Crítica: Easy - 2ª temporada


Na primeira temporada de Easy temos uma série de antologia, com episódios curtos e não necessariamente conectados entre si. Falando de sexo, amor, casamento e amizade sem deixar de incluir a contemporaneidade que abarca todos os citados. Um exemplo é um episódio de um casal e sua experiência com o Tinder procurando um ménage à trois – maravilhoso. Enfim, trata-se de uma série leve e muito divertida de ser assistida, sem grandes questionamentos e simples; não, isso não é tããão Black Mirror… É direto ao ponto sem crítica social foda-lacrou-ahazou.

Na segunda temporada a série mantêm sua receita, como se fosse aquele bolo caseiro de fubá que sempre dá certo da sua avó. Você já conhece o gosto e já comeu diversas vezes mas continua achando delicioso toda vez que ela prepara. Em oito episódios fáceis e rapidamente digeridos, temos de novo pequenas histórias – em grande maioria sem o redondinho inicio-meio-fim, visto que o roteirista parece se importar mais com o desfecho aberto seguindo uma vital e orgânica imprevisibilidade. Alguns personagens nós já conhecemos, o que acaba por dar continuidade muitas vezes a episódios da temporada antiga. No entanto, a coisa é orquestrada de maneira tão direitinha que mesmo aqueles que não assistiram anteriormente compreendem perfeitamente. Easy se mostra uma antologia de bom tom e muitíssimo digna de merecer uma chance de ter umas horinhas de seu dia.

Noelle e Jeff, o casal dos episódios da cervejaria artesanal da 1ª temporada, continuam sua história.

Em um dos episódios, particularmente o que me engajou mais, temos o casal de longa data Kyle (Michael Chernus) e Andi (Elizabeth Reaservindos da primeira temporada, mostrando como lidar com o desgaste natural do tempo no relacionamento. Se antes eles tentavam apimentar a relação com fantasias clichês do tipo encanador e empregada doméstica, agora eles dão um passo maior, mais maduro e liberal – literalmente: a transição para um relacionamento aberto.

É curioso a forma que tal decisão é retratada por tentar ser bem crível (imagino como seria nessa situação). Não cai no clichê de mostrar aquele caos e taxar relacionamento aberto como furada e tampouco vai pro extremo oposto, onde tudo é natural, racional e tranquilo de lidar. Outro ponto interessante e que talvez não tenha ficado claro na minha breve descrição é que a atitude dos dois não é posta como emergencial/desesperada; na realidade, o relacionamento deles é muito estável. A expansão da vida a dois se dá fruto de uma parceria bem sólida e num ambiente de segurança emocional. Mais uma abordagem que desmistifica aquela ideia que diz ser apelativo um relacionamento aberto só por isso ser fora do padrão.

Andi pós-date com um maluco.

Somos apresentados a novos personagens e vicissitudes da suas vidas também. Todo episódio, por mais distinto que seja, pontua com acidez a ironia de alguns acontecimentos e a hipocrisia humana no geral. Especificamente as dissonâncias pertinentes e presentes em todos nós quando em um meio social – aquela coisa de a priori ter moralismos deveras estruturados mas, ops, derrapar aqui e ali por vezes. Acho que o mais interessante é essa palpabilidade que a série tem como escopo; não são histórias inacreditáveis, apesar de algumas vezes bem pitorescas, e é exatamente essa proximidade que as tornam tão contemplativas.

Rumo ao infinito enquanto a imaginação de Joe Swanberg produzir, Easy se mantêm uma comédia suave e de ótima safra. Melhor orientada que alguns primos pobres como Love e Lovesick (ambas séries que acompanho e que refletem meu gosto monodimensional…), seus contos trazem maior satisfação e aproveitamento – podendo até arriscar dizer que veio ainda mais apurada em 2017. Uma boa pedida para um final de noite depois do trabalho, sozinho, ou um chamego de final de semana com amigos ou crush.

Pode vir que eu to little Easy. Raw!

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