Crítica: Homem-Formiga e a Vespa (Ant-Man and the Wasp)

Vamos ser honestos. Quem liga para o Homem-Formiga? Nem a própria Marvel parece dar muito valor, talvez sendo o personagem com filmes que menos se relacionam com os demais do MCU, parecendo até um spin-off, no que é um pouco parecido com os “Guardiões da Galáxia” – outra entrada do universo cinemático da Marvel com personagens ainda mais desconhecidos. Só que “Homem-Formiga” teve um desempenho pior, mesmo gozando de maior reconhecimento nas HQs da Marvel (compondo a 1a versão dos Vingadores) do que Peter Quill e cia. A grande diferença entre eles está na integração e importância que os Guardiões ganharam dentro do MCU, em especial no filme do “Vingadores: Guerra Infinita“, além de ter uma identidade própria, algo que falta na franquia do nosso amigo insectoide. Estreando em um longa decente e reaparecendo no 3o filme do Capitão América somente para compor número e mostrar que pode ficar gigante, Homem-Formiga e a Vespa chega aos cinemas tentando ganhar espaço nessa constelação já abarrotada de supernovas.

E não veja essa introdução de forma negativa. Diferente dos dois primeiros filmes do Thor, que são terríveis, o Homem-Formiga não estava em uma situação de resgate. Ao contrário, estava numa situação excelente para fazer algo novo e original sem muita repercussão no MCU devido ao seu distanciamento da maioria dos acontecimentos. Mais ou menos como a oportunidade que o filme do Dr. Estranho teve de cair na loucura mística e psicodélica que o personagem permitia, mas que acabou por fazer um feijão com arroz (bem temperadinho) que estamos acostumados a receber no gênero. Enquanto eu esperava por uma reinvenção estilo “Thor: Ragnarok, recebi mais um filme ok.

Homem-Formiga e a Vespa poderia ter sido um puta filme de sci-fi (aproveite pra conferir nosso Top 10 sobre o tema). Pense bem. Temos formigas gigantes – lembrando o clássico “O Império das Formigas” (1977) -, pessoas sendo encolhidas e vivendo em um mundo onde pequenezas do nosso dia-a-dia passam a ser obstáculos enormes – como em “Querida, Encolhi as Crianças” (1989) e tantos outros que envolvem seres gigantescos – e, como esse longa envolve o mundo quântico, poderíamos ter uma viagem alucinante por, literalmente, um universo nunca antes explorado (que no filme aparece brevemente), tanto quanto a viagem mística do Dr. Estranho. Fora a possibilidade de poder apresentar algo dentro do corpo humano, estilo “Viagem Fantástica” (1966).

Começamos o longa com um cenário preparado pós Guerra Civil e pré Thanos. Scott Lang (Paul Rudd) está no final de sua pena domiciliar por ter ajudado o Capitão América enquanto o Dr. Pym (Michael Douglas) e sua filha, Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), estão foragidos por terem “fornecido” a tecnologia que foi usada contra o team Homem de Ferro, violando o acordo de Sokovia. Obviamente que eles estão putos com Scott, que, por ter entrado no mundo quântico, conseguiu estabelecer contato com a primeira Vespa, esposa do Dr. Pym, Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer). É dessa relação que temos o desenrolar do filme. Para conseguir o que quer, o Dr. Pym precisa da mente do Scott, voltar ao mundo quântico e seu laboratório, que agora é móvel e portátil, passa a ser objeto de disputa entre uma vilã muito da esquecível acompanhada pelo Dr. Bill Foster (Laurence Fishburne) – e se você conhece esse nome sabe o que isso significa -, o FBI, que quer acabar de fuder a vida do Homem-Formiga, e Sonny Burch (Walton Goggins), um comerciante de mercadorias tecnológicas de ponta vendidas no mercado negro.

Homem-Formiga e a Vespa dá um passo adiante em relação ao 1o filme no que tange o desenvolvimento dos personagens, especialmente na família do Dr. Pym e com o aproveitamento das “aumentadas” e “diminuídas” de diversos objetos do nosso cotidiano durante as cenas de ação. E incrivelmente, mesmo tendo apenas uma longa cena de ação e outras duas com trocas de socos e chutes, o longa consegue se manter equilibrado. O mesmo não posso falar do tempo de comédia dessa vez, sendo talvez um dos piores nesse quesito do MCU nos últimos anos. Para fechar a tampa, grande parte da disputa pelo laboratório poderia ter sido resolvida com um “eu uso primeiro e depois de 10 minutos você usa, tá?” e o longa teria 40 minutos de duração. Isso pesou muito e não me deixou investido na história que pecou CONSIDERAVELMENTE no seu desenvolvimento.

Com toda certeza é uma entrada relevante dentro do MCU, já que temos reflexo direto da Guerra Civil nos personagens, e temos duas cenas pós-créditos inacreditáveis, uma pra bem outra pra mal. Vamos aguardar a participação do Homem-Formiga na segunda parte da Guerra Infinita e ver se podemos colocá-lo no hall dos grandes do MCU.

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