Crítica: The After Party

Ando com muita preguiça de homens no geral, portanto, a visão de mundo masculino tem sido por mim tão somente tolerada e tal impaciência pode ser a justificativa para uma crítica marcada por falta de saco para o filme The After Party. Como se é de imaginar por meu anúncio, o longa traz uma história patética contada pela perspectiva masculina em um campo dominado por homens, dentro da sociedade também já dominada por eles: o hip-hop. É claro que não esperava eu aqui um verdadeiro manifesto feminista pois, como já esclarecido, trata-se de um universo em que o sexo masculino repetidamente minimizou as mulheres, objetificadas nas letras, o que, como consequência, dificulta inserção digna na profissão (vide Nicki Minaj e demais que se inserem contanto que “dancem conforme a música”, reproduzindo toda a merda já estabelecida como padrão para mulheres).

Ok, depois de vomitar todo meu desgosto para com essa indústria – que, alto lá, não estou falando que NASCEU assim. Meu ponto é que está assim e isto é inegável, com o filme vindo como forma de perpetuar o quanto as mulheres são pedaços de carne, já que TODAS as suas personagens são reduzidas à sua sexualidade. Falaremos mais a frente. A história em si começa com os dois jovens, Jeff (Harrison Holzer) e Owen (Kyle), amigos de longa data, tentando buscar o reconhecimento musical de Owen, que tem o nome artístico OH!.

Na foto, Jeff, melhor amigo e empresário de Owen, rapper tentando se estabelecer de maneira independente no mundo do hip-hop.

No meio dessa empreitada com gostinho de sessão da tarde devido ao humor pastelão (uma cena de vômito colorido que é decisiva para o desenrolar da história é a que me refiro), temos em paralelo uma história “não-fode-não-sai-de-cima” entre Owen e a irmã de seu brother, Alicia (Shelley Hennig), a qual o maninho ousa chamar de “pós-feminista” (quê?!). A personagem da mulher só existe em função de uma história de amor platônico/obsessão do Owen que data da época em que era criança e viu Alicia pelada sem querer. Que romântico!

Enquanto o aspirante a rapper dedica 70% de sua energia pensando em como comer Alicia (e ele diz isso diversas vezes), os outros 30% ele passa correndo atrás de nomes influentes do hip-hop para ser notado e fazer sucesso. No entanto, por já terem se passado 3 anos nesse vai-não-vai, o cara começa a traçar planos mais concretos, do tipo se alistar na Marinha, e então conta com a supermotivação de seu amigo riquinho Jeff, que está disposto a fazer qualquer coisa para provar para o pai que é alguém na vida para atingir seus objetivos profissionais com Owen.

Enquanto é isso, Alicia faz parte do merchan/cena desnecessária pro French Montana que, pasmem, é um cantor na vida real.

Pulando de festa em festa, sempre com o objetivo de cheirar o rabo de um rapper aí da indústria, a dupla incansavelmente mantém a missão até o último segundo, contando com ajuda de prostitutas (outra aparição feminina ótima), carros roubados, subornos, encheção de saco de uma pobre secretária (que eu ACHO que é a única personagem isenta de objetificação) e afins. O filme trata de toda a batalha por fama e sucesso e ameaça ser minimamente realista na medida em que mostra o sonho de Owen indo pelo ralo – mas aí resolve mudar de direção e fica ainda pior…

No mais, o filme se trata de uma produção feita em moldes de comédia senso comum e barata, mas que acredito que possa funcionar caso os olhos que a assistam estejam dispostos a ignorar uma série de aspectos para mim muito irritantes. Não espere grandes lições de vida, revoluções, histórias emocionantes ou respeito às mulheres – e muito menos boa música.

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