Crítica: A Justiceira (Peppermint)
Eu imagino alguém já no final do dia de trabalho, numa 5a feira, cheio de fome, olhos pesados, dor nas costas e se imaginando em um engarrafamento rumo à sua casa em 5 minutos quando recebe um e-mail. Nele estão contidos trailers, uma sinopse gigantesca, muita informação sobre os personagens e a tarefa de traduzir e localizar o título do filme “Peppermint” para o mercado brasileiro. Ele lê a 1a linha: “Após ter seu marido e filha assassinados em um parque de diversões a sua frente, mulher busca vingança contra os responsáveis.” Respira fundo e pensa por 2 minutos se continua, olha para o relógio e brada: “Foda-se. A Justiceira“. Assim nasce o título mais representativo da cópia mais descarada que vi nos últimos anos.
Caro leitor do MetaFictions, você está familiarizado com a obra da Marvel, e adaptada às telinhas pela Netflix, “O Justiceiro” (leia a crítica da sua 1a temporada)? Caso sim, saiba que estamos diante de uma cópia da obra, mas desprovida do que o Punisher tem de melhor. Estão lá os elementos centrais: o assassinato da família no mesmo local, o desaparecimento do cônjuge sobrevivente por um tempo, a sua volta chacinando todos os envolvidos direta ou indiretamente, levantamento de pautas extracurriculares e, até mesmo, o furgão preto cheio de armas.
Estamos diante de uma completa falta de originalidade, o que não é em si um problema, já que vingança é tema de excelentes filmes. Basta olhar algumas das nossas indicações e críticas para notar que aqui na redação nós gostamos mesmo de ver gente levando tiro na cara porque desrespeitou uma mulher na rua, como Garimpo Netflix: Pé na Porta, Tapa na Cara, Garimpo Netflix: Filmes de Ação!, Crítica: John Wick: Um Novo Dia Para Matar e RPR: Oldboy e Dias de Vingança. O grande problema de A Justiceira jaz somente na simples troca de sexo da protagonista e do cônjuge para passar pelos mesmos pontos e chegar no mesmo destino da sua contraparte mais famosa.
Além disso, por contar com 10h a menos de desenvolvimento dos personagens – e considerando também que Frank Castle foi peça central na 2a temporada do “Demolidor” -, temos uma história muito rasa sobre os distribuidores de drogas nos EUA de um poderoso cartel mexicano e uma levantada de bola no assunto do vigilantismo, com a população dividida entre apoiar seus atos de violência contra criminosos, mas ao mesmo tempo desprovidos de autoridade para tal, sem problematizar a fundo o assunto.
Jennifer Garner, que de repente tem 30 anos novamente (há!), até se esforça e entrega uma mãe de fato na merda pela perda de sua filha e que tem no seu espírito materno boa parte do seu desejo por vingança, mas, por conta um roteiro genericão, apenas nas cenas de ação estilo John Wick ela se sobressai. Pela classificação etária ser de 14 anos, a violência, que é o ponto alto desse tipo de filme, também ficou na nossa imaginação, sempre cortando aquele momento que um tiro estraçalha o rosto de alguém e sem mortes com muito sangue, apesar dele até aparecer consideravelmente tendo em vista a classificação indicativa.
Em suma, caso você esteja com sede por filmes com protagonistas com sede de vingança, fique com os outros citados no corpo da crítica. Porém, se você quiser passar um tempinho num cineminha cheio de gente no celular, falando, pagando um ingresso caro e uma pipoca que proporcionalmente vale mais do que um carro, essa é a pedida pra você!
Leave a Comment