Crítica: Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso (Suburbicon)
Quando Trump regurgitava seu slogan de campanha “Make America Great Again” eu tentava imaginar o que seria para ele esse “great” (incrível, grande) e quando os Estados Unidos teriam atingido esse momento que tanto ele quer trazer de volta. Embora minha imaginação tenha voltado a época dos plantations de algodão no sul das 13 colônias, de fato, não muito tempo atrás, existiu um período de “ouro” para a classe média branca racista norte americana: a década de 1950.
Suburbicon é o típico subúrbio (ha!) construído relativamente afastado dos grandes centros urbanos, que agora eram vistos como decadentes, para acomodar a crescente classe média americana que crescia exponencialmente após os EUA se estabelecer como potência global, tendo praticamente nenhum competidor a nível industrial (já que estes foram todos destruídos na 2a Guerra Mundial).
O longa começa nos apresentando os Mayers, 1a família negra que se muda para o meio de Suburbicon e que estimula uma série de protestos pela vizinhança. Eis que o filho da família, Andy (Tony Espinosa), começa a brincar com o filho do vizinho de fundos, Nicky (Noah Jupe).
É assim que somos introduzidos à família que é o centro das atenções do longa, os Lodge. Nicky, numa noite como outro qualquer, é acordado pelo seu pai, Gardner (Matt Damon), que o conduz para a cozinha alegando que alguns homens invadiram a casa. Uma vez na cozinha, os 2 são amarrados e deixados inconscientes com uso de clorofórmio pelos intrusos, o que também ocorre com a esposa de Gardner e a sua cunhada, ambas interpretadas por Julianne Moore. No entanto, algo dá errado e um dos membros da família morre, dando início a toda trama do filme.
Caso você, como eu, tenha visto o trailer e tenha se empolgado ir assistir ao filme, faço aqui algumas ressalvas. A imagem e história vendida não são uma sombra do que o filme apresenta, tanto para bem quanto para mal.
Eu entendo perfeitamente o que George Clooney tentou fazer. Uma crítica social de época, mas muito contemporânea para o atual EUA. Porém, embora isso tenha ficado bem explícito, a história que serviu como mecanismo para o longa se desenvolver foi muito enfadonha e – tomando o trailer como capa do produto – desonesta.
Aqui não temos um pai de família disposto a tudo para proteger sua família contra gangsters, nem temos uma tia que abraça a família em um ato de abnegação. O que temos é uma trama rasa e previsível.
Por mais que a atuação de Oscar Isaac tenha sido espetacular como um agente de seguros, que dá um verdadeiro ensinamento sobre “red flags” em contratos de seguro de vida, e que a família Mayer, mesmo que coadjuvante, tenha roubado a cena (em especial a mãe interpretada por Karimah Westbrook), o longa se arrasta em tela.
Ao mostrar uma América Trumpiana, com discursos que recebo via corrente de WhatsApp tão recorrentes no Facebook que me fizeram deletar minha conta, Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso tem seu valor, mas essa é uma obra repleta de “red flags” e, nesse caso, não são as do PT.
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