Crítica: Halloween

E lá se vão 40 anos desde o primeiro “Halloween” . No meio do caminho, houve continuações e remakes (como o bom filme de Robie Zombie) sobre a mesma história do psicopata Mike Meyers que, em uma noite qualquer, atacara a própria irmã, quando ele tinha cerca de 6 anos de idade. A narrativa posterior se resumia à tentativa de sobrevivência de uma de suas presas, Laurie, quando ele já era bem mais velho. Nesse cenário, o novo Halloween continua a história original, basicamente seguindo a cronologia real da produção.

Décadas após sobreviver ao ataque do marginal mascarado, Laurie tornou-se uma senhora assumidamente sequelada em relação à presença ausente de seu algoz. Meyers está preso em um instituto para criminosos com desvios mentais, mas como se pudesse sentir o caso não resolvido entre os dois, Laurie criara sua filha para contra-atacar em uma possível investida do monstruoso ser, bem como construíra sua casa tal qual imbatível fortaleza para proteger a si mesma. Essa atitude fez com que o núcleo familiar fosse afetado e a relação de mãe e filha se desgastasse ao longo dos anos. Décadas após sobreviver ao ataque do marginal mascarado, Laurie descobre que Mike será transferido de prisão.

Mãe, filha e um mesmo passado.

Já esperamos que no trajeto algo sucederá que fará com que o antagonista seja solto e que todas aquelas sequências splatter tomem seu devido lugar no roteiro. Já esperamos, ainda, que eles se cruzem de forma a revisitarem um passado nada esquecido, por um ou por outro. O reencontro é inevitável. E, obviamente, é isso que acontece. Portanto, este Halloween é basicamente um pouco mais do mesmo, mas com a protagonista na terceira idade, com rugas de preocupação e sofrimento guardadas em suas expressões, que denotam tensão a cada instante. O próprio poster – em uma de suas versões – mostra esse contraste: as marcas de uma máscara velha e a pele batida de quem viveu se retorcendo à espera de algo que está sempre ao derredor.

Se o diretor tivesse, de fato, se concentrado nessa relação que o poster vende, a produção poderia ter saído um tanto melhor. Resulta, porém, que este elemento é muito mais uma justificativa para o revival do que efetivamente uma história sobre este tema (o que seria tão mais interessante). A partir da escapada de Meyers o roteiro se resume a uma sucessão de cenas típicas do gênero, mas que contam com uma direção firme no sentido de passar tensão. Nisso, o título não erra. Mas tirando isso, nada sobra. A conclusão – como também se espera desde o início e isso não é spoiler algum – não será nada definitiva e permitirá, muito facilmente, um novo retorno daqui, talvez, 10 anos e 20 e 30 anos. Eterno retorno.

Caça e caçador.

Apesar de trazer de volta Jamie Lee Curtis a um papel saudosista de 4 décadas atrás, apesar de recriar o clima tão explorado ao longo desse tempo, e colocar em ação o monstro humano de máscara, uma vez mais, Halloween é uma sequência de tensão já conhecida e sentida que faz do filme uma mera justificativa para se homenagear o aniversário de seus personagens.

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