Nostalgia: Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice)
Day-o, day-o
Daylight come and me wan’ go home
Day, me say day, me say day, me say day
Me say day, me say day-o
Daylight come and me wan’ go home
Quem tem pelo menos 30 anos e nunca cantou essa música, com a letra toda errada, umas 2x por mês na década de 90 durante a Sessão da Tarde, não sabe o que é viver. Essa obra projetou Tim Burton para o mundo e, embora esse não seja seu 1º longa, mas o 2º, começou a acimentar algumas parcerias e definir seu estilo.
Aproveitando Festival de Cinema do Rio, no qual Burton foi homenageado pela Orquestra Petrobras Sinfônica em uma apresentação de arranjos das trilhas de seus filmes, o MetaFictions apresentará duas obras desse magnífico diretor: o Nostalgia que você está lendo e o Assista! de amanhã do Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas.
Os Fantasmas se Divertem conta a história de um casal sem filhos na casa dos seus 30 e poucos anos que falece e passa a dividir sua casa com a família que a compra após a sua morte, o que os leva a querer expulsá-los. Eles acabam contratando o serviço do Besouro Suco (o famoso Beetlejuice do título original, mas batizado de Betelgeuse), que leva o serviço por caminhos tortuosos, gerando todo o conflito do filme.
Com esse longa, Tim Burton começa a nos mostrar como constrói universos excêntricos, com temáticas pesadas, mas com toques infantis. Não é à toa que ele é meu diretor favorito (conferir Top 10 de Diretores em Atividade), criando mundos fantásticos, mas críveis. Características essas nas quais ele vai se aprofundar ainda mais no seu longa seguinte, Edward Mãos-de-Tesoura (com Nostalgia no site).
Os Fantasmas se Divertem inicia uma série de parcerias que marcam a carreira de alguns atores. Como não falar de Michael Keaton, nosso Besouro Suco, com uma atuação extravagante e marcante. Ele foi tão convincente em seu papel que o estúdio não o queria como o Batman de Tim Burton, com medo do público não aceitar essa transição.
Winona Ryder, meu pseudo crush, interpreta a filha gótica do casal que se muda para casa e ela estabelece comunicação com os fantasmas de Alec Baldwin (tive que olhar no IMDB, são muitos Badlwins) e Geena Davis… meu crush verdadeiro da década de 90. Ai ai… essas deusas de grandes olhos castanhos e cabelos escuros destruindo meu coração.
Winona e Keaton, apesar de se mostrarem essenciais no início de carreira de Tim Burton, definindo o perfil de seus personagens, com vilões excêntricos e mocinhas com a psique pouco convencional, vão sendo substituídos por outras parcerias mais duradouras e que irão dominar o final dos anos 90 e os anos 2000, Johnny Depp e Helena Bonham Carter.
Talvez a parceria que mais marca a carreira de Burton, iniciada no longa de estreia de sua carreira, As Grandes Aventuras de Pee-wee, é com Danny Elfman. Suas trilhas sonoras dão vida aos momentos mais macabros possíveis, suavizando temas como a morte, traição, perda e abandono. Vide o nosso filme homenageado hoje aqui.
Cenas clássicas passam a marcar o imaginário das crianças da década de 90, como as cenas com Beettlejuice na maquete do sótão, no qual eles aparecem encolhidos em um mundinho de borracha e plástico, as cenas dos vermes da areia que aparecem sempre que os fantasmas do casal tentam deixar a casa e todos os personagens da repartição em outro mundo que cuida dos casos dos mortos, com figuras clássicas como o “encolhedor” de cabeças, a dançarina cortada ao meio, o fumante carbonizado e o time de futebol americano.
Os Fantasmas se (nos) Divertem marca o início do universo de Tim Burton, criando pela 1ª vez esse mundo fantástico. Ficamos no aguardo da sequência, já em pré-produção.
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