Garimpo Netflix
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Hoje no nosso Garimpo Netflix vamos apresentar 3 obras completamente diferentes entre si. Da Noruega temos um dos melhores e mais fantásticos filmes disponíveis em todo o catálogo da Netflix, dos EUA uma comédia daquelas escrachadas com um dos maiores comediantes da atualidade e, por fim, na onda do recente “Bohemian Rhapsody” (que recebeu uma crítica extremamente positiva aqui), da Inglaterra apresentamos uma outra cinebiografia daquele que é um dos únicos sujeitos maiores que Freddie Mercury na história do rock. Ainda, se eu estiver me sentindo generoso, vou apresentar uma indicação bônus ao final.
Não deixem de comentar sobre o que vocês acharam das indicações lá embaixo ou em nossas redes sociais. Divirtam-se!
– Thelma, de 2017, dirigido por Joachim Trier
Como disse lá em cima, este é um dos melhores filmes disponíveis na plataforma e entrou inclusive em nosso Garimpo Especial: 10 Filmes que Passaram Despercebidos em 2017. Thelma é a história de uma menina chamada Thelma que sai do ambiente protegido de sua cidadezinha natal para ir estudar na capital, ficando, pela primeira vez, não só sem a proteção dos pais, mas a mercê de seus próprios e violentos desejos, desencadeando acontecimentos dos quais é melhor nada falar.
Num verdadeiro tour-de-force do excelente Joachim Trier, temos uma obra que mistura o sobrenatural com ficção científica e o drama de relacionamento com comentário social para nos entregar um alucinado, imprevisível e tecnicamente perfeito longa-metragem, que te joga de um lado para o outro inclementemente.
– Popstar: Sem Parar, Sem Limites (Popstar: Never Stop Never Stopping), de 2016, dirigido por Akiva Schaffer e Jorma Taccone
Andy Samberg é, na minha opinião de merda, um dos caras mais engraçados da comédia atualmente. Seus personagens sempre bestas e caricatos lembram muito um Jerry Lewis moderno e que faz piadas sobre introduzir coisas no próprio cu. É um estilo que talvez não agrade a todos, mas que é de se mijar de rir quando agrada. Já até indicamos aqui a sua série, Brooklyn 99, em nosso Garimpo Netflix: Comédias e eu continuo pagando o mesmo pau.
O que talvez nem todo mundo saiba é que ele tem uma espécie de grupo musical/trupe de comédia, chamada The Lonely Island, justamente com os dois diretores deste filme. Eles são responsáveis por clipes nada menos que brilhantes como “Like a Boss” ou “Jizz in my Pants“, sempre zuando de forma hilária a indústria da música pop em geral. Em Popstar eles fazem exatamente isso, só que à enésima potência, ao contar a história de Conner (Samberg), um cara egresso de uma boy band nos anos 90 e que se lançou em carreira solo, largando seus companheiros no ostracismo (interpretados pelos diretores Akiva e Jorma). Usando a linguagem de um pseudodocumentário que o acompanha no lançamento de seu novo álbum, o longa é uma metralhadora de piadas com a música popular americana, criticando absolutamente a porra toda e tendo nas músicas escritas para o filme o brilhantismo cômico habitual. É daquelas besteiras deliciosas de se assistir, mas consegue ao mesmo tempo causar alguma reflexão.
– O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy), de 2009, dirigido por Sam Taylor-Johnson
Para saciar a curiosidade de vocês, na minha mente, apenas 2 pessoas têm um status maior de lenda do rock and roll do que Freedie Mercury, apesar de eu particularmente gostar bem mais da obra do senhor Bulsara: Elvis Presley e John Lennon. É justamente neste segundo que O Garoto de Liverpool foca. Deixando de lado a história da mais popular banda de todos os tempos, o longa é mais uma crônica da infância e adolescência de Lennon, em especial a influência que sua tia Mimi, que o criou, teve em sua vida, sua relação complicada com a mãe, bem como como ele conheceu Paul McCartney, outra lenda absoluta da música universal, e com ele formou os Beatles.
Contando com atuações excelentes, uma trilha sonora evidentemente perfeita e uma direção bem segura, O Garoto de Liverpool emociona muito mais pela jornada pela qual seus protagonistas passam do que somente pelo óbvio aspecto nostálgico que qualquer coisa sobre os Beatles causa.
– Dawg Fight, de 2015, dirigido por Billy Corben
O bônus dessa semana é algo que cinematograficamente não dialoga em nada com as demais obras. Cru, sem qualquer valor de produção e baseado num realismo que chega a machucar, Dawg Fight é um documentário sobre a cena de lutas ilegais nos bairros pobres da região metropolitana de Miami que, apesar de ser o paraíso para o brasileiro, é um dos lugares mais violentos e pobres dos EUA. Aqui acompanhamos Dhafir Harris, o famoso DADA 5000 – lutador de rua que entrou no MMA e chegou a lutar com o famoso e falecido Kimbo Slice, outro malandro egresso das brigas de rua da Flórida – enquanto ele organiza lutas, participa delas e contempla a profissionalização.
Este documentário, mais do que apresentar apenas homens gigantes entrando na porrada sem qualquer regra ou proteção, é um soco no estômago da América ao deixar claro o racismo inerente à sociedade americana, que leva os jovens negros, sem as oportunidades devidas, a se matarem na porra pela única chance que vislumbram de conseguir alguma dignidade e ascensão econômica e social.
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