Crítica: Especial de Natal Porta dos Fundos Netflix - Se Beber Não Ceie
Já está virando tradição. Todo final de ano tem tia chata, peru seco (sem trocadilho), amigo oculto constrangedor e o especial de natal do Porta dos Fundos. Contudo, o que antes aparecia no YouTube com uma espécie de episódio maior do Porta dos Fundos com várias esquetes, agora tornou-se praticamente um média-metragem aqui no primeiro especial da trupe carioca de humor para a Netflix, que começara essa parceria disponibilizando há alguns meses a série “Borges” também idealizada e estrelada pelo mesmo pessoal.
Antes de mais nada, é bom aqui que todo mundo sossegue a bacurinha e entenda que este não é um longa metragem ou uma obra a ser levada a ferro e fogo. Apesar de haver sempre alguma coisa de comentário social e crítica nos vídeos do Porta dos Fundos que todo mundo já conhece, os dois só se justifica porque e quando são usados para o objetivo derradeiro de todos os seus vídeos: fazer rir. Assim é que este vídeo será provavelmente execrado pelo cristão que seja um tiquinho mais fervoroso, mas isso não quer dizer que o especial deixe de cumprir seu propósito de fazer rir, tendo inclusive momentos de brilhantismo bem típicos do humor do Porta.
Temos aqui uma premissa que vai eriçar os cabelos do cu de muita gente e a analogia está explícita logo no título: Se Beber Não Ceie. Usando a última ceia de Jesus Cristo e seus apóstolos como ponto de partida – o que a priori não tem absolutamente porra nenhuma a ver com o natal -, o texto de Fábio Porchat basicamente transpõe a estrutura do já quase clássico da comédia merda “Se Beber Não Case”, com Porchat, que interpreta Jesus Cristo, e seus apóstolos enchendo a cara na última ceia. Eles então acordam no dia seguinte sem lembrar o que aconteceu e descobrem que Jesus sumiu, o que os leva a relembrar a noite anterior, revelando as personalidades “reais” de cada um dos apóstolos e reescrevendo a história tradicional da traição de Jesus por Judas. Aqui cabe dizer que é absolutamente inacreditável que um cara como o Fábio Porchat, que seguidamente apresenta roteiros que dão uma bela duma zuada nas religiões, em especial a cristã, seja (ou tenha sido) empregado da Record por tanto tempo.
O essencial, que é fazer rir, o especial cumpre bem, principalmente porque ele não se leva a sério em momento algum e sabe, na maior parte do tempo, se fiar no bom timing cômico daquelas caras que já conhecemos há muito tempo. Repito, trata-se somente de um episódio 10 vezes maior do Porta dos Fundos e, tal qual os episódios semanais, ele tem seus altos e baixos, mas, felizmente, com mais altos do que baixos.
Então caso o seu nível de louvação a Jesus Cristo esteja sob controle, Se Beber Não Ceie cumprirá seu papel e vai te fazer rir. Em não sendo esse o caso, melhor assistir já com o twitter aberto para xingar muito.
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