Crítica: Tidelands - 1a Temporada

Cal McTeer (Charlotte Best) é uma ex-detenta recém-liberta após cumprir uma pena de 10 anos que retorna para sua cidade natal em busca do seu irmão, Augie (Aaron Jakubenko). Chegando lá, naquelas paradisíacas cidades costeiras australianas, ela se depara com um irmão traficante trabalhando como atravessador para um grupo muito escuso de pessoas chamado tidelanders. Quando um dos funcionários de Augie é assassinado, começa uma espiral de destruição envolta em mistérios que suga todos os grupos envolvidos em atividades ilícitas.

Embora esse enredo acima, mesmo batido, possa render algo interessante até certo ponto, estamos diante de uma série australiana com muitos problemas pequenos, que, somados, transformam Tidelands em uma obra cansativa de se acompanhar.

Boa parte desses pequenos percalços estão associados à mitologia escolhida para reger a série, a das sereias. Mesmo tendo uma grande suspensão da realidade e história da arqueologia, temos uma mitologia um tanto mal vendida aqui. Qual é o poder que você lembra assim que pensa nas sereias? O poder de seduzir de forma hipnótica com seu canto, correto? Pegando carona nessa premissa e considerando que um oba-oba com uma mulher metade peixe possa gerar descendentes, a prole híbrida era descartada nas costas australianas, dando origem a seres que não pertencem a nenhum dos dois mundos, os tidelanders.

E talvez por envolver um poder que toda cam girl gostaria de ter, abriu-se uma brecha para ter fudelância em todo episódio com híbridos lindos, representados por homens musculosos e mulheres siliconadas. Arrisco até a dizer que você verá mais peitinhos aqui do que em “Game of Thrones“, mas de forma muito gratuita e sem adicionar muito ao enredo. Além disso, os seus poderes eram tão vastos que excediam até os dos jedis, com habilidades físicas e psíquicas que tornariam a Austrália no berço dos maiores atletas da história. 

Também jogando contra a narrativa temos uma questão de ritmo, com 10 episódios que poderiam ser facilmente 6. Muito tempo é gasto dando voltas entre uma relação conflituosa entre os tidelanders, conduzidas por uma líder que quer dinheiro e que está obcecada com um artefato místico e os traficantes locais, que se sentem desprezados e diminuídos nesse embate. A chegada de Cal se descobrindo como híbrida (tudo o que falei aqui está no 1o episódio), explorando a rica história de seu povo e poderes genéticos até que tenta jogar uma boia salva-vidas, mas, em função de uma produção aparentemente modesta, acaba por entregar efeitos especiais e optar por escolhas simplistas demais, que tiram o pouco da imersão que a obra quase não consegue ter.

Contudo, mesmo apresentado esse misto de problemas, Tidelands é dirigido com consistência, arrancando dos atores performances que vendem o peixe e conseguem te levar até o final, inclusive cotando com o ator brasileiro Marco Pigossi.

Mas a pergunta que te faço e que determinará seu interesse pela série é: você curte sereias a esse ponto?

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.