Crítica: ID-0 - 1ª Temporada


A Netflix continua no seu frenesi de lançamentos originais de animes. Certamente isso se deve ao público alvo, os otakus, que é extremamente fiel e consome praticamente tudo do gênero, além do custo relativamente baixo para contar uma história incrível que um live action gastaria milhões.

Dito isso, a afobação da Netflix tem comprometido as escolhas do que produzir e a qualidade da produção, vide “Neo Yokio” (com crítica no site) e agora também em ID-0, onde os mesmo problemas ocorrem, muito embora o anime consiga se desenvolver e se tornar levemente interessante na sua metade final.

Toda a história começa e gira em torno da mineração de orichalt, um raríssimo mineral de propriedades extraordinárias. Ele permite que tempo e espaço sejam manipulados, ou seja, permite o famoso “salto espacial”, vulgo teletransporte. Obviamente que nada é tão simples e o mineral é muito instável, sempre envolto em gases e explosões letais. Esse mineral possibilita a humanidade explorar o universo e buscar por esse minério em cantos remotos da galáxia, “onde nenhum homem jamais esteve…”

Curiosamente, nossa protagonista, Maya, não é quem dá nome ao anime (e sim um personagem coadjuvante de quem falarei mais à frente). Ela é tipo uma estudante de geologia estagiando em uma empresa de mineração. Seu sítio de trabalho é atacado por piratas espaciais, no melhor estilo capitalismo industrial, com empresas portando armas e apoiadas por forças governamentais militares.

Após o ataque, Maya se vê vagando perdida pelo espaço e é resgatada pela tripulação da Stulti (piratas também). Lá conhecemos os personagens que acompanharemos pelos 12 eps, especialmente o Ido (ID-0). Todos os membros da nave, exceto uma pessoa, são transeternos (ou eternotranses – depende se você está lendo legenda ou escutando dublado), o que é um crime. Transeternos são pessoas que transferiram sua alma/consciência/fantasma para I-machines, grandes mechas (robôs gigantes), por opção ou por perderem a conexão com o corpo por algum motivo enquanto estavam conectados em seus mechas (a mineração é feita usando as I-machines).

Infelizmente o anime demora demais e explora mal essa questão. Ao transferir sua consciência para uma máquina você prova a existência de uma alma e você pode viver para sempre, caso se faça reparos no seu mecha. Isso fica de lado até o 5º ep, quando Ido fica envolto em mistérios sobre seu passado em forma humana.

A ruptura da série é o surgimento de Alice, uma garotinha que nasce do meio de um enorme depósito de orichalt. Daí para frente começa a ficar um pouco mais interessante. Alice possui certas conexões com Ido (não vou spoilar nada aqui) e atrai um enorme corpo celeste que a persegue e também aos depósitos de orichalt.

Um intricado jogo de interesses entre os tripulantes da Stulti, a Aliança Planetária (órgão que distribui contratos e que faz valer as regras da mineração), os Observadores (tipo um órgão regulador misturado com corregedoria) e aliens (que possuem relação com o orichalt) vão dando contorno aos episódios finais da série.

Tecnicamente o anime não se destaca, mas também não chega a incomodar. Assisti metade no idioma original e metade dublado. Confesso que, tirando 2 ou 3 dubladores, a dublagem é muito bem feita e alguns personagens ficaram muito bem localizados, falando gírias e sendo bem naturais.

A animação lembra um tanto a de Knights of Sidonia (também original Netflix – com garimpo no site), feito naquele 3D maroto que muitos otakus odeiam. Ela não chega a ser ruim, mas faltou um pouco mais de polimento nos movimentos e as modelagens poderiam ser mais complexas. Apesar de não comprometer a qualidade do anime, também nada adiciona.

Mais uma vez a Netflix dá uma escorregada com temas pouco convidativos, mostrando por 50% dos episódios os perigos da mineração e, com problemas de ritmo, tornando os 5 últimos episódios corridos, mas salvando o que poderia ter sido um outro Neo Yokio: um puta anime chato para um caralho.

Netflix, não desistirei de você. Por favor, não me abandone!

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