Crítica: Animais Fantásticos e os Crimes de Grindelwald (Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald)

Eu sempre gostei de Harry Potter e acompanhei os lançamentos dos filmes de forma fiel. A saga do bruxinho foi grande na minha vida, de vez em quando sonhava em ir para Hogwarts, aprender com a professora Mcgonagall,  com o professor Snape, receber os conselhos sábios de Dumbledore, ser amigo do Hagrid e enfrentar Você-Sabe-Quem. E, claro, o desejo de praticar magia, que, na verdade, é um sonho até hoje. Depois de um tempo, após o “Relíquias da Morte: Parte 2”, a franquia foi sendo deixada de lado, outras preferências foram surgindo (estou falando com você, J. R R. Tolkien), e Harry Potter se tornou só uma doce memória.

Em 2016, voltamos ao mundo mágico. Só que dessa vez não tínhamos o escolhido, nem a escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Dessa vez, conhecemos o universo de Harry Potter por volta da primeira guerra e a cultura americana de magia. “Animais Fantásticos e Onde Habitam” foi um filme interessante, porém entregava pouco, faltava história e substância. Então, nossa querida J. K. Rowling, anunciou que serão 5 filmes para contar essas histórias. E eu me perguntei, qual história? E ela respondeu: A história de Gellert Grindelwald, de Alvo Dumbledore, do mundo bruxo no início do século XX. Aí sim!

E é nesse contexto, que Animais Fantásticos e os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas como uma sequência que promete mostrar mais história, mais contexto, mais personagem. Mais tudo! Estava animado? Com toda certeza! E, agora, após ver o filme, eu posso dizer que o saldo é positivo, contudo, há problemas… Sérios…

A história do filme ocorre depois de alguns meses do primeiro. Grindelwald (Johnny Depp) foge de sua prisão e pretende juntar seus aliados para fazer uma espécie de revolução que trará liberdade aos bruxos. Alvo Dumbledore (Jude Law) pede para Newt Scamander (Eddie Redmayne) ir atrás de Credence (Ezra Miller), que está sendo procurado por Grindelwald para juntá-lo em sua “comunidade”. Enquanto outras trilhões de coisas acontecem.

Vamos começar com os pontos ruins, quero tirá-los logo do caminho. Diferente do filme anterior, que mal tinha história, este tem história demais! É tanta coisa acontecendo que ficamos desorientados. São tantos plots e subplots que mal dá para dizer qual é a trama do filme. J. K. Rowling, que assina como roteirista, não soube adaptar sua linguagem, já acostumada da literatura, para o cinema, pois no livro você tem controle do que está lendo, no filme é necessário que o espectador esteja acompanhando tudo de forma compreensível! Os núcleos do filme são muitos e não há um ponto focal a ser desenvolvido de forma coerente, como, sei lá, só uma sugestãozinha aqui que vou dar, GRINDELWALD E DUMBLEDORE!!!????

A quantidade de gente em tela é absurda! Temos ótimos personagens e outros completamente desprezíveis ou desperdiçados. Coloco ênfase nestes: Leta Lestrange, interpretada por Zoe Kravitz, uma personagem que me pareceu extremamente interessante mas que é subutilizada pelo roteiro, Credence Barebone (Ezra Miller) e sua jornada com uma personagem secundária, que não direi quem é, é mal construída e talvez jogada de uma forma muito sem vontade. E, por fim, Queenie (Alison Sudol) e Jacob Kowalski (Dan Fogler) que foram prejudicados por diálogos pobres, que os tornou alívios cômicos desnecessários e sem muita inspiração.

Olha a quantidade de personagens nessa porra.

O Newt Scamander de Eddie Redmayne é, ainda, honesto e interessante, gosto de sua participação no filme e quero vê-lo mais ainda nas futuras produções. Jude Law como Dumbledore? Sim, por favor! Ele encarna um Dumbledore mais jovem de forma genuína, porém a falta de tempo de tela prejudica, era para ele ser um dos protagonistas, mas fica mais como secundário. Uma pena. E quanto ao vilão do filme, Johnny Depp entrega uma bela performance, seu Grindelwald é sedutor, interessante e ameaçador. O cara tem presença e lábia, ele fala de forma calma e estratégica, realmente o ponto alto do filme fica em suas mãos, com destaque para a cena de seu discurso, no terceiro ato. Aquilo foi de sentir um arrepio correndo pelo braço.

Os efeitos especiais são de tirar o chapéu, os feitiços são maravilhosamente bem feitos, cada vez mais a franquia está trazendo novas e inventivas magias. Os Animais são completamente críveis, cada um é único, destacando-se o leão com a cauda gigante. E, como tinha ocorrido no primeiro filme, os animais também são usados aqui para investigar ou marcar presença em batalhas, isso é bom, pois deixa-os com um propósito dentro da trama. Em questão de cenário… Mal aproveitado. É horrível dizer isso quando o cenário é Paris, mas, realmente, sua caracterização não foi bem feita. E, para mim o pior, foi a falta de caracterização do mundo bruxo francês, ao contrário do americano, muito bem feito no filme anterior. Só um adendo: Hogwarts é e sempre será aconchegante, não importa se a cena for necessária ou não.

Sendo assim, Animais Fantásticos e os Crimes de Grindelwald é um filme problemático, no qual Rowling quiscontar muito mais do que se podia. Se não tiver alguém para pegá-la pela mão e falar para ir com calma, infelizmente, essa franquia pode cair e muito. Mas de resto, os personagens que verdadeiramente importam – Newt Scamander, Dumbledore e Grindelwald – são ótimos e quero vê-los muito mais daqui pra frente. Aos fãs do mundo bruxo, esse filme agradará vocês, assim como me agradou, só que é necessário bancar o advogado do diabo para dizer que aqueles que só estão indo para ver um filme vão sair bastante confusos

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