Crítica: Conspiração Terrorista (Unlocked)

Um dos temas que mais vem sendo explorado pelo cinema atualmente é o terrorismo islâmico ou algo ligado a esta cultura de uma forma geral. Seja do ponto de vista do imigrante muçulmano que sofre preconceitos, seja da ótica de ocidentais que veem neste grupo uma ameaça para o seu “mundo intocável”, a temática está ali rendendo um sem-número de filmes a cada ano. O novo lançamento da Netflix, Conspiração Terrorista, é mais um para constar desta lista.

Lançado em 2017 no Reino Unido e EUA e com os direitos de distribuição internacional adquiridos pela Netflix logo em seguida, o filme de Michael Apted conta a história de uma interrogadora da CIA que está afastada do trabalho de campo, atuando como uma espécie de assistente social. Ela é Alice Racine (pela sempre bela e ótima Noomi Rapace) e, após ter passado por um trauma de não ter conseguido evitar uma explosão promovida por um atentado terrorista na França, não tem tido muito desejo de voltar à ativa. Porém, a interceptação de um plano de ataque biológico em Londres a força a voltar à sua atividade principal.

Um alvo dentro do sistema.

Chamada por alguém da Inteligência para interrogar um jovem muçulmano identificado como membro do grupo a realizar tal ação, em seus primeiros momentos de volta ao campo, Alice percebe que é um alvo daquela própria equipe que a convocou. Para seu estranhamento, sua rede de conexões de espionagem, gerida por Bob Hunter (o excelente John Malkovich), desconhece os integrantes que estão dividindo o mesmo suspeito e utilizando-se do trabalho impecável da interrogadora. Alice nota, portanto, que sua luta é combater o terrorismo não apenas em um plano externo, mas essencialmente interno, ao se dar conta de que há infiltrados na CIA se utilizando dos recursos disponíveis para driblar o sistema de investigação, de modo a tornar concreto o plano de ataque.

Um trhiller de espionagem, mistério e ação se desenvolve, enquanto muitas daquelas cenas conhecidas em filmes desses gêneros vão passando, novamente, à nossa frente: encontros casuais, a priori, mas que se descobrem forjados; mentores confiáveis que podem ser suspeitos; a verdade antes inabalável que se apresenta agora como mentira deliberada. Alice, que sempre vira em seu trabalho uma forma de salvar vidas ao impedir poderosos ataques à sua comunidade, se vê como um mero títere de uma conspiração muito maior, que envolve altos escalões do sistema.

“Não confie em ninguém”.

Se a sinopse do filme já não era muito inspiradora, tão menos é o seu desenvolvimento e as cenas que se costuram em um roteiro fraco, sem grandes lampejos, contando tão somente com ótimos atores que fazem aquilo que costumam fazer de melhor. Mas, peneirando isso, a trama não é envolvente, a temática (apesar de boa, atual e necessária) não aprofunda em suas possibilidades, e as sequências de mistério e ação não são suficientes para tentar esconder um filme apenas genérico, que esboçou uma crítica semelhante àquela frase que circulou quando dos ataques de 11 de setembro: “não podemos nos esquecer que ações como essas são promovidas pelo próprio governo do país”.

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