Crítica: Last Hope - Parte 2 (Juushinki Pandora)
Supondo que, se você chegou até aqui, caro leitor MetaFictions, é porque já assistiu aos 13 episódios da Parte 1 de Last Hope (e leu a crítica). Portanto, o texto a seguir estará repleto de spoiler desse início, o que permitirá que discutamos melhor como se deu o desfecho da saga.
Logo de cara, gostaria de perguntar se vocês, assim como eu, tiveram a impressão que os 3 primeiros episódios pareceram encerrar o que foi apresentado na Parte 1? Por mais que ali tenham sido introduzidos alguns elementos que transformariam o anime até o seu final, só com o assalto final ao Neo Xianglong pelo grupo liderado por Gold – que chega se fundir com um BRAI – que tivemos um encerramento definitivo para o conflito. Senti que essa decisão prejudicou o ritmo da Parte 1, que careceu de desfecho e deixou muitos mistérios abertos, assim como prejudicou a Parte 2, tornando-a um um pouco apressado do meio para o final. Aliás, esses 26 episódios poderiam ter sido condensados em uma temporada apenas de 15 episódios tranquilamente, cortando sua enorme barriga e subplots que arrastaram o anime.
Fazendo uma jogada ousada e arriscada, reconhecendo o potencial da obra dentro do universo de ficção científica, a adição de elementos místicos e clãs prejudicou a narrativa. Era como tentar misturar água e óleo. Nitidamente a parte dos BRAIs e dos mechas era muito mais interessante de acompanhar do que as explicações dos crânios da galera do clã, do Caos – parte inerente da física quântica – ser abordada como uma entidade e do drive obscuro (caos obscuro) e hiperdrive (caos branco) serem como Yin Yang. O esforço foi válido, mas era algo muito difícil de conciliar e que não foi bem sucedido.
Aliás, dois dos maiores problemas da Parte 1 continuam aqui. O anime continua formulaico, com cada episódio tendo algum BRAI a ser combatido e algum problema em Neo Xianglong a ser arrumado, seja de ordem política ou estrutural, e tudo de científico que possuía um conceito mais elaborado era definido só como física quântica, com alusões até o gato de Schrödinger. A impressão que dava era que o anime nos acha burros demais para entender alguns de seus conceitos mais interessantes, deixando um pouco rasa e muitas vezes sem sentido partes da história.
O espaço multidimensional volta com força na Parte 2, tendo profundo impacto na revelação da identidade de Zeek (aquele cara de cabelo prata que vivia em torno do grupo de Gold). Sem querer dar spoilers, mas a sua presença e história com Leon é o que vai salvar a temporada e aprofundar no lore dos BRAI, inclusive explicando a questão mais importante até aqui: por que os seres humanos não se tornaram BRAIs? Vale mencionar a escolha de um personagem secundário para conduzir o terço final em um dos melhores momentos de todo o anime, que me pegou de surpresa e levantou algumas questões morais e éticas bem pertinentes.
E foi ao ver o desfecho desses ótimos 3 últimos episódios que eu lamentei os outros 23. O que poderia ser Last Hope se tivesse a intensidade, profundidade e temáticas apresentadas em seus derradeiros últimos momentos desde o início? Certamente estaria sentado entre os grandes do gênero, mas, infelizmente, aqui não é o caso.
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