Garimpo Netflix: Ryan Reynolds

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


Mesmo que ele já fosse famosinho antes do sucesso estrondoso de “Deadpool“e “Deadpool 2“, Ryan Reynolds ainda não havia alcançado os níveis de fama que hoje o elevam a status de estrela de primeira grandeza em Hollywood. Por causa disso, ele saía por aí fazendo basicamente qualquer porcaria que o permitisse vomitar o máximo de bobagens por minuto possível, já fazendo uma preparação para o momento em que viria a interpretar Wade Wilson, o nosso querido Deadpool. Não precisava de tanto, contudo, já que Reynolds essencialmente já parece ser desde sempre tudo aquilo que Deadpool era nos quadrinhos.

Seu primeiro filme de algum sucesso foi a comédia besteirol subestimadíssima “O Dono da Festa”, na qual ele vivia Van Wilder, uma espécie de Patropi americano que estava há décadas na faculdade e de lá não queria sair. Foi um papel tão marcante que Van Wilder, o nome do protagonista e título original, é seu apelido no Twitter até hoje. A Netflix, sem dúvida com um tesão inacreditável no rapaz desde essa época, tem nada menos que 11 títulos dele em seu catálogo. Em que pese coisas muito boas e já indicadas aqui anteriormente como “As Vozes” (indicado no Garimpo: A Morte É Apenas o Início) e “À Procura” (indicado no Garimpo: Em Nome dos Pais), temos também muita merda como “R.I.P.D.”.

É para ajudar os amiguinhos e amiguinhas que, como eu, são fãs deste moço cujo passatempo mais querido é falar mal de si mesmo que hoje apresentamos 4 obras estreladas por Ryan Reynolds de seu tempo das vacas magras, todas elas merecedoras de sua atenção e disponíveis na Netflix.


Protegendo o Inimigo (Safe House), de 2012, dirigido por Daniel Espinosa

Ano passado, já alçado ao estrelato absoluto pelo primeiro Deadpool, Reynolds estrelou um filme chamado “Dupla Explosiva” no qual ele, a contragosto, precisava cuidar de Samuel L. Jackson, um assassino de aluguel que era caçado impiedosamente por todos os lados. Curiosamente, 5 anos antes, Reynolds fizera basicamente o mesmo filme, só que o ator negão muthafucka da vez era Denzel Washington. Em Protegendo o Inimigo, Reynolds interpreta Matt Weston, um agente pé de chinelo da CIA que fica lotado na Cidade do Cabo em uma daquelas muitas safe houses que a gente vê direto em tudo quanto é filme e sempre nos perguntamos de onde caralhos que elas saem. Eventualmente, o ex-agente traidor da CIA Tobin Frost (Denzel Washington) é levado para ser interrogado por lá e, depois de dar muita, mas muita merda mesmo, o agente cabaço interpretado por Reynolds é a única arma da CIA para conter e proteger Frost.

Trata-se de um filme de ação e espionagem típico. Muita porrada, muito tiro e muitas cenas de violência estilizada interpretadas com a verve de sempre por Denzel Washington e por um Ryan Reynolds surpreendentemente contido. Para os fãs de ação, vale muito a pena.

Três Vezes Amor (Definitely, Maybe), de 2008, dirigido por Adam Brooks

https://youtu.be/vUkdNZelxiQ

Passando da pancadaria desmedida, vamos agora a um filme de amor. Mas não de amor no sentido romântico, de um homem para com uma mulher, aquele tipo de comédia romântica que está cheio por aí, muitas já até mesmo estreladas por Reynolds. Em Três Vezes Amor, apesar de ter também muito disso, o foco, aquilo que comove, é na verdade sua relação com a filha. Aqui ele interpreta Will Hayes, um sujeito que trabalha na campanha de Bill Clinton à presidência sei lá de quando e é pai solteiro de Maya (Abigail Breslin ainda fofinha). Em uma dinâmica que foi descaradamente roubada de “How I Met Your Mother”, Will conta a Maya todas as suas 3 desventuras amorosas sem, contudo, revelar a Maya qual das 3 mulheres – vividas por Isla Fisher, Rachel Weisz e Elizabeth Banks – é a sua mãe.

É um filme bonitinho e fofinho, no qual o amor de Will por sua filha tem um papel muito mais importante do que qualquer outra coisa, com um Ryan Reynolds mostrando, pela primeira vez, alguma nuance interpretativa que fuja da metralhadora de piadinhas infames e auto depreciação que ele costuma interpretar.

Febre do Mississipi (Mississipi Grind), também chamado Parceiros de Jogo, de 2012, dirigido por Anna BodenRyan Fleck

Os diretores Boden e Fleck, agora conhecidos por serem os realizadores do vindouro filme da “Capitã Marvel”, escreveram e dirigiram em conjunto este Parceiros de Jogo, filme que foi disponibilizado na Netflix com o nome Febre do Mississipi. Conseguindo refrear a vontade compulsiva de Reynolds de ficar fazendo piadinha com tudo, os diretores apresentam um belo estudo sobre a condição humana nas figuras dos jogadores Curtis (Reynolds) e Gerry (Ben Mendehlson). Enquanto Curtis é um sujeito sem rumo na vida, que joga e aposta só por curtição, Gerry é um daqueles apostadores inveterados, cuja vida foi arruinada pelo jogo. Os dois se encontram por acaso e, Gerry entendendo que Curtis é uma espécie de amuleto da sorte, ambos saem descendo o Mississipi em direção a um jogo de cartas lendário em Nova Orleans, passando no caminho por umas cidades de jogo que eu e você nunca ouvimos falar.

Tudo funciona também como uma desculpa para uma road trip fantástica por alguns dos lugares mais importantes da história da música americana, com um destaque absoluto aqui para a trilha sonora que, aliada à atuação da dupla de protagonistas, faz deste longa uma opção bem interessante dentre os muitos filmes independentes disponíveis no catálogo da Netflix.

A Dama Dourada (Woman in Gold), de 2015, dirigido por Simon Curtis

Certamente o melhor de todos os filmes desta lista, A Dama Dourada conta a história real de Maria Altmann, aqui interpretada com a competência de sempre pela irrepreensível Helen Mirren, uma judia austríaca fugida da 2a Guerra que, a partir de 1998, começou a lutar com o governo austríaco para reaver quadros que haviam sido roubados de sua família com o início da ocupação nazista na Áustria. Dentre eles, encontrava-se, entre outros de autoria do pintor Gustav Klimt, “A Dama Dourada”, aquele que é uma das obras mais famosas da história da arte e que representa uma espécie de Mona Lisa da Áustria, tendo sido vendido por Maria por 135 milhões de dólares, todos devidamente doados.

Nele, Reynolds interpreta Randy Schoenberg, advogado de Maria e principal artífice para que ela, finalmente, conseguisse reaver a obra em 2006, após 8 anos de batalhas judiciais com o vergonhoso governo austríaco. Entremeado com belíssimas cenas do passado de Maria antes, durante e depois da ocupação, A Dama Dourada é uma obra sobre uma mulher massacrada pela culpa de ter sobrevivido enquanto os que amava morreram e de um homem em busca de suas origens, ambos interpretados com gosto por Mirren e Reynolds, que não faz feio perante a uma das maiores atrizes da história.

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