Crítica: Family Blood

A NETFLIX liberou em seu catálogo nesse final de semana o drama familiar misturado com terror Family Blood. Com uma proposta no mínimo inusitada, Sonny Mallhi lança um novo olhar sobre a temática vampiresca esculpida dentro de um contexto da dependência química. Não é novidade que os filmes de vampiros servem muitas vezes para se discutir outros temas e se encaixam em diversos gêneros além do terror, como bem você pode ver no excelente Garimpo NETFLIX: Vampiros! e no nosso Nostalgia: Os Garotos Perdidos. Caso você seja um entusiasta do tema, em breve traremos o nosso Top 10 Filmes de Vampiros e discutiremos a importância dos sanguessugas na história do cinema. Será que Family Blood fará parte desse legado?

Ao que couber à minha opinião, não. Infelizmente, apesar do longa apresentar uma boa proposta, ele acaba por desenvolvê-la de forma errática, sem saber direito onde se apoiar. Com um início focado no mundo da dependência química, conhecemos Ellie (Vinessa Shaw), uma mãe divorciada com dois filhos, Kyle (Colin Ford) e Kristen (Carson Meyer). Entramos aqui no meio de um recomeço da vida dessa família – diga-se de passagem que é algo bem comum nessas situações de dependência, vide o recente original NETFLIX “6 Balões” (com crítica no site) – em um novo lar. Com uma recaída – o que também é muito comum – Ellie é transformada por um conhecido do AA, Christopher (James Ransone), em uma vampira num ato de solidariedade, já que agora qualquer coisa que não seja sangue seu corpo rejeitará.

Mesmo com essa premissa interessante e mostrando que o vício de um vampiro em sangue é uma enfermidade tanto quanto é o vício de uma pessoa em heroína, Family Blood deixa escapar uma boa oportunidade de trabalhar o lore vampiresco dentro de um contexto familiar do custo emocional que essa dependência de sangue causa. Não há qualquer aprofundamento sobre o que é ser um vampiro ou sobre o que é ser um dependente químico. Em resumo, a obra não é um bom drama, nem um bom filme de terror.

O que temos é um filme que pega uma proposta apenas para apresentar um banho de sangue motivado por uma crise de abstinência, despirocando insanamente no seu terço final no quesito violência e tradições vampiresca, com estacas de madeira valendo sua reputação. O único trunfo do longa é mostrar que o sangue não está para um vampiro como a água está para os humanos, mas sim sendo algo que mexe com o cérebro de uma forma doentia. A famosa “sede por sangue” não é uma necessidade biológica para seu trato digestivo, mas sim uma necessidade psicológica para continuar a ser você mesmo.

O MetaFictions está no aguardo de um bom filme de vampiros que não brilhem no Sol e que, de preferência, continuem com essa dependência química. Caramba, Blade, cadê você?

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