Crítica: Como Sobreviver a um Ataque Zumbi (Scouts Guide to the Zombie Apocalypse)

O que aconteceria se o roteirista de “American Pie” fosse contratado pra escrever um filme spin-off de Walking Dead passado no primeiro dia da infestação zumbi? Você provavelmente teria algo muito parecido com Como Sobreviver a um Ataque Zumbi, um filme que praticamente não estreou aqui quando de seu lançamento em 2015, o que foi remediado pela Netflix semana passada.

A proposta do filme é simples e, pasmem, bem legal!

Três escoteiros cresceram e agora estão no inicio do segundo grau. Um deles – o gordinho meio atrapalhado – perdeu o pai recentemente e o que o ajuda a superar a tragédia são os acampamentos que faz com seus dois melhores amigos, um guri meio malandrilson que quer arrumar uma gatinha pra transar e um outro bonzinho apaixonado pela irmã do malandrilson. Hoje à noite, em mais um camping nas cercanias da cidade, o gordinho receberá a condecoração máxima que um escoteiro pode receber, mas os dois amigos mais espertinhos foram convidados para uma festa dos veteranos em um lugar secreto. O que eles devem fazer? Mostrar sua amizade ao menino órfão ou crescer e ir à sua primeira festa de high school? Enquanto eles decidem entre o correto e o divertido, a cidade é infestada por zumbis e apenas as habilidades low tech dos escoteiros poderá salvar o dia.

Se um filme com este enredo tivesse sido lançado entre 1986 e 1996 e fosse PG-13, teria sido sucesso absoluto de bilheteria como summer flick pós-Goonies pro público meso-adolescente, mas o filme tenta ser “Se Beber Não Case” misturado com “Zombieland”. Só que Zombieland tem Woody Harrelson como Woody Harrelson, Jesse Eisenberg como Michael Cera e Emma Stone como “that badass chick with a shotgun” e “Se Beber Não Case”, apesar de ser um grande cocozão foi lançado na época certa, com o elenco certo e pro público certo. Por que diabos é tão difícil fazer um filme adolescente legal hoje em dia?! Sério! O cara tinha tudo pra fazer um filminho divertido perfeito pra assistir na sessão da tarde: Produção mega profissional de um estúdio gigante como atores bacaninhas, atuações convincentes, trilha sonora antenada com os tempos.

Whoa! Zombie Boobies! Let’s take a selfie!

Mas em 2015, com um mercado já saturado de zumbis, com toda a questão do empoderamente feminino, o camarada lança um filme recheado de peitinho como se estivéssemos numa quinta feira de madrugada na Bandeirantes, piada pastelão sexista (com direito a piru elástico, peido, cocô de alce, stripper, rimming cunnilingus morto-vivo) misturado com apocalipse zumbi… fica muito boçal. O tipo de coisa que só o bebum que frequenta chopada com aquela caneca pendurada no pescoço acharia graça. O lance é que esse cara tá sempre chapado demais (e duro demais) pra ir ao cinema e o filme passou abaixo dos radares de quase todo mundo em seu lançamento. Não é muito surpreendente que tenha custado 15 milhões de doletas e faturado minguados $3.8.

O que deu errado? Eu lhes digo: Os roteiristas (um time de 5!) são mais conhecidos por escreverem filmes do Martin Lawrence (sem o Will Smith!) e o diretor (Christopher Landon) é o responsável por perpetrar a franquia “Paranormal Activity” e outros filmes de terror do mesmo escalão. Minha frase de abertura faz mais sentido agora? O que teria sido legal de ver – os guris reencontrando a amizade de infância enquanto detonam zumbis com canivetes suiços e nós-de-escota – só aparece no fim com uma montagem fraquinha no estilo “Rambo” se armando em uma loja de conveniência. Até a maneira como os zumbis se espalham pela cidade (a cena inicial) se torna ridícula quando força a barra pra tentar ser mais engraçada do que de fato é.

Senhores roteiristas frequentadores do MetaFictions, fica meu apelo: Depois de “Everything Sucks” e este “Guia dos Escoteiros da Zombilândia”, bora fazer um “Super Xuxa Contra os White Walkers” e vender pra Netflix? Olha que rola hein! (Nota do Editor: Bora!)

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