Crítica: Baki - O Campeão (Baki) - 1a Parte

Esta é a crítica da 1a parte do anime. A crítica da 2a pode ser lida aqui e da 3a aqui.


Baki, escrito por Keisuke Itagaki, chegou ao mundo em 1991 com a sua 1a publicação no Japão. De lá pra cá, ele foi adaptado algumas vezes para a mídia audiovisual, recebendo temporadas de animes e alguns OVAs de certo sucesso. Já na geladeira há alguns anos, a NETFLIX resolveu trazer a sua nova temporada ao ocidente após seu encerramento na terra do Sol nascente.

Estamos diante de um verdadeiro anime shounen, ou, como nosso editor-chefe costuma falar, “anime porradeiro”. De fato, essa expressão aqui é mais verdadeira do que nunca. Caso você, assim como muitos zé punhetas que nasceram nos anos 80, gostasse de lutas durante a infância, praticamente tinha como a única opção para saciar seu apetite de chutes e socos os filmes do Jean Claude Van Damme (que ostentava um espacate invejável e que o anime honra em uma cena memorável). Eram longas com alguma história muito bosta que servia apenas como pretexto para juntar praticantes de artes marciais do mundo todo num torneio meio sem regras num espetáculo de violência gratuita.

Baki – O Campeão pega um tanto desse gancho e descarta qualquer coisa que venha a atrapalhar a pancadaria, incluindo a história. Acompanhamos nosso protagonista Baki Hanna, estudante de 17 anos recém vencedor do torneio do submundo à lá Van Damme, em um novo desafio. Dessa vez ele terá que lutar contra adversários em um outro patamar. Em vez de praticantes de artes marciais, ele enfrentará prisioneiros condenados à morte, mas não em um ringue com hora marcada e sim em qualquer lugar e hora.

Eu curto porradaria em animação tanto quanto qualquer um que cresceu assistindo “Cavaleiros do Zodíaco”, “Dragon Ball Z” e afins. Porém, o que temos aqui é um retumbante “foda-se”. Por que esses condenados foram para Tóquio ao mesmo tempo, escapando do cárcere ou da própria execução? Porque sim. Ou, como o anime coloca, é uma conspiração universal onde a matéria física entra em sincronicidade. Tá de sacanagem, amigo? Há tempos não via uma desculpa tão chula para juntar personagens em embates.

Dessa zona surgem os 5 picas mais grossas da galáxia, com cada um dos condenados sendo representado por gigantes extremamente resistentes e com habilidades sem iguais. Para você ter uma noção, o mais franquinho escapou de uma prisão dentro de um submarino e nadou 200m até a superfície. E essa sincronicidade é tão britânica, que todos os 5 lutadores, que estão vindo de lugares distantes e diferentes, Baki e outros 4 fodões locais chegam ao local onde ocorreu o torneio prévio ao mesmo tempo, criando ali as regras das vindouras pancadarias.

O 5 criminosos formariam um time que lutaria contra Baki e os fodões locais, com as lutas podendo ocorrer em qualquer situação, não importando a trairagem que fosse. Armas, 2×1, pegar pelas costas ou limpando a bunda. Não importa. Qualquer covardia não tinha problema. E assim começaram a se desenrolar os conflitos, que momento ou outro apresentava um novo personagem com alguma habilidade específica de algum estilo de luta.

Considerando que ninguém ali tinha superpoderes, Baki – O Campeão é exagerado pra caralho. É gente lutando sem pedaços dos corpos, carbonizado, cego, crivado de bala, etc. em lutas com tantas reviravoltas em pouco tempo que ficava difícil dizer quem tava com a vantagem – o que até foi legal -, mas com MUITA explicação de tudo o que estava acontecendo. Eram detalhes demais o tempo todo. Preciso mesmo saber que quando fulano enfiou o dedo na orelha do cara e tirou sangue que o dedo entrou até a segunda falange, o que seria o mínimo necessário para atingir o cérebro, num movimento marcial que data de 4500 anos originado na China? Eles eram tão sobre-humanos que a impressão que eu tinha era de estar vendo vários Saitamas (“One Punch-Man”) digladiando-se.

Tecnicamente – tirando o inexplicável uso de um 3D escroto em algumas lutas – o anime possui uma identidade própria, com proporções, expressões e animação peculiares e de extrema violência gráfica. Esteticamente não me agradou, embora seja uma questão de gosto e reconheça que nesse quesito o anime se destaca, não podendo falar o mesmo da dublagem brasileira, que entrega um basicão sem muito diferencial.

Em suma, Baki não é uma obra para qualquer um. Curiosamente ele apresenta bastante conteúdo marcial, mas carece em substância. Não há uma força motriz instigante e nem personagens com o qual você se importe. Vale? Aí depende de quanto você curte “anime porradeiro”.

Confira a crítica da 2a parte de Baki.

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