Nostalgia: Os Garotos Perdidos (The Lost Boys)

Há três décadas, quando o pequeno Fields tinha apenas 5 aninhos, um filme sobre vampiros como outro qualquer estreou nos cinemas. Não é o mais bem atuado, nem sua história é envolvente, tampouco é um bom filme. Para piorar, 2 anos antes, “A Hora do Espanto” marcou uma geração ao explorar a temática vampiresca de forma mais assustadora e competente. No entanto, Os Garotos Perdidos tem um grande diferencial… passava na Sessão da Tarde na Globo.

O longa conta a história de uma família que, após o divórcio dos pais, se muda para a fictícia cidade californiana de Santa Carla. A família – composta pela mãe Lucy (Dianne Wiest), que era “mãe” adotiva do Edward Mãos-de-Tesoura, e seus 2 filhos, Sam (Corey Haim) e Michael (Jason Patric), que atuou em um dos meus filmes favoritos sobre vingança, “Sleepers – A Vingança Adormecida” – se muda para a casa do excêntrico avô materno.

Uma vez acomodados nessa pequena e tenebrosa cidade, Sam e Michael saem para curtir a noite e acabam se envolvendo com grupos antagônicos. Michael, o mais velho, começa a acompanhar a turminha descolada pedaço. Todos no mais puro estilo Glam, com seus cabelos armados com muito laquê e jaquetas de couro ou roupas chamativas com cores berrantes, total anos 80. Caso isso não tenha te convencido o quanto esse filme é anos 80, basta ver quem faz parte da trupe. Temos David (Kiefer Sutherland) e Marko (Alex Winter), respectivamente o agente Jack Bauer e Bill, da franquia “Bill e Ted”.

Bela banda.

Sam, por sua vez, se envolve com os irmãos “caçadores de vampiros” da cidade. Sendo um deles o nosso saudoso Bocão dos “Goonies”, Corey Feldman. A partir daí começa o drama que lembra muito a novela Vamp. Irmão mais velho vira vampiro, mas não quer ser uma criatura do mal, então tenta matar o vampiro chefe com a ajuda do irmão mais novo e seus amigos para voltar a ser humano, já que, reza a lenda, o sujeito que foi transformado em vampiro deixa de ser se o vampiro que o transformou morrer.

Como já dito, o longa incorpora totalmente os anos 80. Nessa década, a primeira geração de jovens que nasceu após a Guerra do Vietnã chega à adolescência, numa América que estava sendo despedaçada internamente com as políticas de Ronald Reagan, com a classe trabalhadora perdendo empregos e os seus filhos caindo no mundo das drogas e violência. Essa falta de objetividade e esperança no futuro é muito bem retratada na atitude desses garotos… perdidos.

A forma como os vampiros são trabalhados incomoda um tanto. O filme não sabe muito bem onde se apoia. Em momentos eles são retratados como uma força da natureza, sem estarem ligados às superstições como serem vulneráveis a cruzes e alho. Em outros momentos eles são um manual ambulante de como combater vampiros, com estacas de madeira e água benta sendo muito eficazes.

Só faltou o Sloth.

Joel Schumacher dirigiu 2 filmes que eu adoro, “8mm – Oito Milímetros” e “Por um Fio”, após afundar o barco dos filmes de super-heróis com Batman e Robin em 1997. Dez anos antes desse fiasco, ele dirigiu o filme homenageado hoje, Os Garotos Perdidos. Joel recorreu à todas referências possíveis aos anos 80 e à mitologia dos vampiros, o que tornou o filme muito caricato. Vale ressaltar que, embora o longa não tenha ido mal nas bilheterias, Joel tinha planos de continuar a franquia com o título “The Lost Girls” (As Garotas Perdidas), mas os executivos mataram a ideia. Vamos esperar que continue assim por muito tempo.

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