Crítica: Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível (Christopher Robin)

Nosso tempo aqui é curto, se não pararmos de vez em quando para fazermos nada, chegamos a nenhum lugar. A correria do trabalho, para entregar algum relatório, fazer alguma apresentação, até mesmo para ajudar alguém é tamanha que às vezes esquecemos das coisas simples da vida. Como sorrir, abraçar, dar um carinho. E esquecer coisas importantes é o maior mal que vivemos nos dias de hoje.

Quais são suas prioridades? Chegar a casa e continuar o seu trabalho? Encher-se de ansiedade e nervosismo para uma apresentação no dia seguinte? É importante trabalhar e fazer dinheiro? É! De fato é importantíssimo, para pagar as contas e a comida que alimenta sua familia! Porém, destaco aqui: Não é mais importante do que estar com sua família, até por que você, se assim fosse, você não estaria trabalhando.

E foi com esse pensamento que eu saí da sessão, ao lado de minha ilustre mãe (Nota do Editor: Um salve para a Mamãe Eskina!), de “Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível”. Não é algo que irá revolucionar o cinema e tampouco será alvo de grandes debates – inclusive acho que vai passar, de certa forma, despercebido pela maior parte do público. Porém, são nessas fundamentais e muitas vezes esquecidas questões que o filme alcança seu maior êxito. Este longa não se propõe a deixar o espectador refletindo sobre questões sociais ou grandes debates polêmicos. O roteiro entende o que ele é: Um filme aconchegante.

Christopher Robin (Ewan Mcgregor), o menino que era o amigo do Ursinho Pooh (ou Puff para os mais velhos), cresceu! E, com seu amadurecimento à idade adulta, vieram as responsabilidades, a esposa, o trabalho e, em seguida, a filha. O jovem menino que brincava e pulava no bosque dos 100 Acres abandonou seus amigos (na infância, de forma obrigatória) e, com a fase adulta, esqueceu dos colegas. Christopher recebe uma ordem de ter que trabalhar durante um fim de semana no qual prometera viajar para sua casa de infância com sua mulher e filha. Até que Pooh (ou Puff, segundo o nosso editor insiste em chamar) (voz de Jim Cummings) perde seus amigos e vai em busca de Christopher para ajudar a encontrá-los.

Primeiro, gostaria de declarar minha indignação com aqueles que criticaram o Pooh (Nota do Editor: É Puff, caceta!) por ter uma aparência “medonha”, o que realmente é uma afirmação absurda, já que, no filme, ele se demonstra como o bom e velho ursinho que conhecemos. Toda vez que ele aparecia em tela eu era tomado por um conforto enorme, passando sempre uma sensação boa. Sua ingenuidade está presente no filme com força, seu desejo por mel também, ambas características clássicas do personagem. Confortante e fofo são as palavras para definir nosso “Winnie The Pooh”.

Ewan Mcgregor já é um grande conhecido de todos nós. Há uma verdade que ele passa em suas expressões tão realista que me vejo compartilhando de seus sentimentos. Destaque para o momento no qual ele começa a brincar de lutar contra um monstro fictício, conseguindo se valer de sua criança interior para a atuação, o que me pegou de uma forma linda e emocionante.

Os amigos de Pooh estão maravilhosos. Tigrão (também por Jim Cummings), pessoalmente o meu preferido na infância (também conhecido como “Digá” por minha versão mais jovem), é o aventureiro entusiasmado de sempre, pulando sem parar com sua cauda-mola. Leitão (voz de Nick Mohammed) – tão pequeno e tão fofo – age como o medroso de sempre. E, para encerrar os protagonistas, Ió (Nota do Editor: Na minha época era Bisonho!) (voz de Brad Garrett), o burro depressivo com a vida, sempre agindo como pessimista. Todos eles estão aconchegantes e divertidos, aquecendo mais ainda o meu coração.

O trabalho de computação gráfica somado aos bonecos no set de filmagens resultaram em algo lindo e gracioso. E foi uma ideia genial colocá-los como bichos de pelúcia. Ainda, os visuais são lindos, os cenários capturam muito bem a frieza do mundo do trabalho exacerbada por uma Londres cinza e com tons pastéis (aliás, um dos cenários cinzas mais lindos que eu já vi), ao mesmo tempo em que, ao ter momentos de reencontro e harmonia, a paleta de cores se torna mais diversificada na casa de campo de Christopher até o parque onde o protagonista e o ursinho tem seu reencontro.

O desenho de produção que reproduz o final dos anos 40, pós 2a Guerra Mundial, é estonteante. Os carros, as roupas, os prédios londrinos, os parques, a casa de campo… tudo está de forma agradável. Isso sem falar da bela fotografia de encher os olhos, principalmente quando envolve Pooh (Nota do Editor: Já falei que é Puff, desgraça!) e Christopher sentados olhando o horizonte.

É necessário sensibilidade para reconhecer o valor desse filme. Em uma Hollywood compromissada a desenvolver grandes blockbusters e filmes polêmicos, “Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível” entra como um alívio, um momento de relaxamento. Aquele momento em que você vai sentar na sala do cinema, depois de um longo dia de estresse, e vai perceber que o filme te abraça até te aconchegar por completo e te fazer perceber que, às vezes, as coisas boas estão nos lugares mais simples. E esse filme acerta nesse lugar que menos damos valor, no local mais simples: o que temos a nossa volta.

Este texto é uma homenagem a minha família, aos meus pais, irmão e irmã, meus avôs e avós, tias e tios, primos e primas, e, além disso, a todos meus amigos e amigas, pois, assim como o Pooh (Nota do Editor: Puff!!!!!!!!), lembrarei de vocês todos os dias!

Realmente um Reencontro Inesquecível

Obrigado, Christopher Robin!

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