As Obras Mais Bem Avaliadas de 2018

Neste segundo ano de vida do MetaFictions, o mercado cinematográfico mudou bastante, principalmente com a entrada forte da Netflix e suas inúmeras séries e filme originais. Em função disso, ao contrário desta lista dos Filmes Mais Bem Avaliados de 2017 do MetaFictions do ano passado da qual apenas filmes lançados no cinema constavam, hoje há uma briga, tanto em qualidade quanto em quantidade, quase que pau a pau, entre os lançamentos do cinemão tradicional e dos gigantes do streaming. Embora a Amazon ainda engatinhe por aqui e os demais players do mercado internacional não tenham ainda se instalado no Brasil, a Netflix sozinha emplacou na lista de hoje nada menos que 5 das 16 obras que receberam a nota máxima do site de 5 claquetes. Este ano, ao contrário do que ano passado com o amado e odiado “Mãe!“, nenhuma obra recebeu a mítica 6ª claquete.

O único detentor de 6 claquetes do MetaFictions.

Outra coisa que mudou foi o título, mais uma vez por causa da Netflix. Não mais listaremos apenas os filmes, mas todas as obras – filmes, séries e qualquer outra coisa que tenhamos resenhado agora ou venhamos a fazê-lo no futuro – de melhor avaliação no ano que passou.

Este ano tivemos 14 delas recebendo a nota máxima do site. Além disso, por pura arbitrariedade minha, editor-chefe que acha que manda em alguma coisa nessa porra, também incluí 2 outras que receberam a segunda maior nota, 4,5, mas que poderiam facilmente ter recebido o 5. Sem maiores delongas, fiquem com a lista organizada por ordem cronológica de lançamento e com um breve trecho das resenhas que captam exatamente o impacto que elas causaram.

– Me Chame pelo Seu Nome (Call Me By Your Name), dirigido por Luca Guadagnino, lançado em 18 de janeiro

https://www.youtube.com/watch?v=ah3kGJ7TSNQ

“Me Chame Pelo Seu Nome já nasce clássico. Belo, sem ser pomposo. Profundo, sem ser chato. Romântico, sem ser meloso. Excitante, amedrontador, triste e feliz. Como a paixão. Ele é o golpe da graça que o Cinema vinha pedindo.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 18 de janeiro


– A Forma da Água (The Shape of Water), dirigido por Guillermo del Toro, lançado em 1º de fevereiro

https://www.youtube.com/watch?v=yfl0BfPT6oc

“No início deste texto, dizia que a produção era sobre o amor, mas não apenas. Isso coloca A Forma da Água em uma posição bastante interessante na temporada.  Ele toca em questões espinhosas da sociedade. É sobre amor, mas também é sobre excluídos. É sobre amor, mas é sobre xenofobia. Desvela os preconceitos raciais, sociais e sexuais. E é, também, uma declaração de amor ao Cinema e à Old Hollywood, com suas citações lindas a filmes clássicos. Guillermo já provou em sua carreira que não dá ponto sem nó.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 1º de fevereiro

– Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi (Mudbound), dirigido por Dee Rees, lançado em 15 de fevereiro

Mudbound é Cinema necessário e, ainda que esteja, sim, surfando na onda do politicamente correto que vem tomando conta do mundo e da Academia em especial, ele se ergue acima de qualquer crítica que possa ser feita nesse sentido ao pegar um tema delicado como o racismo e usá-lo não só para falar sobre preconceito em geral, mas também sobre a própria condição humana enquanto ser social.”
Por Gustavo David em crítica publicada em 16 de fevereiro


Jogador Nº 1 (Ready Player One), dirigido por Steven Spielberg, lançado em 29 de março

“Sei que eu sou parcial e que eu simplesmente amo não apenas histórias de aventura – e essa está lá no topo da minha lista, junto com “De Volta Para o Futuro” e “Tron” – mas também nerdices e cultura pop, e por isso mesmo tentei procurar qualquer escorregão que o filme pudesse ter antes de dar minha nota. Só para evitar as acusações dos corksniffers de plantão. E na boa? Não achei. Nadica de nada. Nem as cenas deliberadamente feitas pra justificarem o preço do ingresso no Imax. Saí da sala do cinema com um sorriso no rosto como há muito não tinha. Com a alegria de quem revê um velho amigo que o lembra porque diabos você começou a gostar de filmes.”
Por Vlamir Marques em crítica publicada em 31 de março

– Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War), dirigido por Anthony Russo e Joe Russo, lançado em 26 de abril

Vingadores: Guerra Infinita cumpre seu papel com maestria, introduzindo efetivamente um vilão marcante, misturando diversos núcleos de forma fluida e divertida, mostrando cenas de ação de tirar o folego e, com muita coragem, matando personagens que você juraria que continuaria a ver por um bom tempo.”
Por Ryan Fields em crítica publicada em 27 de abril


– O Amante Duplo (L’amant double), dirigido por François Ozon, lançado em 21 de junho

“Caro leitor Metafictions, vá ver é ser provocado por O Amante Duplo. No fim, o filme deixa um incômodo bom, uma estranheza que a boa arte provoca. Desafia o espectador e expande os limites da arte. E mostra que o bom cinema é feito do que de mais humano há. Até das nossas familiares bizarrices.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 20 de junho

– Pérolas no Mar (Hou lai de wo men), dirigido por Rene Liu, disponibilizado pela Netflix em 21 de junho

https://www.youtube.com/watch?v=0eYmhePdaBQ

“Ao fim de uma hora e cinqüenta e nove minutos impecáveis em que me senti sem ar pelo menos uma vez a cada 15 minutos, o filme se encerra daquela maneira que apenas o brilhantismo do cinema asiático poderia oferecer: com o fim. Daqueles fins que fazem a gente engolir em seco e, boquiaberto, praguejar “tá de sacanagem que vai acabar assim!”. Não apenas o filme termina de maneira inexorável mas tem a pachorra de tentar nos oferecer um silver lining, um sorriso ou um afago em meio à tamanha tristeza, como que quisesse nos devolver a esperança de que, sim, poderemos voltar a ser felizes em nossas vidas comuns depois que o filme acabar. E o que é mais absurdo: consegue! Ao subir o letreiro eu apertei o botão de “pause”, encolhi-me em posição fetal e chorei como uma criancinha por uns 20 minutos enquanto as cenas rolavam na minha cabeça. Quando meu cachorro terminou de lamber meu rosto abanando o rabinho, tentando me animar, eu, ainda incrédulo com tal fim, resolvi avançar as letrinhas em chinês, com a esperança vã de que houvesse uma “cena depois dos créditos”. E, caralho, puta que os pariu, há! Não uma que nos ofereça qualquer esmola de um “final feliz” tradicional, mas uma tão, mas tão bonita que, no que me diz respeito, a Marvel deveria ter a humildade de não mais tentar incluir algo do tipo em seus filmes. Não apenas tal cena complementa o filme (na verdade duas cenas diferentes, em seqüência… assista até o último segundo do filme!), como também se utiliza de um elemento bastante peculiar da história (sem spoilers aqui) como um gancho redondo (ainda que breguinha) pra nos dar aquele último tapa na cara com luva de pelica.”
Por Vlamir Marques em crítica publicada em 22 de junho


– O Vazio de Domingo (La Enfermedad del Domingo), dirigido por Ramón Salazar, disponibilizado pela Netflix em 14 de junho

“As transições de cena para cena são feitas por um clique de máquina antiga, que remete à lembranças sendo dedilhadas e à toda nostalgia ameaçadora entre as duas. Cronologicamente, também há uma espécie de reconstituição de momentos da criação de um filho. Uma visita ao carrossel, a preocupação de perder o filho na multidão; ressaca e a alusão à adolescência tardia; por fim, uma primordial cena de conclusão que não merece ser descrita e sim apreciada por olhos sensíveis. Tal cena desagua em recomeços e fins, laços antigos e recosturados, questionando sacrifícios maternais e, em especial, um conceito que ronda a cabeça de seres humanos atemporalmente: o que é libertação?”
Por Larissa Moreno em crítica publicada em 16 de junho


– Bojack Horseman – 5a Temporada, criado por Raphael Bob-Waksberg, disponibilizada pela Netflix em 14 de setembro

Bojack Horseman fecha um ciclo, retornando às suas origens, voltando os olhos a sua implacável dualidade composta por Diane e Bojack. Desde a primeira temporada, a névoa de angústia que prometia levar os dois à redenção não se dissolve, e o que sobra é o sentimento agridoce de que é preciso tentar novamente, não por esperança, mas por simples protesto. O cavalo falante interpretado por Will Arnet é cada vez mais o Sísifo do presente, condenado a retornar temporada atrás de temporada à base da montanha e rolar a bola de pedra, sabendo que jamais realizará sua tarefa. Bojack busca se tornar alguém melhor, mas tudo que consegue é se afogar mais em si mesmo. Nesse sentido, a série nunca foi tão pertinente ao extinguir a hiper positividade da modernidade e nos brindar com o  absurdismo da crua sentença: apesar do que dizem livros de autoajuda, propagandas de academia e campanhas de financiamento, não há esperança que o amanhã seja melhor que hoje e tudo pelo que podemos esperar é um simples e inexplicável churros grátis ou a brilhante nova temporada de Bojack Horseman.
Por Thotti Cardoso em crítica publicada em 16 de setembro


– Nasce Uma Estrela (A Star Is Born), dirigido por Bradley Cooper, lançado em 11 de outubro

“O filme se tornou um favorito dos críticos mesmo antes da estreia oficial e está entre os principais cotados para a corrida do Oscar de 2019. Independente dele sair premiado, de mãos vazias ou nem ser indicado, apesar de pouco provável, ganhou o amor de mais uma fã em sua torcida. Um dos melhores do ano sem dúvida.”
Por Valentina Schmidt em crítica publicada em 13 de outubro

– A Casa Que Jack Construiu (The House That Jack Built), dirigido por Lars von Trier, lançado em 15 de novembro

“Se o filme peca, peca por seu excesso, com seios arrancados, sadismo inabalável, mas ecoando a parábola do escorpião, é a natureza de Von Trier, a natureza de um trabalho destinado a provocar e demostrar que no fim o que nos interessa é o inferno e não o paraíso. Assim, a obra se prova um caldeirão dantesco de humanidade, encontrado na humanização do sadismo e de seu protagonista doentio a busca pela analogia da falta da insignificância cósmica. É justamente no fascínio e na dor do outro que o psicopata tenta a partir da carne alheia desvelar poder sobre a sua. E num tempo onde a sinceridade das chamas desse inferno está travestida em canções sacras, cabe a Lars Von Trier escancarar as mandíbulas da selvageria e cabe a nós assistirmos seu banho de sangue, pois no fim somos todos voyeurs de nosso próprio apocalipse.”
Por Thotti Cardoso em crítica publicada em 19 de novembro


Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman), dirigido por Spike Lee, lançado em 22 de novembro

“Artística e tecnicamente, a produção é uma coleção de acertos. A direção magnifica de Spike Lee encontra apoio em roteiro primoroso que ganha mais força através de uma edição ágil, provocativa e marcante. A fotografia de Chayse Irvin é arrojada e se amplifica nos igualmente arrojados ângulos de câmera, dialogando diretamente com a blaxploitation do cinema, contemporâneos à história narrada. A cena em que Ron e seu interesse amoroso, a ativista Patrice Dumas (Laura Harrier, inspiradíssima), avançam de arma em punho é de tirar o fôlego pelas referências ao cinema negro e a beleza dos ângulos e da fotografia. Trilha sonora, figurinos e direção de arte só colaboram para a excelência que permeia cada cena.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 24 de novembro

Lazzaro Felice, dirigido por Alice Rohrwacher, disponibilizado pela Netflix em 30 de novembro

“Falando sobre a construção da sociedade humana a partir de uma narrativa envolvente e simples, provocando o espectador com supostas indefinições temporais, mas que se revelam argumentos concretos para seu posicionamento pessoal, Alice Rohrwacher fala duramente sobre o real com elementos que flertam com o fantasioso, conseguindo maior profundidade e beleza em seu memorável conto sobre as relações de poder. Um poderoso ensaio sobre a natureza humana e seu caráter imutável, cíclico e caótico, cuja estrutura imperativa pode ser facilmente abalada por um simples gesto de bondade, como prova em cada ação sua o feliz garoto Lazzaro.”
Por Rene Michel Vettori em crítica publicada em 1º de dezembro


Tinta Bruta, dirigido por Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, lançado em 6 de dezembro

“Por fim, o fim. Não satisfeito por ter acertado em todos os quesitos, a última imagem de Tinta Bruta é poesia visual pura. Não vou dar spoiler dela, mas que coisa linda de se ver (alguém faça um gif, please). Não dou spoiler, mas deixo uns versos de Ana Cristina Cesar que evocam a força dessa última imagem: ‘Agora, imediatamente, é aqui que começa o primeiro sinal do peso do corpo que sobe. Aqui troco de mão e começo a ordenar o caos.'”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 5 de dezembro

– Roma, dirigido por Alfonso Cuarón, lançado em 14 de dezembro

https://www.youtube.com/watch?v=ICR6YvcyyJc

“Alfonso Cuáron erigiu um monumento de rara beleza e relevância com esse longa. Leitor Metafictions, abra a sua Netflix agora e se embrenhe nessa beleza. E é bom lembrar que, tanto em espanhol quanto em português, de trás pra frente, ou num espelho-tela, Roma vira amor.”
Por Marco Medeiros em crítica publicada em 16 de dezembro


– O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns), dirigido por Rob Marshall, lançado em 20 de dezembro

“No geral, considero este filme o melhor live-action do estúdio em 3 anos e sua melhor sequência fora dos universos Marvel e Star Wars. Uma tempestade de nostalgia na dose certa, homenagem sensacional ao clássico e nesse tempo em que vivemos, onde pessoas se separam por qualquer discussão, é bom termos algo que transmite uma mensagem de união e alegria: Supercalifragilisticexpialidocious!”
Por Valentina Schmidt em crítica publicada em 21 de dezembro

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