Critica: Bright
A palavra Shadowrun significa alguma coisa pra você? Se sim, então você está com sorte. Bright, estréia do dia na Netflix, é uma releitura (não oficial) do jogo de RPG de fins dos anos 80. Como no jogo, humanos compartilham o mundo atual com seres místicos (Orcs, Elfos, Fadas, Centauros… há um Dragão voando numa noite de lua-cheia lááá atrás) e a convivência nem sempre é pacífica.
O veterano policial Humano Darryl Ward (Will Smith no papel de Will Smith) e o novato Orc Nick Jakoby (Joel Edgerton – O Ramsés de “Êxodo: Deuses e Reis ”, Gawain no “Rei Arthur” com Clive Owen, ou o tio Owen de um Luke Skywalker bebê nos episódios II e III de Guerra nas Estrelas) se estranham depois de um incidente duvidoso que deixou o personagem de Smith baleado. Ward, prestes a se aposentar, teme que a inclusão do primeiro policial Orc (seu atual parceiro) na polícia de Los Angeles possa levá-lo à morte devido ao ódio milenar entre estes e os Humanos. A vida de Ward já estava uma bosta, com dívidas infinitas, uma esposa e filha pra cuidar, a pressão de seus colegas de delegacia que exigem que ele se livre do “cara de porco”, o próprio parceiro vacilante (e vacilão), indesejado e com um senso de humor “desumano”, até que uma adolescente elfa aparece com uma varinha de condão e manda a noite do pobre policial pro caralho.
Parece meio confuso? E é. A partir daí a história vira uma releitura de “Missão Alien” (agradeço ao nosso editor-chefe Gustavo David pela lembrança) com uma mistura de “Dia de Treinamento” (2001, com Denzel Washington, um dos filmes preferidos do nosso Renê Michel Vettori e analisado em nosso quadro Assista! ) com “Warriors” (1977, com “Guerreirooos… Por que vocês não vêm aqui brigaaa-aar?”) e “Bad Boys” (1995, com o próprio Will Smith antes de ser transferido da polícia de Miami pra de L.A.), só que com magia e figurantes de “O Senhor dos Anéis”. As referências beiram o plágio e o humor é bobinho, mas o filme é divertido. Um ponto pra David Ayer (roteirista e diretor do “Esquadrão Suicida”) e Max Landis (roteirista deste e criador da série “Dirk Gently’s Holistic Detective Agency”, que agradou bastante este que vos fala e foi indicada em nosso Garimpo Netflix Especial Dia das Crianças).
Se é bom? Sei lá. Você gosta de Dungeons and Dragons e de filmes de policial do Will Smith?
Quando soube do filme achei que fosse uma série. Achava que era uma série até assistí-lo essa manhã. Devia ter sido uma série. Se fosse esse o caso, teria me agradado mais. Seria possível (com sorte) explorar todos os elementos que compõe o filme: Elfos Douchebag, Orcs Gangsta que escutam Black Metal, varinhas mágicas (com sua “Unidade Anti-Magia” ligada ao FBI), um Dark Lord e uma profecia de um messias Orc (hummmm… auspicioso…), além, é claro, do fato de que os Bright (jargão de rua pra “Magos”) são muito raros. Quase todos são elfos (que são donos do mundo, com sua cidade perfeita separada por caveirões e barricadas) e um em cada milhão de humanos nasce com tal poder (hummmm… auspicioso 2…).
Mas não foi uma série. Como filme, faltou mojo. A ideia me agrada (eu mestro D&D, joguei Shadowrun e curto filmes “engraçaralho” de policial), mas 1h e 57 minutos me pareceu pouco pra que a gente entrasse no clima desse mundo de magia-de-rua.
Será que é piloto pra rolar um spin-off seriado? Se fosse eu toparia ver…
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