Crítica: O Pacote (The Package)

Sem querer entrar nos meandros sociais do machismo, identidade de gênero e da sociedade falocêntrica, homens são obcecados por seus pintos (como você pode conferir na rotina abaixo, a partir de 4:37, do gênio George Carlin). Isso é um fato. É nosso bastião físico e representa toda a nossa masculinidade e essência do nosso ser. Em virtude disso, nada é mais assustador do que conceber a possibilidade de ter seu pênis amputado. Só no Brasil, POR ANO, temos MIL amputações cirúrgicas por falta de higiene, isso sem contar as amputações acidentais – colocando seu pintinho onde não deve ou sendo imprudente com objetos cortantes – e criminosas, com parceiros traídos se vingando cruelmente como forma de “punição” por atos hediondos (ou não). Os longas “Anticristo” e “Vagina Dentada” me marcaram muito nesse quesito, causando grande angústia em suas cenas perturbadoras em situações que eu não gosto nem de considerar. Caso você tenha um pênis, é impossível assisti-los e ficar indiferente.

Potencializando esses acidentes, em especial quando somos adolescentes, nosso raciocínio é prejudicado pela imaturidade, hormônios e drogas, legais ou ilícitas, levando-nos a fazer coisas estúpidas e perigosas. E é aí que a NETFLIX pega o gancho para lançar sua mais nova comédia, O Pacote. Nela acompanhamos um caso de amputação de pênis, que apesar de não ser nada engraçada, me proporcionou boas risadas.

A premissa é bem simples. Cinco jovens se reúnem para acampar na floresta, encher a cara e se comer entre si. No entanto, após ficar muito alterado, Jeremy (Eduardo Franco) corta fora sua rola quase na base ao levar um susto enquanto mijava e brincava com um punhal (putaquiupariu né?). Aí começa o drama. Após ser resgatado por um helicóptero, seus amigos percebem que a equipe de resgate levou no gelo não foi o pênis de Jeremy, que ainda está com eles. Contando com apenas 12h após a amputação para ainda ter possibilidade de reintegrar o membro ao corpo, sem celulares e a 6h de caminhada do carro, seus amigos dão início a saga de devolver o pinto de Jeremy a tempo.

O Pacote tem seus altos e baixos e, infelizmente, os pontos baixos são realmente arrastados em tela. Muito dos percalços enfrentados, especialmente nos hospitais, vão além de forçar uma situação exagerada, mas plausível. Você precisa criar uma suspensão bem grande da realidade do sistema de saúde e funcionamento de um hospital para crer que alguns eventos realmente possam acontecer daquela forma. Por outro lado, a relação dos dois pseudo casais, Sean (Daniel Doheny) e Becky (Geraldine Viswanathan), com ambos querendo se pegar, mas sempre sendo atrapalhados, e Sarah (Sadie Calvano) e Donnie (Luke Spencer Roberts), num jogo de gato e rato meio pervertido, funciona muito bem. Ambos os casais possuem momentos divertidíssimos e os 4 passam por situações plausíveis e inesperadas na floresta, que aumentaram a minha imersão no longa.

Embora seja um personagem carismático, Jeremy ficou um tanto descartado após se amputar, com cenas que tentavam criar um senso de urgência com o tempo se esgotando e uma interação com uma enfermeira (Mary Holland) que certamente sofre de psicopatia. Nessa relação entre urgência para entregar o pênis a tempo de ser reimplantado e a demora imposta por todos as circunstâncias é que o filme se perde um pouco. Nitidamente, com a escala de eventos a serem superados, esse pênis nunca veria um novo dia, mas ainda assim a aventura guarda bons momentos. Caso você queira dar umas boas risadas e não se importe em ver vários closes de uma rola amputada, O Pacote é a pedida do seu final de semana!

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