Crítica: Demolidor (Daredevil) - 3a Temporada

Recentemente recebemos as notícias do cancelamento de “Punho de Ferro” e “Luke Cage“, a 1a pela baixa audiência – apesar da NETFLIX não liberar oficialmente os números – e a 2a por divergência criativa entre a plataforma de streaming e a Marvel, acendendo um sinal amarelo nessa parceria e colocando em cheque as demais séries. Em meio a esse turbilhão chegou nesse final de semana a 3a temporada de Demolidor, o primogênito e, diriam alguns, o filho pródigo.

Eu já discorri excessivamente sobre esse universo na crítica da 2a temporada de “Punho de Ferro” e recomendo que você preste uma visita para entender melhor de onde parto nessa análise. Deixaremos as críticas de tudo o que fizemos sobre esse quinteto linkadas ao final, sinta-se convidado a compartilhar suas impressões sobre esse universo também.

Demolidor continua acima da média e entrega, novamente, uma temporada com todas as qualidades técnicas que já vimos nas duas anteriores, uma história cativante e, de forma impecável, resgata os fãs que estavam ainda com a ferida aberta desde o filme “Demolidor, o Homem sem Medo“. Temos aqui uma trama que coloca personagens centrais em rota de colisão entre seus interesses e seus deveres como representantes de instituições. De um lado temos Wilson Fisk, vulgo Rei do Crime, incorporado no contido Vincent D’Onofrio em mais uma bela interpretação, buscando isentar Vanessa (Ayelet Zurer) dos crimes por ele perpetrados. Para tanto, ele faz um acordo com o FBI de delação premiada em troca de uma espécie de prisão domiciliar e, claro, a segurança de sua amada.

Esse acordo – costumeiramente visto nos noticiários brasileiros – enfurece de tal modo a população, a mídia, bandidos (afinal ele é um X9), polícia, outros dentro do FBI e o Demolidor que sua segurança precisa ser reforçada a um ponto em que ele fica praticamente intocável enquanto libera nomes e esquemas que desmantelam máfias, sendo a albanesa o alvo inicial. Eis que conhecemos o agente do FBI Poindexter, vulgo Mercenário (Bullseye), interpretado por Wilson Bethel com maestria, expressando toda a sua persona psicótica e perturbada, que passa a vigiar Fisk. É essa relação que molda toda a temporada.

De um lado temos o FBI encabeçado pelo agente Nadeem (Jay Ali), responsável pelo acordo e que fica entre a cruz e a espada ao disponibilizar forças e recursos governamentais para proteger um mafioso de marca maior, ao mesmo tempo que fica na dúvida se está sendo manipulado ou não por Fisk. Do outro lado temos Matt Murdock, vulgo Demolidor, com o competente Charlie Cox mostrando em sua interpretação uma nova versão do personagem após suas perdas no final da temporada anterior, lutando contra as próprias instituições que deveriam ser a responsáveis por punir Fisk. Seu conflito com o Poindexter servindo de marionete do Fisk – assim como nos quadrinhos – é o ponto alto da temporada.

Ambos são (des)construídos como os órfãos abandonados que podem contar única e exclusivamente consigo mesmo. As pequenas diferenças de seus passados vão lapidando o caráter de cada um até chegarmos a dois adultos com éticas diferentes, mas iguais na moral flexível quando buscam alcançar seus objetivos. O desfecho de toda a trama nos 2 últimos episódios é de tirar o fôlego e, confesso, de partir o coração. Não foi tão espetacular quanto o da 2a temporada – e acredito que dificilmente futuras temporadas a superem -, mas ainda assim foi catártico.

Vale aqui mencionar algo que ainda me incomoda tanto em Demolidor quanto nas demais franquias da Marvel NETFLIX, os 13 episódios. É muito tempo a ser aproveitado e sempre temos fillers que consomem nossa paciência. Além disso, Karen (Deborah Ann Woll) e Foggy (Elden Henson) assumiram papéis mais primários dessa vez, o que foi interessante por um lado, especialmente com a Karen tentando derrubar Fisk com um processo investigativo, mas que se arrastou um pouco com Foggy buscando se eleger como procurador do estado com o mesmo intuito. Essa frente tripla – estado, imprensa e vigilantismo – contra as manipulações de Fisk com o FBI e o Poindexter criam uma fórmula de tentativa e erro instigante no início, mas que acabou ficando repetitiva já no terço final.

Caso você acompanhe o universo Marvel NETFLIX, a 3a temporada de Demolidor é imperdível. Continua sendo a melhor de todas as séries, apresenta as melhores coreografias de luta – com uma cena no presídio em plano sequência espetacular – é violento psicológica e visualmente e, sem pestanejar, estabelece um alto patamar para seus colegas ainda em produção, o que pode ser muito perigoso. Estou falando com vocês, Jessica e Frank.

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