Crítica: Lá Vêm os Pais (The Week Of)

Parece haver uma tradição entre os comediantes saidos do Saturday Night Live: eles começam com papéis ácidos, debochados, controversos e, quando nasce o primeiro filho, tornam-se aqueles atores de filmes de paizão, de vovozona, de familhão. Como se estivessem preocupados quando for o dia de visita dos pais à escola primária e ele for o único que não puder mostrar aos coleguinhas de seu rebento o que diabos ele faz da vida. Chevy Chase, Dan Aykroyd, Eddie Murphy (em especial esse último, que foi de “Mister Fuck You Man” a “Dr Doolitle” em uma década) são alguns exemplos.

Adam Sandler não. Sandler se especializou em fazer o papel do judeu ingênuo bonachão que todo mundo gosta de graça. Mesmo em seus quadros no lendário programa de sábado à noite ele era sempre o chapa, o buddy, o engraçado só por estar lá, com aquele riso no canto dos lábios e aquele olhar panaca meio perdido.

Em Lá Vem os Pais, lançamento desta sexta-feira na Netflix, Adam Sandler se une a Chris Rock e Rachel Dratch, outros veteranos do SNL, para contar mais uma das histórias típicas de Adam Sandler. Em Long Island (a Duque de Caxias de Nova Iorque) um pai judeu boa praça (Sandler, sempre com aquela voz de “Little Nicky”) sem muita grana planeja o casamento da filha mais velha, noiva do filho de um riquíssimo cirurgião na Califórnia (Rock no papel de um McSteamy from the projects).

O filme explora o contraste entre o pai pobre, mas querido, do subúrbio e o pai rico e ausente da zona sul. Boa parte das piadas foca naquele tipo de humor constrangedor em que Chris Rock e sua família abastada são colocados em situações desconfortáveis que levam a típica educação politicamente correta dos americanos aos limites.

É aquele humor leve e seguro, meio bobo pra você assistir com seu filho mais novo e rir de piada de cocô e se sentir bem com o discurso final do paizão que honestamente só queria ver a filha feliz. Legal pra uma sessão da tarde ou pra esvaziar a cabeça depois de um dia estressante. No fim das contas o filme fala de relações familiares, do que faz com que uma familia seja uma familia e do que é, de fato, importante na vida. Não vai mudar a sua vida nem te mostrar nada que você já não tenha visto antes, mas se você conhece alguma familia suburbana barulhenta (se ela é judia, melhor ainda) ou se curte Adam Sandler fazendo o que ele foi colocado na terra pra fazer, então Mazel Tov!

Uma hora e 56 minutos de riso bobo? Por que não?

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.