Crítica: Fútil e Inútil (A Futile and Stupid Gesture)
Se você também acha que o conteúdo exibido em “Friends” seria considerado ofensivo se passasse atualmente (apesar de ser minha série de comédia favorita), então não faz ideia do que era “politicamente incorreto” na década de 70. Há quase 50 anos, nasceu a revista, agora extinta, National Lampoon, da mente criativa e pirada de Doug Kenney, que, se vendida hoje, seria o resultado da mistura de piadas machistas, as drogas usadas pelo Felipe Smith e qualquer uma das cartas brancas do jogo Cards Against Humanity (sério, só pesquisa). Essa zoeira sem limites rendeu uma meia dúzia de filmes e foi o principal assunto da biografia de seu autor, Fútil e Inútil, mais uma produção da Netflix. Infelizmente, ela segue o horror que foi “Step Sisters” (resenhado aqui semana passada), sendo uma interpretação literal do título.
Seguindo aquela típica fórmula de ascensão e queda, o filme conta história de Doug Kenney (Will Forte), desde seu período de sexo e dorrrgas em Harvard até a expansão de sua revista para outros meios, mas sem abandonar o sexo e as dorrrgas. Essa loucura fez muito sucesso nos anos 80, também, graças ao apoio de alguns sujeitos familiares da época, como John Belushi (o Jake de “The Blues Brothers”) e Harold Ramis (um dos protagonistas de “Ghostbusters e roteirista de “Feitiço do Tempo”). Mas apesar disso e da história ser contada de uma maneira um pouco interessante, não deixa de ser uma biografia desastrosa.
A lista de erros desse filme é do tamanho da trilogia de “O Senhor dos Anéis”: gigantesca. Não só o roteiro é um erro por si só, mas a história é cheia de furos e várias coisas nunca aconteceram na vida real. O coitado deve estar se revirando lá embaixo, gritando “PARA COM ESSA PORRA!”. Pior que isso só o elenco e sua caracterização, super barata e que varia entre ok e horrenda, com exceção de Domhnall Gleeson (irreconhecível na pele de Henry Beard, sócio de Kenney) e de Lonny Ross que interpreta o diretor Ivan Reitman. Porém, as mais “questionáveis” são as de Belushi e Chevy Chase. Strike 2, hein, Netflix?! Se lançar mais uma droga, o respeito cai de vez!
Mesmo que seja até legal perceber que o liberalismo do tempo dos hippies é o nosso conservadorismo, essa bomba é repleta de chatice e momentos “engraçados” que fazem aquele seu tio das piadinhas (ou até eu) parecer um gênio da comédia. Quer um conselho? Se você vir isso na sua lista de “recomendados”, só evita. Mais vale você gastar o seu tempo caçando memes do que assistindo essa joça.
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