Emoji: O Filme (The Emoji Movie)
Emojis são uma marca da comunicação contemporânea. Aquelas carinhas e figuras que enchem as mensagens que você recebe no celular (principalmente quando a sua mãe descobre a presença deles e passa a usar sem nenhum critério) são vistas por muitos estudiosos como ícones (com trocadilho, please) do nosso mundo. Por um lado, representariam uma vontade de adicionar mais calor humano à fria linguagem de uma gente que já não se toca. Por outro, sintetizam a incapacidade pós-moderna de estabelecer um diálogo inteligente, consistente e denso. Emoji: O Filme absorve completamente para si esta última leitura.
Na cidade de Textópolis, cada emoji vive sua vidinha com a única expressão que os desenvolvedores lhe deram. Esperam felizes o momento em que são escolhidos pelos donos dos celulares para se exibirem nas mensagens. Gene (voz do comediante T.J. Miller) é um jovem emoji que sofre de um sério problema naquela sociedade: vítima de um bug, ele é “multifacial”, incapaz de ficar congelado na carinha da família. No caso, o Meh! No caso, MEH é muito apropriado para o filme. Para não ser deletado (e de quebra, salvar todo mundo), ele embarcará em uma jornada de aventuras por aplicativos. Meh.
Tudo dá errado nesta animação, que em muitas matérias tem sido vendida como uma das produções mais rapidamente feitas. Nota-se. É uma sucessão de clichês, diálogos da profundidade de pires, tentativas de piadas que não conseguem arrancar nem mesmo um risinho de nojo da plateia. Senhores, bem-vindos a uma das piores animações da História.
O desastre começa na absoluta falta de originalidade. Se a ideia principal soa nova, o produto entregue é um pastiche malfeito de todas as animações que deram certo nos últimos tempos. A começar pela cópia descarada que tentam fazer de Divertidamente, quer seja pelo visual e pela dinâmica de trabalho dos emojis na sala de controle, quer seja pela mensagem “seja você mesmo e seja feliz com os outros” . No mais, nada é único no filme.
O roteiro preguiçosíssimo nem se dá ao trabalho de tentar imprimir ar novo à “trajetória” do herói. Se La Fontaine o tivesse escrito, o resultado soaria mais 2017 do que isso. As personagens não causam a menor empatia, os diálogos não funcionam. Esse roteiro deveria ser castigo obrigatório para todos os amigos que mandam solicitações de jogos no Facebook. Taí um bom uso para o filme: ser usado como punição para todos que cometem gafes virtuais.
Por fim, a grande falha – sé é possível encontrar A Grande nessa sopa de desgraças – está na absoluta falta de foco e pertinência da produção. Em seus 86 longos minutos de tortura, digo, duração não se fica claro em nenhum momento a quem seus produtores queriam alcançar. Não é divertido para crianças, não é pertinente para adultos e suspeito até que o meu cachorro se entediaria. E olha que o Tequila se diverte até com cascas de ovo.
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