Crítica: Tempestade: Planeta em Fúria (Geostorm)
Raramente eu peço filmes para a diretoria do MetaFictions, da qual, inclusive, faço parte. Mas assim que vi o trailer desse filme tive 2 certezas: que eu faria a crítica e que o filme seria uma merda retumbante.
Bem… cá estamos com essas duas certezas confirmadíssimas.
Enquanto professor de geografia, eu pedi para resenhar este longa com a esperança dele ter elementos mínimos que me fizesse usá-lo para dar aula sobre quadro climático global, substituindo o INCRIVELMENTE superior “O Dia Depois de Amanhã” (e dizer isso quer dizer muito sobre quão bosta é esse filme).
A obra gira em torno da nossa resposta às mudanças climáticas severas que virão a assolar a Terra em 2019. Qual resposta foi essa? Um ato de cooperação entre nações completamente impossível do ponto de vista do tempo, financeiro e de engenharia.
Uma rede de satélites controlada pela estação espacial internacional passa a cobrir a Terra no projeto apelidado de Dutch Boy. Sempre que eventos extremos estão para se formar, esses satélites conseguem manipular pressão, umidade e temperatura, salvando milhões de pessoas de serem castigadas pelos elementos climáticos.
Tudo vai por água abaixo quando esses satélites começam a apresentar mau funcionamento e eventos meteorológicos extremos pouco ou nada costumeiros assolam certas regiões do globo.
Eis que Jake Lawson (Gerard Butler), engenheiro que concebeu e supervisionou a construção do projeto Dutch Boy, é chamado por seu irmão, Max Lawson (Jim Sturgess), para descobrir o que está acontecendo e evitar a temida geostorm, evento climático acentuado pelos satélites em uma escala global.
O filme apresenta certos comentários políticos interessantes, mas eles são muito rasos, focando apenas na culpabilidade dos EUA sobre o agravamento das catástrofes climáticas globais, sem maior discussão do assunto.
Outro ponto muito negativo é a total falta de conexão com qualquer personagem. Ao ponto de o único ser que eu queria que sobrevivesse era o “catioro” indiano que estava fugindo de uma série de tornados. Todos os demais são extremamente rasos e sem motivação alguma.
Sempre que eventos eram mostrados ao redor do mundo, incluindo aqui uma longa cena de Copacabana, Ipanema ou qualquer praia dessas, a população local era retratada de forma caricata, reforçando estereótipos um tanto nocivos sobre a diversidade cultural do nosso mundão.
De longe, o que mais incomoda no filme é a forma exagerada e totalmente irreal de como tudo que envolve engenharia e eventos climáticos é retratada. Temos raios explodindo prédios, granizo do tamanho de carros e calor ao ponto de explodir tubulação de gás abaixo da terra. Meus alunos ficariam estarrecidos com a forma que o filme nos trata, ofendendo nossa inteligência.
Tempestade: Planeta em Fúria perdeu uma boa oportunidade de tratar uma temática muito em voga de forma levemente mais política e/ou científica. Até Ed Harris faz filme ruim, né?
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