Garimpo NETFLIX: Suspense

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


O suspense gera um sentimento de incerteza e, quando bem usado, pode proporcionar excelentes momentos de tensão – como nos eternos segundos no escuro em filmes de terror -, pode gerar expectativa em películas cujo desfecho é imprevisível e, especialmente, funciona como imã de nossa atenção. É virtualmente impossível não ficar investido em obras que te fazem segurar a respiração e aguçam a sua curiosidade.

Inspirado por esse sentimento que te preenche de ansiedade, apresentamos hoje 3 longas de 2015, incluindo, na minha humilde opinião, o melhor filme não visto do ano. Sem delongas (e suspense) aqui estão nossos indicados. Não esqueçam de dizer nos comentários quais filmes de/com suspense vocês acham que deveriam estar aqui.


Sala Verde (Green Room), de 2015, dirigido por Jeremy Saulnier.

Jeremy Saulnier é um diretor novato prestigiado nos bastidores do MetaFictions e que começa a ganhar espaço no cenário cinematográfico. Tanto é o caso que ele será responsável pelos 2 primeiros episódios da 3a Temporada de “True Detective” (série original HBO presente em nosso Top 10 – Melhores Séries do Século XXI) e assinou a direção de “Noite de Lobos“, longa original NETFLIX com crítica no site. Já em nosso filme indicado, além de dirigir, Jeremy também mostra suas habilidades na construção de um roteiro com uma proposta simples, mas que transborda complexidade em acontecimentos inesperados e viscerais.

Em Sala Verde acompanhamos uma banda de punk rock muito underground – o que de fato é a essência de ser punk – indo se apresentar em clube neo-nazista com o cu na mão. Momentos após ao show, já nos bastidores, eles testemunham um crime e começa um impasse quando eles são mantidos presos no clube, mas ao mesmo tempo se recusando a sair do quarto onde se trancam.

Como já disse, acho o melhor filme não visto de 2015, muito disso pelas atuações magistrais de Macon Blair, o gerente do clube, e do falecido Anton Yelchin, baixista da banda, e a magnética performance de Patrick Stewart, como o chefe neonazi e dono do local. Vale cada segundo do seu tempo.

Visões do Passado (Backtrack), de 2015, dirigido por Michael Petroni.

E quando o suspense está no que ocorreu antes do ponto de partida do filme? Essa é a proposta de Visões do Passado, dirigido por Michael Petroni em sua estreia em longa metragens. Já conhecido por seu trabalho como roteirista, Petroni faz um longa flertando com o terror, ao mesmo tempo muito tradicional em certos aspectos visuais, mas que na narrativa abraça o original. Acompanhamos aqui o psicólogo Peter Bower (Adrien Brody) em um processo de luto após perder sua filha. Enquanto ele atende seus pacientes e se consulta com seu mentor da faculdade, também começa a ter contato com Elizabeth Valentine (Chloe Bayliss), uma jovem que aparece em seu consultório com um passado misterioso.

Um dos pontos altos do longa é o jogo entre alucinação e manifestação sobrenatural, em momentos que nossa percepção é colocada em cheque. Associado a isso, temos fragmentos do passado de nosso protagonista – que o assombra profundamente – sendo entregues em cenas pouco a pouco, mexendo com a nossa própria percepção do longa.

O que estamos vendo está ocorrendo somente na cabeça de Peter ou estamos testemunhando aparições de um outro plano de existência? Cabe a você escolher um lado e depois rever o filme.

– O Experimento de Aprisionamento de Stanford (The Stanford Prison Experiment), de 2015, dirigido por Kyle Patrick Alvarez.

O ser humano é, sem sombra de dúvida, a espécie mais interessante do planeta. Estou convencido que quase todo exemplar do homo sapiens é capaz dos atos mais hediondos e altruístas possíveis, basta você ser vítima das circunstâncias propícias. Para corroborar meu argumento, apresento O Experimento de Aprisionamento de Stanford, longa que se baseia em um evento ocorrido em 1971 no porão do Instituto de Psicologia da Universidade de Stanford na Califórnia.

Assim como o líder do projeto, Dr. Philip Zimbardo (Billy Crudup), acompanhamos a simulação de um ambiente prisional com alunos voluntários – pagos US$ 15,00 por dia, mais ou menos US$ 90,00 atualmente – servindo como guardas ou detentos por 2 semanas. De forma esperada (ou não) a situação que poderia ser muito tranquila, escalona rapidamente para uma interação autoritária, doentia e perturbadora. O suspense sobre o desfecho e consequências desse experimento permeia cada cena, que muitos julgaram ser antiéticas, embora tenham contribuído para o entendimento sobre a psique humana em condições de encarceramento e maus tratos.

É um longa tenso e, como diria Rene Vettori, demasiado humano.

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