Nostalgia: Batman


Este texto que escrevo, para esta bela plataforma de entretenimento voltada para a sétima arte intitulada “Metafictions”, é mais do que um mero Nostalgia. É o início de uma paixão, é o começo de uma grande e nova fase da minha vida. Era uma tarde na casa de um amigo. A mãe dele se oferecera para alugar filmes para nós assistirmos e pediu alguma sugestão. Então, o jovem Eskina, inspirado pelos breves comentários de seus pais, disse: “Pode ser um filme do Batman!”, ao que esta querida mãe, com quem tenho sorte de conviver até hoje, nos trouxe o meu filme favorito de temática de heróis: Batman.

Esta obra foi meu primeiro contato com o universo da editora DC, com os super-heróis e, muito mais do que isso, apresentou-me ao meu herói preferido e ao meu vilão/personagem preferido (o que não é muito mistério, basta olhar a minha foto de perfil).

Para você, leigo no universo dos super-heróis, não, não foi Christopher Nolan quem trouxe o Batman sombrio aos cinemas, mas sim Tim Burton. Este homem iniciou o Batman que nós conhecemos, com já seu estilo soturno e macabro de fazer filmes, Burton construiu um puta universo do Batman, mais realista e sombrio, nada a ver com o que havia sido consagrado pelo falecido e saudoso Adam West na antológica série dos anos 60.

I´m Batman

Nas duas horas e seis minutos de exibição, temos a seguinte trama: Batman é ainda uma lenda urbana, poucos o viram e muitos o temem. Quando um acidente acontece com Jack Napier (Jack Nicholson) em um conflito com o homem-morcego, seu rosto é deformado de forma a conferi-lo um sorriso fixo, tornando-o o Coringa e inspirando nele o plano de promover o caos em Gotham City. Enquanto isso, Bruce Wayne (Michael Keaton), o bilionário alter ego civil de Batman, tem que enfrentar sua vida dupla, equilibrando o combate ao crime e um relacionamento com a repórter Vicky Vale (Kim Basinger), que é altamente interessada na história do Batman.

Aplausos de pé é o que merecem a nossa dupla protagonista/antogonista. Keaton, conhecido até então como comediante, foi uma escolha tida como estranha para o papel de Batman, porém o ator prova que a falta de um físico apropriado não prejudica sua interpretação. É um Batman sério, com presença e, apesar da roupa ser um tanto ineficaz, ele ainda consegue fazer algumas (poucas) manobras. É um Batman mais estátua, mas que impõe respeito.

Visualize Jack Nicholson na sua mente, com o seu sorriso macabro e suas sobrancelhas perfeitas. Como não ver o Coringa? Diferente do incrível trabalho de Heath Ledger no 2º e mais celebrado filme da trilogia de Nolan, este Coringa procura ser mais cômico e exagerado em um nível que chega a ser bizarro. Como um palhaço com um sorriso e roupas coloridas pode eletrocutar alguém até a morte? “Diga-me, você já dançou com o demônio sob a luz do luar?”, frase clássica desse personagem que é minha encarnação preferida do Coringa no cinema.

“Have you ever danced with the devil in the pale moon light?”

Ainda assim temos personagens secundários que são fantásticos, o mordomo de Bruce, Alfred Pennyworth (Michael Gough), o promotor público Harvey Dent (Billy Dee Williams), o comissário de polícia Jim Gordon (Pat Hingle), entre outros.

Para Tim Burton, o universo do Batman é um prato cheio, que foi explorado mais ainda na sequência a respeito da qual falaremos oportunamente. O diretor cria um visual único para Gotham City, uma atmosfera gótica predomina pelas ruas da cidade. Além do gritante contraste de cor entre o Coringa e todo o resto, o que resultou em um modelo visual bem interessante. A direção de arte do filme é magnífica e fecha com chave de ouro a visão de Burton no tópico estética visual.

Gotham City

A trilha sonora é dividida entre dois compositores. De um lado temos Danny Elfman comandando a trilha incidental, enquanto que o megastar Prince compõe e executa as 9 músicas originais.  Ambos fizeram trabalhos excelentes, Elfman marcou a trilha do Batman durante um bom tempo, enquanto Prince encaixava suas músicas em cenas específicas que as deixaram ainda melhores!

Burton bebeu de inúmeras fontes para a criação do seu filme, entre elas se encontram “A Piada Mortal”, de Alan Moore e “O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller, duas das histórias mais incríveis do Batman já contadas, se você quiser entrar neste mundo de super-heróis, muito embora o Batman não seja super, essas duas são um bom começo!

Todos nós, fãs destes personagens já escutamos a frase: “Super-herói é coisa pra criança, deixa de ser infantil!”. Para as pessoas que nem tentam procurar algo mais profundo, super-heróis são bobos, não são dignos para terem boas histórias e bons filmes. Para você que acha que gibi é coisa boba, este Batman de Tim Burton veio para deixar claro a todos que não, que é possível fazer um filme baseado num sujeito usando cueca por cima da roupa e ainda assim ser adulto e relevante.

Queria finalizar dizendo que este texto é um agradecimento aos meus pais por me incentivarem à conhecer sempre histórias fantásticas, e também à Cristiana, que foi a ponte para o meu primeiro contato com os super-heróis!

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