Os Filmes Mais Bem Avaliados de 2017 do MetaFictions

Dia 2 de fevereiro de 2017 é a data de nascimento do MetaFictions, o dia que entrávamos no ar depois de muito trabalho para criar o site e organizá-lo como queríamos, e o dia em que eu escrevi essa fofura aqui. São apenas 10 meses de lá pra cá, mas a sensação é de muito mais. São 535 posts contando com este aqui, sendo que, destes, 299 são resenhas de algum filme, série ou episódio de série.

Destas quase 300 resenhas, apenas algumas pouquíssimas obras conseguiram alcançar a nota máxima de 5 claquetes e tão somente uma chegou ao posto quase inalcançável de detentora da 6ª claquete, a claquete de ouro, que separa os que com ela são contemplados dos demais. A ideia é a de que essa 6ª claquete premie apenas aqueles filmes que vão além e se tornam verdadeiras obras-prima da sétima arte. Curiosamente, esta única obra também levou uma nota vexatória de um outro colaborador do site, deixando claro para todos que aqui no MetaFictions todo mundo tem voz, mesmo quando são imbecis lazarentos (Marco Medeiros em um caso e Vlamir Marques no outro) que não concordam com a minha opinião.

Boa, MetaFictions!

Com a ajuda de vocês, um dia vamos ter patrocinadores e uma verba maior do que as 3 mariolas que cada um dos três sócios, em um assombroso total de 9 mariolas, colocam no site todo mês, o que nos permitirá resenhar absolutamente tudo que sai semanalmente nos cinemas e no streaming. Até lá, a gente vai se virando como dá, empregando nossos fantásticos colaboradores em condições análogas à escravidão, com Marco Medeiros e Larissa Moreno se digladiando para ver quem ganha o único chester de fim de ano que as nossas 9 mariolas conseguiram comprar.

Então, sem maiores delongas, fiquem com os filmes mais bem avaliados pelo MetaFictions esse ano e com um pequeno trecho da crítica original a seu respeito, lembrando que vários filmes excelentes ficaram de fora porque não conseguimos resenhá-los a tempo. Obras sensacionais como, dentre outras, Thelma, Columbus, VazanteBom Comportamento, Garota Ocidental e, principalmente, Os Parças, que já nasceu clássico (Tom Cavalcante e Whindersson Nunes no elenco, bicho!).

Não deixem de conferir também a nossa listagem dos Filmes de Pior Avaliação de 2017 do MetaFictions.

La La Land: Cantando Estações (La La Land), lançado em 19 de janeiro de 2017, de Damien Chazelle

Primeiro causador de controvérsia aqui no site, La La Land foi alvo do nosso primeiro Movie Battle em que Anderson, que amou, e Thotti, que odiou, discorrem sobre o filme.

“Se a cultura de massa dos EUA nos bombardeia a todo momento com a mensagem ‘acredite em si mesmo’, La La Land pergunta: mas quais as consequências? Ryan Gosling (engraçado, mas contido) e Emma Stone (sonhadora, mas vivaz) têm de, por meio de suas carismáticas atuações, lidar com esse questionamento até o minuto final do filme, que chega a problematizar a própria noção de final feliz.
Em meio a figurinos coloridos, imagens de cartão postal e um mar de referências, La La Land arquiteta um mundo onde decisões maduras dão o tom. O adorável relacionamento de Sebastian e Mia faz sorrir (quase) o filme inteiro, mas no meio de idas e vindas amorosas há uma história tocante de arrependimento, escolhas difíceis, e as distâncias a trilhar para se alcançar a felicidade.”

Por Anderson Gomes, crítica publicada em 21 de fevereiro


Eu Não Sou Seu Negro (I Am Not Your Negro), lançado em 19 de fevereiro de 2017, dirigido por Raoul Peck

“Para minha satisfação, essa temática tem seu destaque no Oscar 2017 quando se trata dos documentários. Junto com ’13ª Emenda’, ‘I am not your negro’ concorre ao Oscar de Melhor  Documentário. E eu animadamente torço para que ganhe. Sua abordagem poética, emocional, lúcida e assertiva lhe confere merecida atenção e valorização. Um grande amigo, negro, acompanhava a sessão comigo (Ivo, seu lindo!) e partilhou do mesmo encanto para com o documentário que eu, o que me diz muito. Sua identificação legitima um dos mais importantes propósitos do filme: contar a História, por muito contada pelos ‘dominantes’, sob a ótica de quem sabe as consequências do outro lado e dar-lhes voz de representação.”

Por Larissa Moreno, crítica publicada em 16 de fevereiro 2017

Paterson, lançado em 20 de abril de 2017, dirigido por Jim Jarmusch

“Em meio a filmes que contam histórias através de 7 milhões de cortes por segundo e uma explosão a cada arroto ou peido, Jim Jarmusch opta pelo quieto, silencioso, trivial, mas que nos detona tão mais pesada e duramente do que qualquer outra bola de fogo barulhenta desses títulos que o público já está acostumado. Paterson fala sobre cada um através da alegoria desse motorista, não sendo desagradável, nem pessimista. Pelo contrário, a sua conclusão, dentro desse universo corriqueiro, é esperançosa. Ele poderá continuar sendo Paterson; não a cidade ou o filme, mas ele mesmo. Pois o que foi tirado dele pode ser reinventado pela sua força de vontade. (…) Paterson – o filme – fala sobre nós, sobre mim e sobre você.”

Por Rene Michel Vettori, crítica publicada em 20 de abril de 2017


Sobre Viagens e Amores (L’estate addosso), lançado em 4 de maio de 2017, dirigido por Gabriele Muccino

“O elenco nos faz pensar em transformar a categoria ‘Melhor Elenco’ em obrigatória para qualquer premiação, não somente o SAG. Que atores! Jovens, lindos e impecáveis. A força que imprimem a suas personagens cria na tela figuras completamente verossímeis, frágeis e fortes ao mesmo tempo, totalmente humanas. É um quarteto que merece todos os aplausos. Brando Pacitto deixa aquela sensação de ‘nasce uma estrela’ e Matilda Anna Ingrid Lutz faz lembrar a força impetuosa de uma Jane Fonda jovem. Você sai do cinema, no mínimo, querendo ser amigo daquelas pessoas.
Sobre viagens e amores é um pequeno filmaço. Quente, forte, bonito. Tal como o verão. Tal como viajar. Tal como amar. O refrão da música-tema resume a sensação: ‘Antes que o vento nos tire tudo e setembro nos traga uma felicidade estranha pensando em céus de fogo, ai, breve amor infinito, respira esta liberdade…'”

Por Marco Medeiros, crítica publicada em 3 de maio de 2017

A Promessa (The Promise), lançado em 11 de maio de 2017, dirigido por Terry George

“Com um final surpreendente, o filme mostra os acontecimentos baseados em histórias reais sobre todas as atrocidades – como o afogamento em massa e a marcha da morte com destino ao deserto de Deir ez-Zor – cometidas antes e durante o êxodo de mais de um milhão e meio de armênios da Turquia, povo este oriundo da península da Anatólia, com mais de quatro mil anos de história, que sofreu inúmeras invasões e a maior diáspora dos tempos modernos.
Num discurso, para tranquilizar seus oficiais sobre as consequências da invasão da Polônia proferido poucos dias antes, em 22 de Agosto de 1939, Adolf Hitler declarou: ‘Quem fala, ainda hoje, sobre o extermínio dos armênios?’
E é exatamente para que essa fala de Hitler não se torne uma verdade que se presta a obra de Terry George.”

Marcos Almeida, membro do Clube Armênio de São Paulo, nos agraciou com o texto sobre este filme que trata do genocídio armênio, tema tão sensível para essa comunidade. Crítica publicada em 11 de maio de 2017


Frantz, lançado em 22 de junho de 2017, dirigido por François Ozon

“François Ozon não precisava, mas provou mais uma vez o porquê de ser um dos cineastas mais celebrados em nossos tempos. Frantz é cinema em estado puro, profundo sem ser pedante, tocante sem ser meloso, simples sem deixar de ser complexo. E, no fim, leva-nos a questionar até mesmo o poder libertador da verdade, pois, quando se trata de humanos, nada é tão definitivo assim. E deixa também uma notinha bonita de esperança, de vontade de vencer a escuridão da guerra. De despertar a aurora que fecha o poema de Drummond: ‘Havemos de amanhecer. / O mundo se tinge com as tintas da antemanhã / e o sangue que escorre é doce, de tão necessário / para colorir tuas pálidas faces, aurora.'”

Por Marco Medeiros, crítica publicada em 22 de junho de 2017

Okja, disponibilizado pela Netflix em 28 de junho de 2017, dirigido por Joon-ho Bong

“O filme vem sendo tema controverso, não pelo que apresenta, mas sim por onde é apresentado. Não ter sido exibido nos cinemas, indo diretamente à Netflix é uma facada para todo cinéfilo que se preze. Todavia, em sua essência, a película é cinematografia nua e crua. Com suas imagens, Bong ilustra o que não consigo descrever, desenha traço atrás de traço o que é a relação entre humano e animal, que tanto poderia florescer. Mais do que isso, fez-me perceber, que carne já não posso comer. Mais uma vez a arte me concede batalhas a lutar, revoluções individuais a ebulir, lágrimas a escorrer, num instinto irresistível.”

Por Thotti Cardoso, crítica publicada em 29 de junho de 2017


Dunkirk, lançado em 27 de julho de 2017, dirigido por Christopher Nolan

“Com algumas das cenas mais lindas do Cinema neste ano de 2017, Christopher faz um fantástico filme, desde um roteiro preciso às atuações primorosas de gigantes, contando com os impecáveis Tom HardyMark RylanceCillian Murphy e Kenneth Branagh, dentre outros. E em meio às constantes medidas isolacionistas de um Reino Unido que tenta ferozmente fugir da atual crise européia, Nolan nos apresenta uma obra brilhante de ingleses para ingleses lembrando que, certa vez, a união foi responsável pela vitória contra o maior trauma da Humanidade. Colocando como heroica aquilo que a priori poderia parecer uma ação covarde, Dunkirk é uma ode à frase que conclui o supracitado discurso de Churchill. Com olhos em lágrimas, ao som dos aplausos de uma sala de cinema lotada, relembrei que… ‘nós nunca deveremos nos render!'”

Por Rene Michel Vettori, crítica publicada em 27 de julho de 2017

Blade Runner 2049, lançado em 8 de outubro de 2017, dirigido por Denis Villeneuve

“No mais, Blade Runner 2049 é outro acerto na carreira de Denis Villeneuve. Desde a primeira cena, percebe-se que estamos diante de um diretor – assim como Ridley Scott em 1982 – em total controle de sua técnica. Uma das principais qualidades do diretor canadense é contar uma história em um ritmo que deixa entrever as diferentes peças de um quebra-cabeça narrativo ao mesmo tempo em que instiga o espectador a questionar os diferentes significados das intenções dos personagens. É um cinema inteligente e estimulante, que interroga mais que do que afirma.
Em resumo, Blade Runner 2049 consegue o que parecia impossível: expande as temáticas do filme original sem usá-lo como lugar-comum nostálgico. É um filme enigmático, até mesmo provocante, e que transporta o espectador para um mundo aparentemente familiar, apresentando extraordinárias e também assustadoras surpresas. Ou seja, eleva o ‘estranho’ à categoria de obra de arte.”

Por Anderson Gomes, crítica publicada em 5 de outubro de 2017


A Guerra dos Sexos (Battle of the Sexes), lançado em 19 de outubro de 2017, dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris

“Saí do filme há algumas horas e lhes escrevo ainda imersa e fisgada na partida de tênis que ocupa os momentos finais do longa. Confesso que jamais imaginaria que ficaria vidrada em uma. Tênis é chato (opa). Com um sorriso e lágrima cambaleando pelo rosto, posso dizer com firmeza que o filme não saiu de mim, contudo. E esse é um enorme privilégio. Por fim, perigando cair em um egocentrismo desmedido, digo: até que sou espertinha sim. Sem diminutivos. Ensinemos às mulheres a tecer elogios para suas qualidades, e não mais aceitá-los acanhadas, em migalhas e ainda forçando modéstia. Não se olhem apenas de relance no espelho; contemplem-se.”

Por Larissa Moreno, crítica publicada em 20 de outubro de 2017

Mãe! (Mother!), lançado em 21 de setembro de 2017, dirigido por Darren Aronofsky

Alvo de nosso segundo Movie Battle, Mãe! polarizou dois lados aqui do site. Foram três resenhas, uma enxovalhando (vai se foder, Marco!) e duas visões diametralmente opostas em sua análise, mas unânimes ao eleger a obra como a única a receber a nossa 6ª e dourada claquete. Mãe! é o filme mais bem avaliado do ano no MetaFictions e o mais bem avaliado de nossa ainda curta história.

“Cheguei à Estação Ipanema, minha única e última pátria, respirando fundo, com passadas largas. Entrei no cinema e abri os braços. Terminei de joelhos, aplaudindo solitário, com as lágrimas ecoando pelas bochechas rosadas. Em 2 horas estava contada a mais triste das histórias. Com o uso de apenas uma casa, Aronofsky foi capaz de esmiuçar a melancolia de Meca até Canaã. O vício de preencher, a insistência em existir e se convencer com sussurros noturnos que no céu tudo é perfeito, enquanto convertemos o que temos no nosso inferno particular. Seguindo falsos profetas e banhando-nos em seu sangue, traçamos nosso caminho de horror.”
Por Thotti Cardoso, crítica publicada em 22 de setembro de 2017

“Em Mother!, Darren se vale da sua carreira extremamente sólida para realizar algo tão sincero e tão verdadeiro que o resultado é o que estamos a ver: uma divisão brutal da crítica. O filme não é para o grande público. Essa é a sua expressão pessoal mais visceral, por isso tão carregada de simbologias que fazem de cada elemento narrativo algo de uma profundidade absurda. Somos tragados pela história de forma que não conseguimos mais ver o topo, a saída. A profundidade nos leva através de uma correnteza devoradora. O filme se sustenta por si só. O filme se sustenta em cada uma das (para mim) seis leituras possíveis. O filme não para após os créditos, mas desafia suas percepções por horas, dias, semanas. E, exatamente por isso, trata-se de uma obra-prima, de Arte em seu estado mais pleno.
Não há um só título, em toda a sua filmografia, que não seja perfeito. Há, no entanto, três ou quatro que extrapolam o perfeito. É o que chamamos, usualmente, de obra-prima. Mother! é uma delas.”
Por Rene Michel Vettori, crítica publicada em 28 de setembro de 2017

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