Garimpo Netflix: Filmes Subestimados
Seja pela pouca visibilidade (neste país, pelo menos), seja pelo baixo orçamento ou, simplesmente, por uma sinopse/enredo que sugere pouca inspiração, os filmes que compõem este Garimpo específico não se tratam de obras realmente destacáveis no cenário cinematográfico atual, mas amargam – todos eles – médias abaixo de 6,0 no IMDb. Longe de ser um Garimpo Passe Longe Daqui!, a realização de todos eles merece, sim, o seu aplauso individual.
Repito que não é o caso daquele filme independente que traz uma visão diferenciada ou que ousa em determinados aspectos do fazer Cinema. São obras que evocam elementos já vistos anteriormente, mas que resultaram em realizações, no mínimo, interessantes e que merecem o seu olhar atento. Apesar disso, gostaria que você, nosso caro leitor, sinta-se livre para me esculachar diretamente se considerou que as indicações presentes nessa publicação te fizeram perder seu tempo. Quero acreditar muito que isso não acontecerá. Mas, ao que parece, foi o que ocorreu à maioria daqueles que avaliaram as produções no IMDb.
No entanto, se você ama Cinema como eu, sabe que é muito melhor um filme ruim do que não existir filmes. De todo modo, eu gostei mesmo de cada título aqui descrito e, por todo este contexto, fiquem com o Garimpo Netflix: Os Subestimados.
– Amizade Desfeita (Unfriended), de 2014, dirigido por Levan Gabriadze.
O que me despertou curiosidade para ver este filme foi quando soube que todo ele era uma tela de computador, na qual acompanhamos a conversa de uma pessoa com seus amigos via skype. De filmagem mesmo o que temos são os vídeos dos outros personagens que estão online no chat. Sem ser convidada, o perfil de uma garota que não está mais viva entra no grupo e começa a criar situações para cada um dos envolvidos.
Toda a história por trás desse avatar misterioso é contada por meio de redes sociais que vão nos sendo reveladas pelos cliques da tela principal que estamos a acompanhar. Como se o filme fosse a captação da tela do computador da protagonista. E é isso! E tão somente isso.
Assisti ao filme como desafio para ver se era possível me segurar, nessa narrativa, por 1h23. E, cara, na boa, Levan Gabriadze consegue isso com louvor. Você pode achar a história boba (no que a maioria dos filmes de terror peca), por vezes sem explicação (o que, no duro, pode ser até melhor), mas com esse conto de suspense/terror, o diretor faz sua crítica social, entretém e realiza sua produção com baixo orçamento.
Se você fica o dia inteiro na tela do seu celular ou computador, deve ser fácil acompanhar pouco mais de 1h da tela de outro, não?
– Deusa da Vingança (Sam Was Here), de 2016, dirigido por Christophe Deroo.
Sam (Rusty Joiner) é uma espécie de caixeiro viajante, que está passando pelo deserto californiano em busca de clientes. O isolamento da região é um prenúncio da “cidade-fantasma” que ele encontrará. Todos parecem evitá-lo, inclusive sua mulher, que não atende aos telefonemas diários de Sam. Em paralelo, o único programa que ouve na estação, quando está dirigindo, fala sobre um psicopata que está rondando a região.
Tudo começa a ficar ainda mais obscuro quando, anonimamente, Sam é hostilizado com recados de que ele é o criminoso.
O filme não te segura pela mão, ele não conclui uma ideia exata. O clima é o suficiente para você embarcar nessa narrativa envolvente e que – ainda bem! – permite que o espectador participe ativamente ao buscar respostas e complementos para a lacuna deixada, propositalmente, por Christophe Deroo.
– Road Games, de 2015, dirigido por Abner Pastoll.
A sinopse é simples, remonta a algum outro filme (ou vários), e é a seguinte: Jack (Andrew Simpson), após levar um pé na bunda da namorada, está nas vias rurais da França pedindo carona, quando encontra uma garota que ele julga merecer sua proteção. Ambos tentam carona, a partir daí, enquanto vão se conhecendo. A dificuldade de conseguir é enorme, pois há placas que alertam quanto aos perigos de abrigar um desconhecido.
Antes que o filme perca credibilidade neste exato momento da sinopse – “quem é o imbecil a fazer isso, indo contra as orientações das autoridades?” – saiba que a garota, Véronique, está nas mãos da desnecessariamente-absolutamente-fantasticamente-linda-maravilhosa-perfeita Joséphine de La Baume. Então, meu amigo, qualquer pessoa em sã consciência daria carona para ela em qualquer circunstância. Percebe?
De todo modo, o novo casal deverá lutar pela sobrevivência, mesmo depois que um senhor realiza a tal caridade, pois por aquela área há um psicopata à solta. Eles encontrarão uma possibilidade de refúgio na casa deste misterioso personagem, onde mora com sua mulher (casal esse que mete mais medo do que qualquer psicopata, amigo!) e continuarão na luta diária para garantir o retorno à casa.
Tensão, mistérios e uma narrativa segura, tudo isso aliado a 1h35 minutos de Joséphine de La Baume em cena, é mais do que suficiente para você ficar de olho completamente grudado na tela.
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