Crítica: Pai do Ano (Father of the Year)

Foi com o rufar dos tambores do apocalipse que, há coisa de 4 anos, chegou à internet a notícia de que a produtora de Adam Sandler, Happy Madison, havia assinado um contrato para entregar à Netflix vários longas. Dessa parceria, Adam Sandler estrelou 4 filmes até aqui, o inassitível “The Ridiculous 6”, o ruim “Zerando a Vida”, o passável “Lá Vêm os Pais” e o até que interessantezinho “Sandy Wexler”. Para além disso, a parceria também gerou “A História Real de um Assassino Falso”, estrelado por Kevin James, e agora vem nos “brindar” com este Pai do Ano.

Sandler fez escola em Hollywood. Muito como Jerry Lewis fizera décadas antes ao criar seu próprio gênero de comédia, Sandler fez o mesmo, também com resultados comerciais devastadores (ele já arrecadou mais de 4 bilhões de dólares com suas comédias), mas, ao contrário de Lewis, sendo esculachado pela crítica especializada a cada novo lançamento. Sua produtora deu ao mundo algumas das merdas mais fumegantes de todos os tempos em comédias estreladas por Sandler ou não, mas contando lá sempre com aquela mesma galera como protagonista (Kevin James, David Spade, Rob Schneider…), aqueles mesmos coadjuvantes que a gente só vê nos filmes deles, piadas físicas, comédia pastelão barata e uma sujeira “limpa” o suficiente para que as obras ainda possam ser consideradas como para a família toda, mesmo que politicamente incorretas na maior parte do tempo.

Já deixo claro aqui que eu adoro essas desgraças. Poucos filmes me fizeram rir tanto quanto “Um Maluco no Golfe”, “Gigolô por Acidente” e “Este é Meu Garoto”, todos comédias do subgênero Adam Sandler. Tratam-se de filmes completamente bestas e que cumprem seu papel de dar ao espectador uma hora e meia de boas risadas. Contudo, esta é a mesma produtora que trouxe ao mundo bombas absolutas como “Joe Sujo”, “Paul Blart” e “Cada um tem a Gêmea que Merece”, filmes que são tecnicamente horrorosos e que carecem de qualquer graça.

Fiz todo este intróito apenas para justificar o porquê de eu sempre começar a assistir a um filme deste subgênero Happy Madison/Adam Sandler com o cu na mão. São duas as possibilidades: ou eu vou rir bastante de piadas imbecis ou eu vou me desapontar pela absoluta falta de graça. E, infelizmente, este Pai do Ano se encaixa na segunda possibilidade, como tem sido a tônica destes filmes ultimamente.

Desta vez é David Spade que o estrela ao interpretar Wayne, um sujeito que, como todo protagonista desses filmes, é cheio de defeitos, mas que, no fundo, é gente boa e vai se redimir em algum momento. Ele é um bêbado, fodido e pai relapso de Ben (Joey Bragg), um aluno brilhante de alguma faculdade qualquer de New Hampshire que conseguiu seu emprego dos sonhos em Nova Iorque. Depois de uma conversa em que Ben e seu melhor amigo Larry (Matt Shively) discutem quem venceria uma luta entre Wayne e Mardy (Nat Faxon), pai de Larry, Wayne resolve, como o bom imbecil que é, tirar essa prova.

E é isso. Essa é a trama do filme e é a partir daqui que a coisa toda se desenvolve. Ainda que seja uma premissa extremamente forçada, este tipo de maluquice é geralmente perdoada quando a comédia nos faz rir. É, por exemplo, o caso de “Um Maluco no Golfe” que citei ali em cima, que conta a história de um cara agressivaço que adora hóquei e que entra em um campeonato de golfe para tocar o zaralho e ganhar o prêmio final para, desta forma, salvar a casa de sua avozinha.

O problema com Pai do Ano é que ele não é engraçado. Com raras exceções, e é daí que vem a meia claquete dada a mais na nota, o filme é apenas uma série de piadas batidas repetidas à exaustão, gente se esborrachando no chão e anedotas de cunho sexual das quais eu provavelmente teria rido com meus 12 anos. E isto tudo entremeado por atuações, à exceção de David Spade sendo David Spade e de um carismático Matt Shively, burocráticas e artificiais na maior parte do tempo e por um roteiro que tenta passar uma lição de moral de que devemos amar os nossos pais ao mesmo tempo que faz piada com sexo geriátrico.

Relendo esta crítica, percebo que falei muito mais de Adam Sandler e da Happy Madison do que do próprio fime. E isto talvez te dê uma noção mais correta do quanto Pai do Ano fracassa miseravelmente em sua missão de fazer rir.

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