Crítica: Stranger Things 2ª Temporada


Something wicked this way comes…
e eis que a 2ª temporada de Stranger Things chega em pleno Halloween! E, como já sabemos desde o final da primeira (e se você não assistiu à primeira temporada não era nem pra estar lendo isso aqui) a mascote da série, Eleven (Millie Bobby Brown), está vivinha da silva. Depois de salvar a porra toda no final e depois do moleque Will (Noah Schnapp) finalmente aparecer, a garota desaparece do grupinho de nerdzões ponheteros dos anos 80. E agora?

No final da 1ª temporada, uma dica nos é dada de que a vida de Will, como era de se esperar, jamais será a mesma. O moleque passou a história toda desaparecido no chamado Mundo Invertido, a dimensão alternativa macabra da cidade de Hawkins. Ao escarrar um filhotinho de larva, Will também demonstra que precisa cuidar melhor da saúde – não só a física, mas também a mental. A seguir vemos que ele sofre bullying e começa a ter uns ataques de estresse pós traumático, ou ao menos é isso que os médicos e as pessoas ao redor dizem ser.

Will, O Perturbado.

Os moleques Mike (Finn Wolfhard, especialmente excelente), Dustin (Gaten Matarazzo) e Lucas (Caleb McLaughlin) continuam carregando suas caricatas características, com o adicional de que o mais fofinho do grupo é agora um ex-desdentado: Dustin tá com “pérolas” (que é como ele chama seus recém adquiridos dentes) e ostenta orgulhoso um sorrisinho naquela cara de ursinho de pelúcia engraçadinho. Inclusive, é apoiando-se nesse novo apetrecho visual que o moleque começa a dar em cima de Maxine (Sadie Sink), uma nova aluna que chega pra ser a crush oficial do grupo – menos de Mike, devotado à Eleven. A garota mostra que videogame não é coisa de moleque nerdão apenas e inicia a série esculachando a pontuação nos jogos de Arcade do grupinho geek. Através disso, ela aos poucos é integrada ao grupo e à suas aventuras.

Agora vamos falar rechaçosamente de uma personagem que está me dando NOS NERVOS: Nancy (Natalia Dyer), que vou a partir daqui chamar de Cara-de-Fuinha (auto-explicativo). A garota acaba a primeira temporada com o ex-bully Steve (Joe Keery) e desenfreadamente o faz de otário nesta temporada, arroizando o virjão Jonathan (Charlie Heaton) a porra toda. Além disso ela é deliberadamente chata pra caralho e dá chilique por tudo à quase que todo tempo. A morte de sua amiga Barb (Shannon Purser), que, em parte, foi responsabilidade dela mesma por ser uma babaquinha que coloca macho à frente de uma amizade de anos, está pesando em sua consciência e isso faz com que ela se torne (ou apenas aflore um lado) irremediavelmente pau no cu.

Virjão e Cara-de-Fuinha se cagando de medo.

A história, por fim, vou contar mais ou menos para não perigar dar spoiler. Como já sabemos o Mundo Invertido tá lá, cheio de Demogorgons prontinhos para destruição. Will, recém chegado da parada, ainda tem visões de lá que de alguma forma o conectam com a subdimensão. Vamos desvendando junto com os personagens revelações a cada episódio, que fecham pontualmente com uma sensação de que seu queixo caiu com a novidade. Isso traz à série um excelente ritmo e estimula o espectador a querer assistir até o fim, com a boca sedenta por mais.

Mais uma vez temos Joyce (Winona Ryder) como uma mãe bem realista que se desespera fácil, defende sua cria e atua como uma detetive de anormalidades que ajuda a desvendar tudo. O roteiro da série é inteligente em manter, de maneira reciclada, uma ideia que deu muito certo na primeira parte: a das luzes de natal como forma de jogo quebra cabeça para compreensão da situação. Na verdade, Stranger Things estabelece uma relação muito direta com eletricidade e jogos eletrônicos no geral, o que dá autenticidade e dinâmica à produção. 

Joyce dando um sacode em Will pra ele parar de esquizofrenice. À direita temos a nova integrante, Mad Max, boladona.

Enquanto é isso, Eleven está por aí, em uma extensa busca por pertencimento e conexão familiar. Seja procurando suas raízes enquanto experimento científico, seja definindo por quem realmente nutre laços e onde se sente em casa (“home”), a menina passa grande parte dos episódios perambulando por aí. Acredito que 50% do tempo ela tá chorando, boladona, putaça e também sem tomar banho, visto que suas roupas são as mesmas quase que a jornada inteira. Ah, e ela também fica se mordendo de ciúme da ruivinha lá; a série, como sempre, não esquece de nos inserir numa perspectiva juvenil, onde há inseguranças bobas, questões relativas a idade e tudo bem característico daquele universo.

Stranger Things vem bem diferente nessa safra, o que não quer dizer – e não é mesmo – que venha pior. Com uma pegada mais inesperada em sua história, embora ainda conserve elementos e personagens tradicionais, há a expansão de uma narrativa em relação à anterior e também desenvolvimento do elenco. Essa temporada me fez acreditar em uma das teorias de fã por aí, sobre o uso de toda a história pra falar de câncer – opa, falei. Mas me atenho a esse comentário. Recomendo fortemente a apreciação da série, que serve tanto como boa diversão como uma trama de suspense leve e palatável.

Eleven e seu corte de cabelo novo.

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