Crítica: A Babá (The Babysitter)
Sabe os filmes de Edgar Wright, cujos elementos parecem de videoclipe com aquele tom de humor sempre presente, aprofundando-se nos exageros que esse gênero comporta, mas sem deixar de lado o romance e a polidez de seus protagonistas? Aquela estética colorida, com letreiros que apresentam a história, além de uma seleção de personagens um tanto quanto excêntricos? É claro que essas características são não exclusivas de Wright, nem tampouco foram iniciadas por ele; mas como o rapaz está em mais destaque hoje em dia, uso-o para te deixar à par do que é o mais novo filme da Netflix, lançado nesta sexta-feira 13: A Babá. Ahh, sim; o filme não é dele, mas parece muito beber na sua fonte.
Cole (bem atuado por Judah Lewis) é um daqueles nerds virjões (não daqueles que parecem filhotes do Nosferatu do Murnau, mas de um tipo que faz tudo o que os pais querem e só pensam nos estudos) que sofre bullying dos colegas de escola (representados neste filme por três gordinhos com cara de babaca – uma inovação, já que os gordinhos são alvo de bullying). Ele é muito amigo de uma adorável menina, Melanie (deliciosamente interpretada por Emily Alyn Lind), e de sua babá Bee (Samara Weaving), que defende o guri em um dos diversos episódios de judaria dos gordinhos popular-wanna-be.
Bee é daquelas meninas tipicamente icônicas da cultura americana: alta, loira, olhos azuis e bem gostosa. Aparentemente, quebrando mais uma vez o curso lógico da vida real, ela parece ser muito próxima dos nerds virjões. O resultado disso, certamente, é uma paixão platônica de Cole por ela. Era evidente que algo estava muito errado em relação a isso e tudo se torna claro quando ela se revela uma outra coisa completamente diferente. Calma, antes de você xingar o amigo por um spoiler, o que você efetivamente estava esperando de um filme de terror/comédia que se chama A Babá? É óbvio que dela viria algo meio bizarro, né?
Em uma noite comum, devido a uma saída dos pais, Cole fica com ela e eles se divertem muito. Tentando descobrir se a amiga Melanie estava certa ao dizer que a babá chama amigos para uma “orgia” após ele dormir, o nosso menino faz de tudo para se manter acordado. É quando ele, sorrateiramente, testemunha um ritual satânico splatter, com os melhores elementos de Filme B, em plena sala de estar de sua casa. Desesperado, ele fará de tudo para sobreviver àquela noite, já que é o próximo alvo desse grupo que quer fechar um acordo com o “mochila de criança”.
McG (como o diretor se autodenomina nos créditos e no imdb, já que seu nome de batismo é Joseph McGinty Nichol) produz uma história divertida, com muito humor, se utilizando mais da comédia do que do terror (aliás, os usos exagerados do splatter Filme B fazem a comédia de humor negro funcionar ainda mais). Com pitadas leves de crítica à cultura diária americana, como o nacionalismo infantil, o culto à propriedade privada, os estereótipos sociais e o armamento civil (mas tudo isso, bem de leve mesmo), e uma análise (essa já um pouco mais profunda) de como um excluído socialmente (o outcast) sempre dará a máxima importância às relações pessoais, que lhes são muito caras, o diretor realiza uma obra que entretém bem o espectador, cumprindo o seu papel e nada mais. De todo modo, não acho tampouco que deveria ter sido algo para além disso.
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