CinePigmeu: Zion

Zion é a palavra em inglês para Sião. O Monte Sião foi onde o rei David habitou e onde ergueu-se o Templo de Salomão.

Zion é o nome de Clark, Zion Clark, um jovem lutador (wrestler) em todos os sentidos da palavra. Seu nome carrega uma história grandiosa. Sua vida, não menos fantástica.

Zion nasceu sem as pernas, foi abandonado por sua mãe biológica em orfanato, onde viveu longos anos, sendo judiado pelos demais internos e rejeitado por quase todos à sua volta. Ele tenta justificar essa recepção ao afirmar que tampouco era uma criança boa. Mas a verdade é que talvez isso apenas representasse uma resistência ao que o mundo oferecera a ele. De todo modo, foi adotado e cresceu. Usava pernas postiças, mas não se sentia bem com elas. Zion queria ser ele mesmo, andando com as mãos que sustentam o resto de seu corpo, em seu caminhar diário.

Zion entrou em um grupo de wrestling, onde também não era a pessoa mais bem recebida, com exceção do seu emocionado técnico. “Meu maior sucesso é ele”, fala o treinador, em lágrimas de felicidade e superação conjunta. Fortalecendo-se a cada dia – até virar uma tora humana, tal qual é hoje – as habilidades do garoto vão sendo cada vez mais lapidadas (com um David de Michelangelo) até que se torna o melhor lutador do grupo. Aquele mesmo, que nascera sem as pernas.

Zion é o belíssimo curta-documentário, dirigido por Floyd Russ, que conta, em 11 minutos, a cinematográfica e inacreditável história de alguém que preferiu lutar e resistir à ceder aos – a priori – intransponíveis obstáculos que o mundo cruelmente o ofertara. Muitos usam tais verbos levianamente. Zion Clark os emprega e os vive, de fato. Este conto real fala por si só e apesar de, por vezes, a obra parecer um trailer longo, pela rapidez com a qual as cenas e falas são costuradas umas às outras, a essência de sua história é tão sublime que nos imobiliza como em um dos golpes comuns ao tatame onde sua o inabalável menino.

Com a carga emocional, a profundidade e a força inerentes a esta história, espera-se que os breves minutos sejam um cartão de visitas de Russ para conseguir contá-la mais detalhadamente em um longa, dando tanto mais voz a um ser tão inspirador.

Zion é a própria encarnação da fala de Virgílio: “A Fortuna favorece os destemidos”.

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