Crítica: Bumblebee

Em 1o lugar, gostaria de mandar nosso querido Michael Bay tomar bem no centro da olhota do rabicó dele. Seu trabalho como diretor de todos os filmes dos Transformers foi tão medíocre, produziu longas tão ruins, que falar que Bumblebee é a melhor entrada na franquia significa absolutamente nada. Com a exceção, na minha humilde opinião, de “A Rocha” e “13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”, longa indicado em nosso Garimpo NETFLIX: Guerra, sua produção resulta em produtos (e é o que eles são) rasos e pouco cativantes. Considerando que seu trabalho se sustenta em 3 pilares – sexualização das mulheres, patriotismo e explosão – acho inacreditável suas películas darem tanto público, batendo com certa frequência a casa do bilhão de dólares em bilheteria pelo mundo.

E por que inicio essa crítica com tanto ódio no coração? Pois após 11 anos sofrendo nas mãos dele, bombardeado por 7 filmes, a franquia cai no colo de Travis Knight que, mesmo inexperiente em grandes produções – sendo esse seu 2o longa-metragem, com o 1o sendo uma animação indicada ao Oscar 2017 e presente em nosso Garimpo NETFLIX da semana – conseguiu entregar uma obra que todo fã de Transformers esperou. Apesar disso ser ótimo, há de se reconhecer que a imagem da franquia está desgastada e marcada por filmes gigantes, em média de 180 minutos, lutas confusas pra caralho e product placements vergonhosos (basta conferir a crítica de “Transformers: O Último Cavaleiro“), o que pode afastar muitos telespectadores dassa joia que é Bumblebee.

Mas assim que começa a 1a cena, o brioco já dá aquela contraída ao sermos brindados com a tal famosa guerra em Cybertron entre os decepticons e autobots, com cenas clássicas entregues da forma que estamos “acostumados”, dando a entender que o fantasma de Bay assombraria do início ao final. Contudo – mesmo sendo bem espetacular – a cena é de curta duração, com acontecimentos que colocam nosso pseudo-protagonista na Terra em 1987 encarregado de criar condições para iniciar uma resistência “autobotiana”. Enquanto isso, Dropkick (Justin Theroux) e Shatter (Angela Bassett) estão a caça de Optimus Prime pelo universo para encerrar de uma vez por todas a guerra, chegando ao nosso planeta para arrancar a informação de seu paradeiro de Bumblebee (Dylan O’Brien). Mesmo com essa premissa básica e manjada, a grande jogada de Travis Knight (diretor) foi a construção meticulosa e com muito tato de um vínculo entre nosso autobot e Charlie Watson (Hailee Steinfeld), essa sim nossa protagonista e que descobre a carcaça de Bumblebee num ferro-velho, colocando-o de volta à ativa.

Mesmo com características semelhantes às dos filmes prévios, há aqui uma forma diferente no trato. Como por exemplo o passado de Charlie que, mesmo calcado na perda, advém de um acontecimento corriqueiro e que marca sua personalidade profundamente, transformando-a em uma personagem complexa e que foge do estereótipo da franquia. Basta ver o esforço de Travis em não sexualizar Charlie, mesmo a história iniciando no seu aniversário de 18 anos, diferente de Bay que se esforça ao máximo para sexualizar até menores de idade.

Pegando essa vibe nostálgica dos anos 80, com uma trilha sonora de igual para igual com os “Guardiões da Galáxia”, vemos nossos heróis com um visual muito similar aos primeiros desenhos de Transformers e uma jogada com o roteiro com invenções da época que moldaram nosso presente, além, claro, dos soviéticos serem fator importante na história. Fora o agente Burns (John Cena), que lembrava mais nosso saudoso T-800 na pele de Arnold Schwarzenegger do que parecia um representante do governo americano. Essa atmosfera familiar, acolhedora, e o tom cômico da obra, com um tempo de comédia bem executado, proporcionou momentos que me fizeram rir para, logo em seguida, arrancar lágrimas. Apesar de não ter um termômetro quanto a receptividade do público em geral, visto que assisti numa cabine de imprensa, dada a reação dos demais abeiros no recinto, posso afirmar que Bumblebee vai te jogar para cima e para baixo emocionalmente.

Mas e as cenas de ação? Elas são escassas, espaçadas e lembram um tanto as dos outros longas, com um diferencial ou outro de enquadramento e nos planos-sequência. Para um filme com a classificação etária baixa (PG-13), ele é violento demais. Pessoas se liquefazendo e robôs sendo destroçados com brutalidade não faltaram.

Contudo, não passamos sem alguns percalços. Os vilões são esquecíveis, mesmo cumprindo bem a sua função, Optimus Prime aparece pouquíssimo e quando dá as caras continua falando como se estivesse palestrando para crianças de 5 anos de idade, Megatron nem cheiro, alguns diálogos são toscos e largados, os donos do poder nos EUA tomam decisões questionáveis e com uma certa autonomia que não pareceu seguir uma linha de comando e, o pior de tudo, temos um romance que tentaram empurrar goela abaixo entre Charlie e seu vizinho Memo (Jorge Lendeborg Jr.).

Na soma de tudo, fico muito feliz em dizer que esse prequel/soft reboot/spin-off da franquia Transformers é de fato tudo aquilo pelo qual esperamos. Agora é ver para onde seguiremos e, o mais importante, com quem.

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