Garimpo Netflix: Originais Netflix
Semana passada eu li uma notícia que dava conta de que a Netflix pretendia gastar espantosos 8 bilhões de DÓLARES só em 2018 para a produção de conteúdo próprio. São 80 filmes e 30 séries animadas previstas para estrear ano que vem. Ainda que muitas delas contem com a máquina de divulgação da própria Netflix e das redes sociais, a verdade é que boa parte passa por sob o radar de todos nós. Quem aqui já ouviu falar de uma série excelente chamada Derek? Ou de um filme antológico como Beasts of No Nation? Ou até mesmo do documentário indicados ao Oscar Winter On Fire? E estas são das obras mais conhecidas. Imaginem só o que não fica enterrado debaixo de cocôs fumegantes e outros títulos menos malcheirosos?
Com isso em mente, apresento hoje para vocês três filmes diferentes entre si, todos originais Netflix e todos autorais até a medula, como soe acontecer com as produções originais não só da Netflix, mas de todos os demais players do mercado de streaming.
– Shimmer Lake, de 2017, dirigido por Oren Uziel
Seguindo a prática de apostar em produções pequenas, de orçamentos tímidos e dirigidas por nomes ainda iniciantes na indústria, a Netflix traz este thriller/comédia policial sobre um assalto a um banco em uma cidade pequena no interior dos EUA, sua repercussões e o que teria lhe dado origem. A história, contudo, é contada de trás pra frente, o que acaba por nos trazer uma série de reviravoltas realmente inesperadas e hilárias.
Estrelado por nomes relativamente conhecidos como Rainn Wilson e John Michael Higgins, além de Ron Livingston e Rob Corddry como dois agentes do FBI que não poderiam estar se fodendo mais para o resultado da investigação, Shimmer Lake é uma pequena joia escondida no emaranhado de lançamentos mais badalados da Netflix e muito disso se dá por causa do excelente roteiro do também diretor Oren Uziel. Vale a menos de hora e meia de duração.
– Jadotville (The Siege of Jadotville), de 2016, dirigido por Richie Smyth
Até esse Jadotville, o irlandês Richie Smyth era conhecido apenas como um bom escritor de HQs e por ter dirigido uns vídeos para o U2 ainda na década de 90. 20 anos depois, muito provavelmente por causa do forte caráter irlandês do título, ele é escalado para fazer sua estréia na direção de longas. O ano era 1961 e a então jovem Nações Unidas envia ao Congo, em missão de paz arranjada pelo diplomata irlandês Conor O’Brien (Mark Strong), uma companhia de soldados irlandeses, composta em sua maioria esmagadora por garotos que sequer haviam visto combate.
Muito pelas ações espúrias do tal diplomata, esses jovens soldados irlandeses, liderados pelo Tenente Quinlan (Jamie Dornan, o Christian Grey dos 50 Tons de Cinza), são colocados em uma situação de cerco inesperada e para a qual não estavam preparados. Falta de água, mantimentos em geral e munição assolam os irlandeses enquanto eles conseguem resistir às tropas rebeldes do Congo por uma semana.
Trata-se de um filme baseado em fatos reais que conta com performances fortes e convincentes de seu elenco, além de demonstrar, ao seu final, o nojo que é a politicagem nesse mundo, seja na África, seja na Irlanda, seja em qualquer lugar.
– Pequenos Delitos (Small Crimes), de 2017, dirigido por E.L. Katz
https://youtu.be/U9lMM9RyNF8
Mais um filme de um diretor iniciante e mais uma bola dentro da Netflix. Jamie Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) interpreta um sujeito que acaba de sair da cadeia. Não sabemos porque ele foi preso ou qualquer coisa de seu passado num primeiro momento. É o desenrolar da narrativa que vai nos dizer, de forma muito natural, tudo o que ocorreu, de modo que explicar aqui essas circunstâncias pode ser um certo spoiler. Minha sinopse, portanto, é a seguinte: Sujeito sai da cadeia após alguns anos preso e vai tentar viver a sua vida, mas os seus “pequenos delitos” (rá!) do passado não vão deixá-lo em paz.
Calcado especialmente nas excelentes atuações de todo o elenco, em especial do dinamarquês Waldau e de Gary Cole como uma espécie de fantasma de seu passado, Pequenos Delitos é um bom filme policial que lembra a todos que o passado jamais deixa de ser presente.
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