Crítica: Target - Mira Mortal (Target)

A NETFLIX anda apostando fortemente na distribuição de obras indonésias nos últimos meses. Tivemos no MetaFictions uma série de críticas desses lançamentos que mantêm um padrão de qualidade similar e – talvez aí esteja seu segredo – de baixo orçamento. Comparando o cinema da Indonésia com um “vizinho” asiático que produz consistentemente, a Coreia do Sul, percebemos o desnivelamento das produções licenciadas para o Brasil. Enquanto os longas sul coreanos que chegam aqui têm uma qualidade técnica superior e histórias mais maduras, os filmes indonésios focam em histórias de terror, ação e comédia mais toscos e visivelmente mais precários.

Tirando a questão econômica de cada país e o viés cinematográfico, a NETFLIX está criando uma identidade caricata do cinema indonésio. Mesmo considerando o cenário mercadológico, que valoriza obras de terror em detrimento das obras de drama e políticas, estamos diante de uma construção de identidade reforçada a cada lançamento. E em Target – Mira Mortal não é diferente. Recebemos outro filme de baixo orçamento mesclando terror com comédia e de origem indonésia. Francamente, dona NETFLIX, cadê os filmes de porradaria?!

Bem, você certamente já assistiu “Jogos Mortais“, não é mesmo? E, acredito eu, esteja familiarizado com o modelo battle royale, correto? Agora imagine um filme com uma pegada muito mais para comédia com essas duas inspirações.

Temos um grupo de 9 sub celebridades – hipnotizador/mágico, atriz que cresceu fora do país, ex-ator de filme de ação, comediantes, youtubers – convidados a participar da gravação de um filme chamado “Target”. Uma vez no local da gravação, eles são sedados e acordam num hospital abandonado todo lacrado. Lá – com coleiras explosivas – eles encaram uma tv que dá instruções específicas. Eles têm 24 horas para seguir um roteiro e caso não cumpram o horário a tempo, tentem fugir ou quebrar as regras suas cabeças serão explodidas.

Essencialmente o longa é uma paródia de “Jogos Mortais”, com etapas que requerem sacrifícios e/ou mortes para se prosseguir e que são dadas por uma pessoa fantasiada numa tv de tubo. Abandone qualquer esperança que você tenha de se assustar. Temos até algumas tentativas, mas a atuações são tão propositalmente galhofadas que não há como esboçar outra expressão senão a de tédio. Em especial na 2a metade da obra, intermináveis cenas de comédia pastelão de trocas de tiros e lutas tiradas diretamente de “Os Trapalhões” me causaram vergonha ao lembrar que eu achava isso legal aos 7 anos de idade. Mas talvez o que mais tenha me aborrecido é que o longa não tem um porquê. Bem… ele até tem, mas é tão largado, forçado e sem fundamento que era melhor não ter tido explicação alguma. Ele poderia existir apenas pelo argumento ou como paródia, mas ele existe por motivos literalmente inexplicáveis.

Mas há aqui pequenos momentos de redenção. Alguns personagens são de fato engraçados, como o ator de ação que fora das câmeras desmunheca o tempo inteiro, o hospital é bem retratado, lembrando muito aqueles de jogos de terror como “Evil Within” ou “Resident Evil”, e há um sub-texto sobre essas pseudo celebridades interessante. Porém, no placar final, Target errou o alvo (há!).

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