Crítica: A Freira (The Nun)

O último filme de terror que assisti no cinema foi “Invocação do Mal 2”, salvo engano. E, sendo brutalmente honesta, não me recordava detalhadamente da produção. Acredito que isso indique o quão despercebido tal filme passou para mim, em contraste com o bem-sucedido primeiro longa da série de 2013. Bem, se, assim como eu, você, telespectador, não se recorda muito, não tema. Apenas refresque sua memória com a imagem daquela simpática freira que aterrorizou a família lá no segundo volume, pois é a história dela que será contada dessa vez.

Tal qual numa terapia freudiana, a fofíssima freira deitará num divã e contar-nos-á seu passado – e já adianto que não há nada sequer perto dos tradicionais daddy issues. Dentro desse verdadeiro conto de fadas no meio de porra nenhuma da Romênia, temos o padre Burke e a noviça Irene iniciando uma jornada contra o mal. Tipo as missões jesuítas só que nos anos 50 e com intuito de evangelizar o demônio e não índios. Ah, temos também o Frenchie, um sidekick patético. Todos juntos investigando o suicídio de uma freira.

As avaliações a seguir serão pautadas nos requisitos que pessoalmente estabeleço para definir um bom filme de terror. São eles, em ordem: coerência de roteiro (o que nem sempre se atrela à complexidade), direção meticulosa, trilha sonora de acordo e, como um produto dos citados, sustos de cagar a poltrona. Acredito ser bastante razoável nessa peneira. Prossigamos, então.

A começar pelo roteiro, A Freira não ousa na criatividade e permanece no senso comum do gênero. Até aí, ok. Contudo, juntado à má execução do roteiro, tal fórmula deixa muito a desejar. Infelizes furos na narrativa tornam o longa mais um na pilha dos fracos clichês de terror. Praticamente consigo visualizar o livro de receitas conservador de uma vovó demoníaca no qual os seguintes ingredientes estão contidos:

1. Uma virgem no meio de um pentagrama.
2. Lugar remoto e abandonado pela civilização.
3. Profecia amaldiçoada e secular.
4. Sal a gosto.

Além disso, Frenchie é um verdadeiro desserviço para o filme; um tiro pela culatra. Inserido como um alívio cômico, ele destrói diversas cenas de tensão em que não passaria nem ar pelo botão por ser imprudente. Tamanho é o efeito colateral de Frenchie que o público da sala em que eu estava gar-ga-lhou diversas vezes, trazendo um inevitável incômodo já que se trata de um filme com uma freira que é aterrorizante. É certo que há, sim, vezes que a tensão é efetiva e percebi isso nos meus ombros, mas também é certo que essas vezes poderiam ter ocorrido com maior frequência. Para dar um pouco de moral ao diretor, há uma cena com plano superior que é belíssima e assustadora. Meu sono de hoje certamente será afetado.

No mais, o longa traz características um tanto desnecessárias – como a tensão sexual entre a freira e o camponês -, um padre bundão que não serve pra nada, um determinado momento que parece referenciar à descoberta das esferas do dragão versão religiosa e iscas e mais iscas totalmente evitáveis. Desculpe pela longa frase, respire agora. Findando com uma resolução inconcebível que é digna de raiva e bufos, A Freira pode ser bom entretenimento caso você esteja disposto a fazer vista grossa para alguns detalhes. Sangue de Jesus tem poder, já diriam pastores por aí, e é com esse trocadilho que acabo essa crítica – e por favor, peço reconhecimento por ele nos comentários!

Freira apocalíptica vs. Feminazi Gótica Suave

 

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