Game of Thrones - Eastwatch (T07 E05)

Mesma coisa de sempre. Spoilers brutais do 5º episódio da 7ª temporada de Game of Thrones seguem abaixo, então leiam por sua própria conta e risco.


O episódio anterior, apesar de ter sido o melhor da temporada até então e assim permanecer, me incomodou por alguns motivos detalhados na resenha passada (que você pode conferir aqui). Um deles era o fato de Jaime (Nikolaj Coster-Waldauter caído do cavalo na beirada de um rio e ter afundado como se estivesse na Fossa das Marianas e não em um lugar com a profundidade da Lagoa de Iguabinha. Descobrimos logo de cara que quem o salvou foi, como esperado, Bronn (Jerome Flynn). O que não esperávamos é que Bronn fosse uma espécie de Aquaman de armadura, pois ele aparentemente conseguiu levar Jaime, que também estava de armadura, de uma margem do rio até a outra que parecia estar a um bom quilômetro de distância. Tudo isso debaixo d’água e sem ser percebido nem por Daenerys (Emilia Clarke), cuja vida esteve ameaçada segundos antes, nem pelo dragão e nem pela horda Dothraki. Ora, se um malandro atenta contra a vida da minha rainha ou da minha mãe, eu fico olhando para ver quando que ele vai imergir da água e cuspo fogo ou flecha nele assim que a cabeçota aparecer pra fora da água.

Bronn ainda tem tempo de fazer todo um discurso de como que só ele pode matar Jaime, já que ele precisa do ex-Príncipe Encantado de Shrek para conseguir todas as riquezas e títulos que ele ambiciona ter.

Este – apesar de ter sido o momento em que percebemos que o filho da puta preferido de todo mundo e o homem que se tornou o garoto propaganda internacional do incesto viveram – foi o ponto baixo desse episódio. Muito embora não tenhamos tido nenhum momento realmente espetacular como no episódio passado, Eastwatch serviu para adiantar bastante a história e nos apresentar algumas cenas que desenvolveram e estabeleceram os personagens e suas posições na trama, além de levar-nos de volta a episódios ainda da primeira temporada.

Logo na cena seguinte somos apresentados a um campo de batalha que parece uma cena retirada diretamente de Pompéia tamanha a devastação trazida pelas chamas de Drogon. Dany “Tsé-Tung” Targaryen coloca suas manguinhas de fora e se mostra magnânima. Ela dá aos guerreiros vencidos em batalha uma opção muito simples. Ou eles se submetem (o famoso “bend the knee” que já se tornou o “Ahh, coitado” da Khaleesi) a seu jugo ou morrem. A família Tarly – aqui representada por Randyll (James Faulkner) e seu filho Dickon (Tom Hopper) – se mostra xenofóbica demais para se ajoelhar e acaba torrada inclementemente. Tyrion (Peter Dinklage) faz aquela cara de quem não curtiu, mas nada diz. Mais e mais o fantasma do Rei Louco, pai de Dany, paira sob a cabeça da querida.

Jaime chega a Porto Real ainda cheio de fuligem (embora ele tivesse passado sei lá quanto tempo debaixo d’água) e vai diretamente reportar a Cersei (Lena Headeyo que ocorreu na batalha. O cagaço de Jaime é real e palatável, mas Cersei, no alto daquela onda eterna de cana na qual ela está desde que começou a série, acha que não rolou nada de mais e que basta contratar uns jagunço aí que vai ficar tudo certo. Jaime ainda revela à irmã/contatinho que quem matou o insuportável Joffrey fora Olenna (Diana Rigg) e não Tyrion. Isso parece arrefecer um pouco na rainha o seu ódio pelo irmão anão.

Em Pedra do Dragão, Jon (Kit Haringtonobserva maravilhado Dany taxiar Drogon e pousar a poucos metros de si. Aqui temos mais uma dica de que Jon é um Targaryen com o dragão abaixando a cabecinha e se deixando carinhar pela mão imunda do Rei no Norte, tudo enquanto a dragoa observa e percebe que há algo de especial no rapaz. Enquanto eles conversam e Jon inexplicavelmente continua omitindo que é a alegoria de Jesus Cristo que toda boa obra de fantasia obrigatoriamente precisa ter, Jorah (Iain Glen) chega com tudo disposto a retomar seu posto de lorde da friendzone.

Ooooooiiii!

Felizmente, desta vez Bran “chato pra caralho” Stark (Isaac Hempstead Wright) mal abre a boca e, em uma cena muito bem feita, se limita a usar suas habilidades de warg para revelar que o Rei da Night (que nos anos 90 todo mundo sabia que era o Romário) está marchando em direção a Atalaialeste com seu exército de zumbis. Imediatamente ele manda o meistre genérico do momento avisar todo mundo, ao que geral caga solenemente.

Os arqui-meistres da Cidadela, contudo, nem tanto. Sam (John Bradley), que agora é o Senhor da casa Tarly e está pagando de estagiário ao passar um cafezinho pra galera na reunião do conselho, entreouve os senhores falando sobre a mensagem que receberam de Winterfell na qual há o relato que um cadeirante entrou dentro de um corvo, conseguiu voar por sobre uma muralha de gelo de 200 metros de atura e espiar um exército de zumbis liderados por um sujeito de alcunha Rei das Nights. Não é de se espantar que haja uma certa incredulidade nisso, mas Sam aproveita a situação para brilhar ao argumentar pela veracidade da história e dizer que conhece Bran. Os meistres, razoavelmente, prometem investigar a fundo a situação, o que não deve demorar muito tempo considerando que esses corvos são rapidíssimos e jamais se perdem no meio do caminho.

De volta à Pedra do Dragão, as notícias de Winterfell também chegam e, depois de muito confabular, Tyrion consegue convencer Dany, que agora já parece estar mais afável e menos cética quanto a Jon Snow, a oferecer um armistício a Cersei. O plano é que Jon capture um membro do exército zumbi (não ficou claro se um white walker ou um morto-vivo mesmo) e apresente como prova, o que então faria cessar a guerra pelo trono de ferro e concentraria o poder de todos contra Renight.

“Eu quero atacar Dudinka!”

Tyrion e Davos (Liam Cunningham) vão a Porto Real para que o anão tente ver Jaime e, por intermédio dele, oferecer a trégua a Cersei. Este encontro, que não ocorria desde quando Jaime havia libertado Tyrion sei lá quantas temporadas atrás, acabou levando a uma DR um tanto inusitada. Jaime, o rapaz que se deita com a própria irmã, está bolado com Tyrion porque ele matou papai. Tyrion, o inveterado anão putanheiro e alcoólatra, está bolado com Jaime porque ele não entende que matar papai (e sua puta) era necessário. Nelson Rodrigues não faria melhor.

Davos aproveita a ida a Porto Real e mais uma vez somos levados ao passado. Desde a 3ª temporada que não víamos Gendry (Joe Dempsie). Para quem não se lembra (e imagino que seja gente à beça) Gendry era um aprendiz de ferreiro que descobrimos ser o filho bastardo de Robert Baratheon (pai de Joffrey, corno de Cersei, etc.) e que foi passando de mão em mão até a 3ª temporada, quando Melisandre queria sacrificá-lo para fazer mais uma daquelas magias malucas, já que Gendry teria sangue real. Davos o salvou e agora veio pegá-lo de volta de modo a protegê-lo de alguma forma. Aqui jaz o maior fan service para os fãs do livro da temporada, já que, antes de ir embora, o agora ferreiro pega um martelo de guerra gigante, uma arma inusitada, mas com a qual seu pai, Robert, era uma lenda.

Após Davos apresentar o viagra westerosi e provavelmente fazer boa parte da humanidade correr às peixarias amanhã em busca de carne de siri, Gendry tem a oportunidade de usar seu martelo violentamente contra dois guardas que reconhecem Tyrion. Para um cara tão inteligente, Tyrion foi um tanto imbecil ao sair por aí de cara limpa, sem nem colocar um gorrinho ou uns óculos escuros. Você é anão, porra! Evidente que seria reconhecido em algum momento.

Logo depois, descobrimos que Cersei está grávida, que está pouco se fodendo para a opinião do mundo e que vai anunciar que quem a galou foi Jaime mesmo. “Um leão não se preocupa com as opiniões de ovelhas”, ela exclama, o que é basicamente um “eu sou rycaaaaaaaaa!!!”. Jaime lhe conta sobre os termos da paz oferecida e Cersei se interessa, entendendo que poderá usar isso a seu favor quando a hora chegar, já se mostrando bem menos irascível no que se refere a Tyrion depois de ter descoberto que não foi ele quem matou Joffrey. Resta-nos agora acompanhar o instagram da gestante e tentar entender como funciona o pré-natal desse povo, já que estamos falando aqui de uma senhora de seus 40 e poucos anos em uma época em que papai morrer cagando não acontecia por causa de AVC.

Lannister, Cersei.

Voltando à Cidadela, Sam, criado no leite com pera e incapaz de entender que ele precisa primeiro passar na OAB para deixar de ser estagiário, dá um piti de perereca e resolve ir embora, não sem antes fazer um ganho bonito na biblioteca da cidadela, onde curiosamente todos os livros que ele precisa estão ao seu fácil alcance e não há necessidade de ele consultar um sistema para achá-los. Esse animal, tão inteligente, deixa passar A INFORMAÇÃO MAIS IMPORTANTE DO EPISÓDIO e que, caso vocês também tenham deixado passar, será um semi-spoiler. Gilly (Hannah Murray) – a irmã/mãe solteira-ranca-cabaço-que-ensinou-a-Sam-o-que-é-o-amor – está aprendendo a ler e, tal qual uma criança de 5 anos, lê em voz alta tudo que consegue identificar. Nessa ela acaba sendo o gatilho do piti de Sam e revela que há um registro de que Rhaegar Targaryen, filho do Rei Louco e irmão de Daenerys que havia sido morto por Robert Baratheon em batalha, teria anulado seu casamento e celebrado um novo. 

O que isso quer dizer é que provavelmente ele, galudão por Lyanna Stark, deu uma de Henrique VIII, anulou seu casamento e casou com Lyanna em segredo, mas de forma registrada. Desta maneira, Jon Snow, que já sabemos não ser filho de Ned Stark, seria o herdeiro legítimo da dinastia Targaryen, sobrinho de Dany e mais legítimo do que ela enquanto monarca.

15 mil e quantas cagadas, amor?

Jon, entretanto, só quer saber de sair por aí na neve entrando na porrada com seus colegas zumbis. Por causa disso ele vai direto para Atalaialeste e, em uma cena que desenvolve muito bem o tesão de Tormund (Kristofer Hivju) em Brienne (Gwendoline Christie) e o quanto o Cão está nem aí para o tal Senhor da Luz, forma uma espécie de sociedade do anel para ir além da muralha capturar alguém do exército do Rei da Noite.

Tivemos ainda Arya e Sansa trocando porradas verbais e, conforme eu havia previsto na resenha passada, Mindinho tentando tirar vantagem disso. Ele fica sabendo que as duas brigaram e se apropria de uma mensagem que não sabemos muito bem do que se trata.

“Robb, escrevo com o coração pesado. Nosso bom rei Robert está morto, por conta das feridas de uma caçada de javalis. Nosso pai foi acusado de traição. Ele conspirou com os irmãos de Robert contra meu amado Joffrey e tentou roubar seu trono. Os Lannisters estão me tratando muito bem e me dando todo o conforto. Eu te imploro: venha para Porto Real, jure lealdade a Joffrey e evite qualquer conflito entre as grandes casas Lannister e Stark.”

Eu, contudo, sou um imbecil e sei. Mais uma vez, os roteiristas nos levam para a 1ª temporada. Na expectativa de conseguir salvar a vida do pai ainda antes de ele ser decapitado, Sansa foi convencida a escrever uma mensagem para seu irmão Robb falando da suposta traição de seu pai e o instigando a ir a Porto Real. Mindinho se apropria da única cópia desta mensagem e, em uma jogada de mestre, faz com que Arya descubra a carta em seu quarto. Tudo feito de forma a fazer com que Arya pense que ela está um passo a frente dele, quando a série nos deixa claro que não é o caso.

Conforme ficou claro no teaser do próximo episódio que foi ao ar logo depois de terminado este, FALTAM SÓ DOIS EPISÓDIOS para acabar esta temporada. O próximo focará fortemente na sociedade do zumbi indo além da muralha, de modo que toda a emoção, violência e, torçamos, peitos que faltaram nesse episódio serão fartamente mostrados. Mais uma vez, um episódio muito bom, ainda que sem cenas espetaculosas como o anterior.

Ours is the Fury.

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