Garimpo Netflix: God Save the Queen!

Inspirado por uma pessoa que me é muitíssimo cara e que vai passar uma temporada em terras inglesas, resolvi hoje indicar aqui para vocês excelentes produções da terra de Churchill, Darwin, Shakespeare e Borat.

A Inglaterra tem um histórico riquíssimo no que tange a sétima arte, tendo-nos brindado com gente graúda como Laurence Olivier e Anthony Hopkins, Elizabeth Taylor e Helen Mirren, isso sem contar com gente ainda mais importante no escopo geral do Cinema como Charles ChaplinAlfred Hitchcock, David Lean e Christopher Nolan. São muitas as produções com estes nomes e com outros tão grandes quanto.

This is England, filme de 2006 que mostra a quintessência do que é a Inglaterra.

Em assim sendo, a Inglaterra, além de co-produzir bastante dos filmes de Hollywood, tem também uma produção própria bem prolífica e de qualidade, ranqueando oficialmente como a 6ª nação que mais produz filmes no mundo. A Netflix, além de ter uma vasta seleção de títulos ingleses em seu catálogo, também já está investindo em conteúdo original, tal qual a última de nossas indicações aqui e o recentíssimo “6 Dias“, já resenhado aqui no Metafictions.

Sem maiores delongas, curtam as nossas indicações da semana!

O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy), de 2011, dirigido por Tomas Alfredson

John le Carré é tido como o mais realista e verdadeiro escritor do mundo da espionagem. Isto se deve ao fato de que ele trabalhou efetivamente no MI-6 nos anos 50/60, auge da Guerra Fria e da produção cultural acerca dos espiões. Ao contrário dos muitos James Bonds que foram criados à época, Le Carré se valia muito mais do suspense, do rigor técnico e da fidelidade aos processos internos das agências de espionagem para contar suas histórias do que de sequências fantásticas e inacreditáveis de ação.

Contando com a direção firme do sueco Alfredson, O Espião Que Sabia Demais, além de um roteiro sensacional, tem em seu elenco alguns dos maiores atores ingleses da história, a começar por seu protagonista, Gary Oldman (indicado ao Oscar justamente por seu desempenho aqui), passando por nomes à época já consagrados como o saudoso John HurtToby Jones, Ciarán HindsMark StrongColin Firth, e chegando a nomes que viriam a se tornar grandes estrelas como Benedict CumberbatchStephen Graham e Tom Hardy.

Trata-se de um filme excelente para todos os gostos e obrigatório para quem gosta de filmes de espionagem. Não vá esperando tiroteios e coisas inacreditáveis, mas, sim, uma trama bem urdida e amarrada, que exigirá toda a sua atenção e te entregará uma puta duma experiência cinematográfica. – Nem Tudo é o Que Parece (Layer Cake), de 2004, dirigido por Matthew Vaughn

Reza a lenda que foi por causa de sua performance neste filme que Daniel Craig passou a ser considerado para ser o novo James Bond. Trata-se, mais do que isso, também da estreia na direção do londrino Vaughn, que hoje é mais conhecido pelas franquias Kick-Ass e Kingsmen. Antes de enveredar pelos filmes de ação, Vaughn dirigiu esta pequena jóia do cinema independente inglês que veio na mesma pegada de mostrar o submundo do crime inglês já explorada nos agora clássicos (ainda que um tantinho datados) “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “Snatch“, dirigidos por Guy Ritchie

Nele, Vaughn conta a história da XXXX (Craig), um traficantezinho meia boca que, assim como nos filmes do seu amigo Ritchie, se vê metido numa enrascada quando uma de suas negociatas não dá certo. Agora resta a XXXX (seu nome nunca é revelado no longa) tentar sair vivo dessa e ainda colocar uns caraminguás no bolso em uma trama, mais uma vez, muito bem escrita e atuada. Curiosamente, este filme também tem a participação de um Tom Hardy quase irreconhecível de tão jovem, além dos sempre excelentes Colm Meaney e Michael Gambon e da enlouquecedora Sienna Miller. Derek, 14 episódios em 2 temporadas de 2012 a 2014, criado por Ricky Gervais

Ricky Gervais é uma espécie de dono da comédia da Inglaterra. Tudo que diz respeito a comédia daquele país tem a mão dele de alguma forma. Foi ele quem aperfeiçoou e popularizou o que hoje se chama da maneira “The Office” de se filmar, ou seja, o uso de uma só câmera na mão, um formato de pseudo-documentário (ou mockumentary) e a premissa de que há uma equipe de TV acompanhando as idiossincrasias de determinado lugar. Esta técnica é usada à exaustão em programas como o próprio “The Office” americano, “Parks and Recreation” e “Modern Family“.

Em Derek, Gervais se vale da mesma técnica, mas desta vez ele acompanha as idas e vindas de uma casa de repouso (o famoso asilo geriátrico) no qual trabalha a apaixonante e fantástica figura que é Derek, interpretado pelo próprio Gervais. Derek é um homem de seus quase 50 anos e que sofre de alguma espécie de retardo mental. Ele cuida dos velhinhos enquanto é também cuidado pela enfermeira-chefe do local, Hannah (Kerry Godliman), além de aprontar as suas com seus amigos Dougie (Karl Pilkington) e o hilariantemente pervertido, ainda que inofensivo, Kev (David Earl). E é isso, é uma série que se presta a somente mostrar o dia a dia desse pessoal, e acerta em cheio nos diálogos engraçadíssimos escritos por Gervais, além de ser curtinha (apenas 14 episódios de meia hora) e perfeita para se maratonar.

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