Especial Halloween: 10 Filmes de Terror do Século XXI

“Nada de pré lista!”, expressou um fã ardoroso do MetaFictions em uma lista muito tempo atrás. Inspirados por essa manifestação de paixão pelo cinema e pelo Halloween essa semana, estamos aqui hoje para apresentar uma lista abrangente de obras marcantes no terror do século XXI. Contudo, como diversas boas obras foram lançadas nesse breve início de século e no somatório aqui na redação mais de 20 longas foram propostos, a gente se limitou a seguir regras simples.

Todos os filmes que entraram na pré lista e já foram referenciados em algum quadro – e já falamos muito sobre terror – ficariam de fora para dar mais espaço para obras menos conhecidas e clássicos que nunca abordamos. Longas focados em zumbis e vampiros, merecedores de suas listas próprias, também foram excluídos. Então não estranhe se algum clássico ficou de fora, pois certamente ele já apareceu aqui em algum momento. Deixaremos linkado aqui nos parágrafos abaixo onde eles apareceram. Não deixe de conferir!

Nos longas cortados, parte o coração deixar de fora a obra que deu início ao universo criado por James Wan, o incrível “Invocação do Mal”, que, assim como “Os Outros” e “O Babadook”, apareceu em nosso TOP 10 – Filmes de Terror. “O Babadook” é figurinha carimbada no site, aparecendo junto com “Os Estranhos” em nosso Garimpo NETFLIX: Terror e Suspense. A angustiante obra espanhola “[REC]” deu as caras em nosso Garimpo Amazon Prime: Terror, mas, por compartilhar uma visão focada em zumbis, assim como “Extermínio” e “Madrugada dos Mortos”, ficou de fora da lista final. O mesmo ocorreu com “Deixa Ela Entrar”, longa sueco de vampiro, que teve sua regravação americana indicada em nosso Garimpo NETFLIX: Vampiros!. Outro excelente longa que deixou o pessoal da redação bem cagado foi o “Abismo do Medo”, que apareceu em nosso TOP 10 – Filmes de Monstros.

Em 2017 tivemos um ano com 3 obras que marcaram o gênero e o MetaFictions: o badalado “Corra!“, que figura em nosso TOP 10 – Melhores Filmes de 2017, a regravação “It: A Coisa“, que além da crítica, também teve um Nostalgia RPR, e, como bem disse nosso editor-chefe em nosso Garimpo NETFLIX: Terror!, a coqueluche do MetaFictions, “Ao Cair da Noite”, com crítica, indicado em nosso Garimpo NETFLIX: Especial Halloween! e constante de nosso Garimpo Especial de Filmes que Passaram Despercebidos em 2017.

Vamos mergulhar cronologicamente nessa lista e diga nos comentários se faltou algum filme!
A Espinha do Diabo (El Espinazo del Diablo), de 2001, dirigido por Guillermo del Toro

https://www.youtube.com/watch?v=JTN4xCfiZfw

Guillermo del Toro apresenta nessa bela obra espanhola um terror muito bem dosado e esteticamente agradável, já com traços marcantes de seu trabalho. Esse longa não foi feito dentro do moldes tradicionais do gênero, utilizando muito pouco os famosos jumpscares e se apoiando fortemente na relação entre os personagens e no contexto histórico da Espanha. Estamos na guerra civil que varreu o país de 1936 até 1939, quando um guri de 12 anos é deixado em um orfanato. Lá estão diversos meninos esperando seus pais retornarem da guerra, os funcionários – alguns com posições políticas que vão de encontro ao lado que está vencendo o conflito – e uma presença macabra que assombra os corredores da instituição. A partir do avanço da guerra, dos interesses dos personagens com ideologias conflitantes e a intensificação dos contatos com o fantasma, temos uma obra fora da curva e que já indicava que o diretor vinha para marcar o Cinema.


O Chamado (The Ring), de 2002, dirigido por Gore Verbinski

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, o cinema japonês fervilhava com franquias de terror com excelentes propostas, mas com orçamento que deixavam a desejar. E não demorou muito para Hollywood iniciar uma fase de regravações americanizadas desses longas, só que, meu amigo, foi uma avalanche de filmes merdalhões, com um ou outro se destacando. Dentre esses, O Chamado  – que teve sua 3a entrada americana ano passado, com crítica no site e figurando em uma de nossas listas – apresentou uma história envolvente, momentos de pavor e atuações muito convincentes. Além disso, a obra nos apresentou um dos ícones do terror, a Samara, que além de te passar um trote te ameaçando estilo máfia italiana, saía de dentro da sua TV para levar a sua alma e deixar seu corpo completamente desfigurado. Não deixem também de conferir o sujo e excelente original japonês.
Jogos Mortais (Saw), de 2004, dirigido por James Wan

Já se vão 14 anos que o malaio-australiano James Wan, figurinha carimbada nesta e em qualquer lista sobre filmes de terror, lançou o seu genial “Jogos Mortais”, filme que ele produz e escreve  em parceria com Leigh Whanell e dirige sozinho com pouco mais de um milhão de dólares. Jogos Mortais é um tour-de-force tão foda que nem a infinidade de sequências absolutamente merdas que foram lançadas consegue abalar o seu status de clássico do Cinema e ícone de uma nova era no gênero. Trata-se de um exemplo perfeito de que o Cinema não necessidade de orçamentos bilionários para ser feito com qualidade, bastando vontade, coragem e inspiração, todas qualidades que jorram na tela a cada segundo de exibição de Jogos Mortais.


Sobrenatural (Insidius), de 2010, dirigido por James Wan

Foi com este Sobrenatural que James Wan resolveu novamente, após o sucesso estrondoso do já clássico “Jogos Mortais”, reinventar o terror, desta vez usando elementos simples e esquecidos no gênero por tanto tempo, mas que deveriam ser obrigatoriedade em todo o Cinema. Ao contrário do que é feito na produção quase que industrial de filmes de terror que usam atores merdas, direção frouxa e um roteiro que serve apenas de desculpa para mostrar peitinhos e sangue pra caralho, Wan entendeu que o cinema de terror é, antes de tudo, Cinema. Aí bastou aplicar elementos como um elenco bom (com um Patrick Wilson que depois se consagraria em “A Invocação do Mal”), um roteiro azeitado e sua direção monstruosa numa fórmula que, felizmente, se tornou o padrão de excelência do gênero e que veio a permitir as experimentações mais recentes.
A Entidade (Sinister), de 2012, dirigido por Scott Derrickson

No longa, acompanhamos uma família que acaba de se mudar para uma nova casa em uma cidadezinha no interior dos EUA para que o pai da família (Ethan Hawke) escreva seu livro policial in loco. Como você pode bem imaginar, a casa tem seus segredinhos e a presença demoníaca conhecida como Bughuul começa a aterrorizar a família e os telespectadores. A história desse ser é tão bem construída, que confesso que ao final do filme não fui me informar sobre sua história, como costumeiramente faço. Lembra um tanto “O Chamado”, mas com uma história ligada à assassinatos brutais de famílias por décadas e que perturba cruelmente as criancinhas. A Entidade é um longa nos moldes tradicionais do gênero, mas que sabe explorar os momentos certos para desenrolar a história sem atropelar a narrativa por clichês.


A Morte do Demônio (Evil Dead), de 2013, dirigido por Fede Alvarez

Foi lá pelo final da década de 80 que eu entendi que meu cu servia para outras coisas que não apenas cagar. Além da serventia que vocês pederastas estão pensando e com a qual eu ainda não tiver o (des?)prazer de me familiarizar, eu entendi também que ele servia para mostrar exatamente a força do cagaço ao se contrair de forma impenetrável (por dentro ou por fora) diante do medo. Foi vendo “A Morte do Demônio” original, com o canastrão Bruce Campbell, que eu tive minha primeira experiência com o terror aos 6 anos e até hoje sinto um certo frio na espinha se vejo um livro velho de bobeira em algum lugar. Largando de mão o tom de evidente comédia e contando com um orçamento ridiculamente mais generoso que o original ou qualquer uma de suas sequências, A Morte do Demônio de 2013 é um filme de terror classicaço, que presta uma homenagem ao original ao mesmo tempo que mantém sua identidade. Possivelmente o melhor remake do gênero.

The Devil’s Candy, de 2015, dirigido por Sean Byrne

https://www.youtube.com/watch?v=hYr2cNODRL8

The Devil`s Candy foi uma agradabilíssima surpresa no terror que passou despercebido pelo grande público. De tudo que faz desse longa algo perturbador, duas características se destacam com excelência: a trilha sonora e o roteiro. Aqui não há uma linha clara separando a psique humana e todas as enfermidades que podem consumi-la de possessões demoníacas e entidades capirotescas, colocando alguns personagens da obra sob nossa suspeita constante. As atuações de Ethan Embry, como um pai artista que faz de tudo por sua família e, especialmente, de Pruitt Taylor Vince, interpretando uma pessoa que instiga preocupação e medo em todos a sua volta, me deixaram tenso e abalado. As cenas de violência não são tão gráficas quanto as dos outros filmes dessa lista, mas o contexto no qual elas ocorrem são de uma crueldade ímpar. Isso somado à trilha fantástica e pesada, se aproveitando da estigma que o heavy metal tem dentro do círculo cristão, cria um ambientação de travar qualquer brioco. The Devil`s Candy é muito mais sobre os demônios que moram em nossos corações do que aqueles que habitam as trevas.


February, de 2015, dirigido por Oz Perkins

Silêncio. Contemplação. Profundidade. Essas palavras poderiam definir a maioria dos filmes orientais ou algum título de drama. Mas a verdade é que cabe muito bem em February, uma das melhores obras de Terror que assisti por agora. O trivial neste gênero é exatamente o oposto a essas três palavras: jumpscares, cortes rápidos e história rasa. Mas Oz Perkins consegue trabalhar o medo inerente a cada um explorando a ausência. Ao invés de mostrar monstros, espíritos, berros ou esfregar na cara do espectador cenas deliberadamente desagradáveis, o diretor desenvolve seu enredo com a expectativa, com sugestões e com silhuetas. Tudo isso é o suficiente para fazer transbordar a aflição dentro de nós.

Annabelle 2: A Criação do Mal (Annabelle: Creation), de 2017, dirigido por David F. Sandberg

Uma das melhores definições para Annabelle 2 é “uma nova forma de se fazer Terror”. Ainda que a narrativa conte com os elementos mais comuns do gênero, como uma boneca possuída pelo cramulhão, um casarão sombrio e o drama da perda de um ente querido, David F. Sandberg consegue sair do lugar comum ao levar seu espectador para lugares cada vez mais assustadores e agoniantes. Quebrando a expectativa em relação ao susto ou fazendo-o de maneira inesperada, a obra vai nos envolvendo de tal maneira que somos aprisionados dentro da narrativa, tal qual a entidade que movimenta a boneca detestável. Toda essa orquestra fica ainda mais harmoniosa com a fantástica atuação de Thalita Bateman, que nos contagia com os horrores que a envolvem, noite e dia. Um dos melhores filmes de Terror do momento, fazendo jus ao seu universo de histórias trazido por James Wan no já mencionado “A Invocação do Mal, muito provavelmente, o melhor título do gênero desde “Os Outros”.


Hereditário (Hereditary), de 2018, dirigido por Ari Aster

Hereditário faz parte da nova geração de terror que vem tomando forma nos últimos anos, dando um novo e merecido frescor à sua fórmula. Essas obras são tão fora da curva que desafiam até mesmo a classificação como uma obra de terror, encontrando muita dificuldade em agradar às massas  – muito pelo direcionamento da propaganda, que remete a algo que parece tradicional -, mas que encontra na crítica braços abertos. O longa em questão, lançado esse ano (com crítica no site), aborda a tragédia e o luto da perda de um ente querido. O trunfo de Hereditário é a aflição que ele desperta em você ao retratar personagens muito humanos em um ambiente de paranoia construído lentamente e em pequenos detalhes. A estética desses longas, como “A Bruxa” (que figura em nosso Garimpo NETFLIX: Terror!), “Ao Cair da Noite” e, outro filme presente na lista, “February”, é arquitetada detalhadamente, conseguindo proporcionar profunda imersão na obra. Esse longa é sem dúvidas um dos melhores filmes do ano.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.