Pitaco MetaFictions - Oscar 2018
“Nós apenas seremos lembrados por aquilo que criamos” (Mille Petrozza)
A condição de imortalidade de um ser humano é a presença de sua obra, que resiste à passagem do tempo. Um sem-número de produções permanecem no nosso imaginário, independente de quando foram realizadas. Algumas nunca se destacaram no cenário mundial, outras estão presentes nas listas pessoais da maioria. Apesar disso, outras tantas que ganharam os louros da vitória, carregando estatuetas douradas, em muito pouco tempo são esmagadas pelo poder seletivo de nossas memórias.
Neste mês de março, no exato dia do aniversário de quem vos escreve, a festa mais cobiçada do meio Hollywoodiano realiza sua 90ª edição, trazendo títulos que serão inesquecíveis para uns (isso é muito possível de determinar – o caso de “Me Chame pelo Seu Nome“ para a comunidade LGBTQI e resenhado com verve e delicadeza por Marco Medeiros), mas indicando também outros que, em um par de anos, suscitarão uma ruga na testa, em expressão de um exercício de lembrança de cada qual.
Como de costume, o MetaFictions apresenta seu “Oscar” pessoal, apresentando os votos de cada um de nossos colaboradores (com a honrosa exceção de Vlamir Marques) em 12 das principais categorias, bem como o palpite de cada a respeito de qual obra ou artista será premiado pela Academia nestas mesmas categorias, já que, quase sempre, há uma orientação previsível na premiação.
Leia, comente e… “love us or hate us”!
Melhor Montagem
A edição é um dos três processos indissociáveis do fazer Cinema (a saber, roteiro e direção sendo os outros dois). Desde os russos, quando o cinema passou a ser contado através do corte, pela justaposição de planos de imagem, a edição mostra a sua importância. Muito da magia dessa arte acontece aqui.
Melhor Cinematografia
Para contar nossas histórias, necessitamos escrever com a luz. As cores, a iluminação, a atmosfera toda criada pela cinematografia é mais um dos igualmente importantes processos do Cinema. Devemos à cinematografia o falar das imagens, a poesia daquilo que vemos, a sensação do que contemplamos.
Melhor Animação
Não nos importa como um filme é feito ou que recursos são utilizados. Não nos importa se as estrelas são de carne e osso, desenhadas ou renderizadas. O que nos importa sempre é ver e sentir um filme. Para aqueles que nos emocionam através da animação do que quer que seja.
Melhor Filme Estrangeiro
Não raro os melhores filmes estrangeiros são os melhores filmes. Ponto. Mas já disse que a festa é da “América para americanos”. Sendo assim, os melhores filmes de língua não inglesa são relacionados à parte. E, quase sempre, guardam seu lugar na antologia do cinema.
Melhor Roteiro Adaptado
“O livro é melhor que o filme”. Essa frase, pra mim, sempre fez tanto sentido quanto “comer laranja é mais gostoso que ar condicionado”. Ou seja, a comparação, em ambos os casos, é absurda; sem qualquer sentido. Adaptar outra mídia – qualquer que ela seja – é árdua tarefa para os roteiristas.
Melhor Roteiro Original
Tudo começa na ideia. E ela se faz concreta no papel. Uma boa ideia é fácil de se ter. Um bom roteiro é o Inferno a se enfrentar. Traduzir em palavras que se tornarão imagens a sensação que se quer passar é tarefa semelhante a do escultor que faz da pedra bruta uma peça de Arte.
Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator Coadjuvante
Como um alicerce que mantém a solidez da construção, assim é o ator coadjuvante, que sustenta parte da obra em seu papel. Mesmo posto em segundo plano, sua função é primordial para o funcionamento do todo.
Melhor Ator e Melhor Atriz
Eu sempre digo que um excelente personagem é meio caminho para um excelente filme. É por ele que reservamos duas horas de nossas vidas, para acompanhar cada minuto de sua jornada. É a ele que devemos a história que contemplamos. Sua força, em parte, está na sua encarnação do ator/atriz.
Melhor Diretor
O maestro, aquele que rege, o que une a visão com a audição e a sensação. São muitos “instrumentos” para serem colocados em perfeita harmonia. E o sacrifício mental e físico desses que recebem toda a pressão do filme resultam em uma criação que persiste pelo tempo. “O sacrifício é passageiro, mas o filme permanece” (Alejandro González Iñárritu).
Melhor Filme
Poucas coisas no mundo tem efeito tão grande sobre mim quanto um filme. Alguns muitos estão sempre do meu lado, sendo constantemente revisitados, como se eternizados em minha vida. A união de frames que criam, em seu conjunto, uma preciosidade a ser guardada em uma Arca de Noé cinematográfica.
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