimo? E o Theon que demostrou tanta fraqueza, desistindo de lutar e se entregando as águas, o que será dele? Se voltar para Pedra do Dragão, vai reencontrar o bocó do Jon Snow e aí a chapa vai ferver.

Num episódio com cenas interessantes, especialmente as de Sam, Game of Thrones começa a indicar que, assim como o inverno, a guerra total chegou e todos vão mergulhar profundamente nela. Quem vai se afogar somos nós.

“We do not sow” 

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