Crítica: B: The Beginning

A NETFLIX cada vez mais tenta se consolidar no mercado de animes, buscando licenças, fazendo o simulcast (quando exibe o anime no Brasil horas após sua estreia no Japão) e produzindo conteúdos originais. Com muito êxito nesse ano de 2018, ela segue a empreitada com sua mais nova produção, B: The Beginning, do estúdio Productions I.G..

Chegando aos seus 31 anos de existência, a Productions I.G é responsável por inúmeros clássicos em séries com grande diversidade de temas, incluindo aqui alguns policiais, como os prestigiados “Psycho-Pass” e “Ghost in the Shell. Era, então, de se esperar a entrega de um produto de altíssima qualidade técnica e artística. Para efeitos de desenvolvimento da crítica, spoilers serão dados a partir de certo ponto. Caso você não faça a menor ideia do que se trata o anime, recomendo que pule certos parágrafos (que serão sinalizados).

B: The Beginning é dividido em duas partes de igual duração (6 episódios), com ritmos, desenvolvimentos e intensidades diferentes. Talvez, por ter essa proposta – que não é inovadora, vide muitos filmes que se valem dessa narrativa – em um produto de cerca de 5h de duração, a obra tenha criado a sensação de abandono que senti na sua 1ª metade.

Nela somos apresentados aos 3 núcleos que regem o anime: um assassino em série conhecido como Killer B, um importante detetive chamado Keith Kazama que integra uma unidade especial da polícia real (estamos em um arquipélago que lembra muito um principado) e um grupo de criminosos com visuais e posturas excêntricas.

O que sabemos deles? Absolutamente nada. São 3 núcleos com pouca interação e sem motivação aparente. Caso você esteja se perguntando quem são? De onde vieram? O que querem? Como se conectam? Por que as coisas acontecem? Seja bem-vindo ao clube. Você passará 6 episódios ganhando fragmentos de informação sem qualquer orientação do que fazer com eles.

Era muito nítido que algo aconteceu no passado e que isso seria o ponto de união das histórias, mas ficamos no escuro até chegar ao 7º episódio. Até esse ponto, apesar do anime ser impecável visualmente, ter belas cenas de ação, diálogos bem escritos e uma trilha sonora arrebatadora, eu não havia me conectado com absolutamente nenhum personagem. Pouco me importava a morte de alguém, o que é lamentável em uma série.

(parágrafo spoiler) Só quando ficamos sabendo que Kuko (Killer B) e o Market Maker (a tal organização “criminosa” – na verdade ligada ao governo) são uma espécie de semi-deuses criados em laboratório a partir de fósseis de 13 antigos seres divinos e que um violento evento ocorreu na instituição onde eles foram criados há 8 anos, envolvendo certos graus de parentesco com membros da equipe de investigação, é que a história ganha contornos interessantes.

(parágrafo spoiler) Somos apresentados a uma trama semelhante ao do “V de Vingança”, profundamente inspirada pelo amor e o desejo inerente de vingança que surge da dor emocional infligida por terceiros. Personagens ganham profundidade e entendemos eventos ocorridos lá nos 1os episódios. A história segue outro rumo, abandonando a perseguição ao Killer B (e também a imagem que foi vendida da série) e virando um anime de derrubada de grupos conspiratórios.

B: The Beginning não está no mesmo patamar de grandes animes policiais como “Psycho-Pass“, “Paranoia Agent“, “Monster” e “Death Note, mas também não te deixará decepcionado. É uma série bem dirigida e dublada (inclusive em português), com um visual que, apesar de não trazer nada inovador ou se destacar estilisticamente, agrada.

Bom trabalho, NETFLIX.

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