Crítica: Sirius the Jaeger - 1a Temporada
A NETFLIX, achando que só quem assiste animação é aluno de férias com menos de 15 anos, resolveu soltar todos os seus animes do 2o semestre de 2018 em dezembro. Nos últimos 20 dias tivemos “Hero Mask“, “Neo Yokio“, “Aggretsuko“, “Back Street Girls: Gokudolls“, “Last Hope” e “Baki – O Campeão” – além de “High Score Girl“, que será liberado amanhã -, numa avalanche de produções medianas, salvo “Back Street”. Contudo, Sirius the Jaeger chegou para elevar esse patamar.
Estamos ambientados no Japão Imperial da Era Meiji, quando a indústria e o exército exercem uma função importante num país saído do Xogunato Tokugawa, unificado, experimentando mudanças radicais na estrutura sócio-econômica e se encaminhando para a guerra no seu expansionismo pela Ásia. No meio a essas transformações somos apresentados a uma trama muito sedutora envolvendo um grupo de estrangeiros caçadores de vampiros, os Jaegers, outro grupo conhecido como Partido Hyakko, formado por samurais descontentes com o novo Japão, pessoas de alta patente do exército e, claro, os próprios vampiros. Em um jogo de gato e rato, cheio de reviravoltas e rompimentos de alianças, vemos os nossos protagonistas tentando exterminar os vampiros mais influentes do mundo, que por sua vez tentam moldar a realidade a sua volta usando a ganância humana.
Em um ano com o suprassumo da animação vampiresca, “Castlevania“, com uma crítica cujos pontos elencados pelo nosso querido editor-chefe eu compartilho, um anime conseguir se destacar, tanto na escrita quanto na qualidade da animação, foi um feito e tanto. As comparações aqui, mesmo com um enfoque diferente, são inevitáveis. Além dos monstros vampíricos bestiais, conhecidos como escravos, a sociedade vampiresca do anime possui a sua realeza também, com personagens que muito lembram os generais de “Castlevania”, com autoridade e habilidades especiais, como conseguir resistir a luz do sol e transformar partes do seu corpo.
Tecnicamente, Sirius the Jaeger é muito acima da média. Há um esmero nas cenas de ação, com uma fluidez e intensidade nos combates que raramente vemos em animes sem ser os consagrados. Isso sem contar a violência e a criatividade das coreografias durante os embates, que essencialmente se dão com armas brancas. A fotografia colabora bastante com a ambientação de terror, trazendo para os períodos noturnos uma sensação de insegurança com seus becos mal iluminados e penumbras dançando nos limites da tela.
Mas talvez, o que mais tenha contribuído para a obra funcionar seja a relação entre os personagens. Os Jaegers, com cada um com uma história um tanto trágica, especialmente Yuliy (Uemura, Yuuto), foram me cativando ao ponto que no 3o episódio já estava apegado aos 5 e qualquer eventual baixa seria sentida profundamente. A dinâmica vampiresca da realeza e o contraste entre os vampiros mais antigos e os “novos”, mais ambiciosos, carregados com aquele ar de superioridade e desprezo em relação aos humanos, tratados como gado essencialmente, deixou todas as cenas que envolvesse um chupassangue instigantes. Eu ficava esperando sempre aquela lacrada burguesa seguida de violência brutal.
Em suma, com uma trama de 12 episódios e 1 arco dividido em 2 partes – já que até a metade temos a introdução de todos os personagens para aí sim iniciar uma dinâmica nova e derradeira até o seu fim -, a NETFLIX disponibilizou uma ótima animação, que se apoia em obras consagradas e usa o contexto histórico local a favor da narrativa. Ouso dizer que é do mesmo nível, ou até melhor em alguns aspectos, que o clássico “Hellsing”. Aguardo ansiosamente por uma 2a temporada.
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