Crítica: Medalha de Honra (Medal of Honor) - 1a Temporada
Poucos eventos me fascinam mais do que as guerras que moldaram a história da humanidade, indo desde os conflitos tribais dos homens das cavernas, passando por guerras entre as potências medievais e os impérios industriais, chegando aos embates entre grupos separatistas/extremistas em pleno 2018. O pessoal aqui da redação ama produções cinematográficas que envolvem esses eventos e elas são devoradas assim que saem do forno. Tamanha é a nossa paixão pela temática que fizemos uma singela homenagem ao seriado “Band of Brothers” da HBO em nossa introdução no quadro Top 10 – Melhores Séries do Século XXI, assim como um Garimpo Netflix: Fortunas da Guerra. E, nesta semana que completam 100 anos do fim da 1a Guerra Mundial (11/11/1918), faremos mais uma peneirada de títulos sobre o tema na NETFLIX para o seu deleite. Não deixe de conferir.
Dito isso, o que 0,09% dos 40 milhões de americanos que já lutaram uma guerra tem em comum? A Medalha de Honra. Esses 3600 soldados receberam essa prestigiadíssima homenagem do governo dos EUA, que é reservada para combatentes que demostraram coragem muito além da esperada pelo ofício designado a eles. Essa honraria é tão excepcional que, para ser elegível, o seu ato de bravura precisa ser documentado em diversos relatórios e ter testemunhas para corroborar todo o evento. Vale ressaltar que coragem não significa competência. Muitos dos eventos que você verá nessa série antológica original NETFLIX mostram atos imprudentes e/ou feitos por pessoas com baixa qualificação em combate, mas que resumem o significado das palavras perseverança, resistência e resiliência. Nesses 8 episódios, vemos como esses soldados foram fundamentais em momentos decisivos e ajudaram a moldar o curso da guerra.
O formato adotado pela NETFLIX mescla cenas de live action muito bem produzidas, que parecem tiradas de grandes blockbusters hollywoodianos, e cenas documentais, com entrevistas com os envolvidos no combate, parentes, instituições e outros condecorados. Em alguns casos, o detentor da medalha de honra contribui com uma narrativa pessoal bem poderosa e emotiva, mas tais episódios não chegam a metade do total pelo fato da maioria das histórias contadas já terem seu protagonista falecido, tanto pela idade avançada em condecorações da metade do século passado, quanto por suas ações não terem passadas impunes, perecendo em combate.
No que tange a escolha dos conflitos, ela seguiu uma linha lógica considerando os últimos grandes inimigos dos EUA. Temos episódios centrados na 2a Guerra Mundial, última vez que os EUA enfrentaram uma potência, na Guerra Fria, com as guerras do Vietnã e das Coreias em um mundo bipolarizado, na Guerra ao Terror, com o talibã no Afeganistão como antagonista central. Confesso que fiquei satisfeito com essa variedade, mas senti falta dos conflitos nos anos 90, como a Guerra do Golfo e as intervenções na África, que foram de grande importância geopolítica para um mundo após a queda da Cortina de Ferro.
Em termos técnicos, a produção de Medalha de Honra conseguiu transmitir bem a intensidade dos combates e soube dosar e alternar entre o live action e as entrevistas de forma que não causa cansaço. Um dos recursos adotados, especialmente nos conflitos mais recentes, e que caiu como uma luva para complementar as narrativas dos episódios, foram as filmagens de arquivo, o que me causou grande angústia em diversos momentos. São cenas fortes e de grande desespero, que te fazem respeitar enormemente os soldados envolvidos. Caso você seja um gamer, prepara-se para se surpreender com histórias de “exército de um homem só”. Não é apenas no mundo dos games que você mata 30 soldados, destrói guaritas, leva uma penca de tiros e ainda volta vivo pra casa.
Mas não apenas de relatos vive a série. Comentários sociais e questionamentos pertinentes são feitos a todo instante envolvendo questões segregacionistas, especialmente com os negros, de imigrantes, italianos e japoneses em sua maioria, e a clandestinidade de operações militares. Mesmo sendo uma série bem patriótica, é saudável ver as instituições reconhecendo seus erros e corrigindo suas políticas, honrando soldados injustiçados por questões que fugiam completamente ao seu controle.
Só faço aqui uma ressalva quanto a falta de uma linha coerente na apresentação dos episódios. Você terá a mesma experiência vendo na ordem disponível ou pegando aleatoriamente. Contudo, sendo metido a besta, apresento aqui embaixo uma ordem de episódios baseado em 2 critérios. O 1o é o cronológico, que dá uma sensação maior de uniformidade e de entendimento do conflito como um todo. O 2o é o de complementariedade, colocando uma sequência de episódios dentro do mesmo conflito que vai te guiando pela mão e preenchendo as lacunas que o episódios anteriores deixaram. Mesmo mexendo nessa ordem, 1o e o último episódios estão no mesmo lugar pois eles cumprem de fato o papel ao qual se propõe. Espero que isso aumente a sua imersão na obra e certamente teria aumentado a minha, em especial nos episódios sobre o Afeganistão.
1- Sylvester Antolak – 2a Guerra Mundial (Itália) – 1944
5- Vito Bertoldo – 2a Guerra Mundial (França) – 1945
3- Edward Carter – 2a Guerra Mundial (Alemanha) – 1945
4- Hiroshi Miyamura – Guerra das Coreias – 1951
6- Joseph Vittori – Guerra das Coreias – 1951
7- Richard L. Etchberger – Guerra do Vietnã (Laos) – 1968
2- Clint Romesha – Guerra do Afeganistão – 2009
8- Ty M. Carter – Guerra do Afeganistão – 2009
Não deixe de nos dizer o que você achou. Faltou alguma guerra importante? Conhece alguma história que deveria estar ali? Deixe nos comentários!
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