Crítica: The Sinner 1ª Temporada
Jessica Biel é conhecida por uma vasta carreira de filmes… horrorosos. Uma rápida olhada na página do IMDB da atriz pode confirmar isso. Salvo sua participação em “BoJack Horseman“, como a ex-mulher de Mr. Peanutbutter, aqui embaixo colado por motivo de ser bem engraçadinho pela auto-zoação dela.
Contudo, com uma sinopse curiosa, The Sinner me chamou atenção, além de contar com uma equipe bem interessante. No elenco temos o ator Christopher Abbott como o marido da personagem principal, Cora (Biel), além do diretor mais assíduo de “Motel Bates“, Tucker Gates, no comando de alguns episódios da série. Ok, vamos lá. Cora Tannetti parece uma mãe classe média padrão, com uma rotina comum que se baseia, pelo pouco que vemos, em cuidar de seu filhinho e trabalhar na empresa da família do marido.
Seu casamento parece frio mas estável e a mulher nos passa um ar meio blasé durante as cenas de ambientação em sua vida; mas até aí tudo normal. Até que a família resolve passear na praia numa bonita manhã do que parece o verão americano e… Cora esfaqueia repetidas vezes um completo estranho. Bem na frente de seu filho e marido, que reage tentando impedir o crime, ao mesmo tempo que fica perplexo com a atitude da esposa.
Vale lembrar que o cara pertencia a um grupo inconveniente que tocava uma música bem merda logo na frente da mulher, que, ao ouvir, ficou possessa e o assassinou raivosamente. Em sua defesa, devo admitir que a música era bem ruim. De qualquer forma, pela rapidez e imprevisibilidade do crime, Cora causa choque tanto na comunidade local quanto na própria policia. Afinal, por que matar um completo estranho? Seria tão somente por causa de uma música horrorosa? Será que Cora esconde alguma ligação com o homem? Será que, na verdade, o crime foi todo planejado e agora toda a aparente confusão mental da mulher é fachada?
Tais perguntas circundam a cabeça dos investigadores, com destaque a de Harry Ambrose (Bill Pullman, a fusão perfeita de Tom Hanks e Robin Williams). Cora não tem antecedente criminal e psicologicamente é analisada como estável. Não há sinais de psicopatia ou qualquer indício de motivo para o ataque. E é nisso que a série foca ao longo de 8 episódios. Sim, unicamente numa simples pergunta: por quê?
Acredito que a proposta da série se apresenta promissora e até audaciosa. Como amarrar o telespectador ao longo de tantas horas só pra saber o que raios motivou essa morte? E mais: Cora já confessou o crime e só quer cumprir a sentença em paz, mesmo sem saber que que deu nela. Por que a polícia, em especial o detetive Harry, se interessa TANTO em saber o que aconteceu, se não envolve mais ninguém que não uma acusada que se declara culpada?
Forçadamente a trama vai se desenrolando. Vemos Harry obcecado pela história de Cora, que nada lhe diz respeito e que a conexão emocional dele (ou seja lá qual for) é escrotamente construída do absoluto NADA. Sobre a vida pessoal do cara, são tacados alguns dados que falam da esposa e de sua habitual infidelidade, mas ainda assim nada que seja aprofundado a ponto de justificar aquilo. Chega a ser desleixada a maneira que o roteiro insinua esclarecer o porquê do investigador cismar tanto em resolver um caso que, na prática, já está resolvido. Pura curiosidade infantil? É o que parece.
De maneira meio novela mexicana, a série opta por desenrolar-se com histórias completamente na contra-mão do esperado. O que, por vezes, pode ser um plot twist excelente – diversos filmes se consagraram nesse estilo, como “Seven” e demais clássicos. Mas dentro de uma trama já meio pobre, isso só acaba parecendo apelativo. De início é interessante, mas, aos poucos, a história toda vai se perdendo. Sabe quando você acaba um episódio e pensa “que porra foi essa mesmo que aconteceu?” e aí reconstrói o quebra-cabeça com dificuldade não por ele ser super complexo, mas sim por ser MALUCO? Então, é isso. Tem os que gostem. Eu acho só sem pé nem cabeça e uma tática de encheção de linguiça.
The Sinner tem como ato final algo coerente dentro daquele universo e continua reforçando a série enquanto “méh” e perdida que se mostra desde o segundo episódio. Em seu formato curto, chamado até de mini-série pelos seus oito episódios de 40 minutos, li por aí que ameaça vir com uma segunda temporada (apesar do claro fim em sua história aqui). Por fim, a lição que fica aqui é muito clara: use fones de ouvido ao ouvir música em espaços públicos. Nem tudo é, de fato, música para o ouvido alheio…
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