Crítica: The Walking Dead – Mercy (T08E01)
Amigos do MetaFictions, como de praxe em nossas críticas de séries por episódio teremos spoilers brutais durante todo o texto.
Vamos deixar outra coisa bem clara aqui. Eu não sou fanboy de The Walking Dead. Reconheço que ela tem bons momentos que me entretém consideravelmente. Além do mais, eu leio os quadrinhos, motivo pelo qual acompanho a série desde 2010, e, provavelmente, a única razão pela qual continuo assistindo.
Vou tomar por base que, se você está aqui é porque já viu tudo até o final da 7ª temporada, então não ficarei aqui explicando quem é quem (a não ser que você seja o editor que nunca viu a série e precisa checar se eu estou falando merda e corrigir minha ortografia/concordâncias) (Nota do Editor: Que se foda).
O episódio abre com aquele clássico “onde paramos mesmo?”, mostrando Hilltop e O Reino ajudando Alexandria contra a galera do lixão e Negan (Jeffrey Dean Morgan) na guerra.
Sei que existia grande expectativa em torno de como Rick (Andrew Lincoln) e cia venceriam a guerra contra Negan, que possui mais armamentos e um exército consideravelmente maior. E, de forma louvável, a série já começa com o pé na porta, mostrando diretamente o conflito, sem ficar com aqueles episódios fillers costumeiros, especialmente quando lembramos que a temporada terá 16 episódios (quase 10 episódios a mais do que teve a última de Game of Thrones, por exemplo).
Infelizmente a série, em vez de abraçar a simplicidade que a narrativa pede, resolve brincar de Tarkovsky. Boa parte do episódio não segue uma linha temporal contínua. Somos jogados para momentos diversos de Rick, alguns muito distantes da atual trama. Isso tira um pouco da tensão que o episódio poderia ter explorado mais.
Vemos Rick em alguma situação ainda não muito clara, excepcionalmente nervoso e abalado, temos um discurso dos líderes das 3 comunidades que se rebelaram contra a tirania dos Salvadores, vemos outro momento com Rick já com idade avançada, usando a famosa bengala e a barba branca do trailer e vemos os preparativos e a guerra em si, o que assumirei que é o presente.
Os preparativos para o combate envolveram 2 grupos. Um com Dwight (Austin Amelio) servindo de espião para a tríplice aliança, passando a localização dos postos de vigilância dos Salvadores, que foram sendo derrubados 1 a 1 por Daryl (Norman Reedus) e Morgan (Lennie James), que agora é um matador frio. Foda-se o valor da vida que tanto pregou, gerando uma série de cagadas épicas.
Eles também estão “reunindo” e direcionando um gigantesco grupo de zumbis (me recuso a chamar de walkers), já sabemos para onde, mas fingimos que não.
Outro grupo se prepara para o ataque a fortaleza de Negan, chumbando placas de metal nas laterais dos carros, da espessura de telhas na sua maioria. Certamente com isso eles evitarão serem atingidos pelas armas de chumbinho do inimigo.
Vale mencionar um breve momento de Carl (Chandler Riggs) apontando sua arma para um andarilho, sem saber muito bem o que fazer. O conflito entre matar um desconhecido, pelo medo que a atual sociedade vive, e sua luta por um mundo mais justo contra os Salvadores, é digno de nota. Seu papai Rick chega, atira pra cima e andarilho sai correndo. Como confiar em alguém quando não há mais barreiras morais e éticas cerceando nossos atos?
Até esse ponto, o episódio praticamente não teve diálogos. E, infelizmente, ele não continua assim.
Instantes depois voltamos aos preparativos para a guerra e temos os 1os diálogos da temporada, extremamente sofríveis. Parecia comercial da Polishop. É tudo tão clichê e caricato que senti vergonha alheia. E de onde saiu aquele sotaque da Maggie (Lauren Cohan)? Meio tarde agora para ela falar como se fosse uma redneck. Já basta o protagonista que não consegue acertar o nome do próprio filho. É Carl, cacete, e não Coral.
De forma surpreendente, o mais eloquente e crível é Ezekiel (Khary Payton), o tratador de animais de um zoológico que finge que é o rei de um povoado e anda com o tigre a tira colo. A que ponto chegamos, The Walking Dead?
O plano é posto em ação. Eles atraem uma patrulha bem armada para fora da base dos Salvadores, Dwight não alerta ninguém e deixa que os vigias sejam mortos enquanto Rick e cia envolvem a entrada da base com seus carros “altamente protegidos” e Negan aparece.
Não sei por que NINGUÉM dá um tiro nesse filho-da-puta. Ficam jogando conversa fora, medindo o tamanho de suas rolas, inclusive eles discutem usando essa analogia. Confesso que Negan é o vilão que eu adoro odiar. Talvez seja o personagem mais carismático da série até aqui.
Inacreditavelmente, Rick oferece paz em troca da rendição dos Salvdores, o que não faz sentido algum. Queria ver se Negan aceita. O que aconteceria? O Governador (David Morrissey) estava mais do que certo ao invadir com um tanque a base de Rick quando oferecido o mesmo acordo temporadas atrás.
Eis que Gregory (Xander Berkeley), intimado por Negan, dá as caras para ameaçar os cidadãos de Hilltop, outra coisa que não faz sentido algum. Ele não vive mais lá, pois foi deposto por Maggie (em um golpe branco) e não tem poder algum sobre seus residentes. Ele só serve como instrumento do roteiro para uma cagada que vem a seguir.
Começa o tiroteio e, mais uma vez, com a clara visão dos alvos, ninguém acerta um tiro no Negan e sua trupe, que se escondem. O outro grupo eliminou a patrulha que saiu para verificar uma explosão e eles direcionaram a horda de zumbis para a base dos Salvadores.
Rick e cia destroem a cerca e parte da estrutura que protegem os Salvadores com um carro bomba e fogem para que os zumbis terminem o serviço, ou que, no mínimo, os deixem muito debilitados.
O padre Gabriel (Seth Gilliam), que nitidamente é agora adepto da teologia da libertação, está armado, mandando bala e arrasta Rick pra fora do caminho dos zumbis que se aproximam.
Ao entrar no carro para meter o pé, ele avista Gregory se arrastando no chão. O amor de Jesus recai sobre sua consciência e ele precisa salvar aquela pobre alma, que, momentos antes, estava ameaçando seus amigos de combate.
O episódio resolve passar nesse meio tempo por Carl deixando comida pro andarilho e Rick vendo Alexandria prosperando, com seus filhos grandes e saudáveis. Isso corta totalmente o tesão do combate e torna difícil ficar investido quando retornamos para o conflito.
O padre sai correndo do carro em direção ao Gregory que, em vez de só abrir a porta e falar “venha comigo se quiser viver”, se escora numa mureta enquanto balas voam por todos os lados, e, claro, Gregory rouba o carro dele, vai embora e ele se vê obrigado a se esconder em um trailer, cercado por zumbis. Adivinha quem está lá dentro com ele? Nosso amigo Negan.
Que porra foi essa? Como um exército gigantesco como o do Negan se deixa envolver dessa forma? Enfim, descobriremos o resultado desse conflito no desenrolar dos próximos 15 (?! Cacete) episódios.
Hum! Achou que acabou, né? Também tinha achado quando do nada voltamos ao discurso de Rick pré-combate e ficamos com aquela impressão que virá um mar de fillers pelos próximos meses.
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